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17 Fevereiro 2024
Na dança do Carisma

 

Alegria Profética neste Tempo de Travessia...

Neste mundo tão entristecido por depressões, carências, conflitos, desigualdades, desencantos, euforias, egoísmos... a Alegria, além de ser um elemento por si mesmo importante do carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas, se torna profética, uma vez que denuncia a frieza desumana das relações e anuncia a Esperança de que podemos cantar sem medo: 

“a vida poderia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita” (Gonzaguinha).

Um carisma é fruto de um novo que brota de um clamor da realidade e que vai, a partir dos novos contextos, começando sempre de novo. E assim vai fazendo históriaSim, a história é feita e refeita de novos começos. Porém, começos e recomeços exigem sempre um alegre sim enraizado na certeza da presença fortalecedora da Trindade Santa. Como Maria que aceita, consciente (“como se fará isso?”) e confiante (“Faça-se em mim segundo a Tua Palavra!”), a proposta do anjo. Quando Deus vem ao encontro da humanidade com proposta de salvação, sua primeira palavra é Alegria: Alegra-te Maria, o Senhor é Contigo”. Ela brota do amor de quem sai de si e vai ao encontro do outro/a. Francisco de Assis, ao conviver com os leprosos e servi-los, sente o que antes era amargo se transformar em doçura e, sai feliz, cantando pelas ruas e praças (cf. 2Cel 127).Clara, sempre dedicada às suas Irmãs, mesmo entre os sofrimentos e a doença que a afligiam, “estava sempre alegre no Senhor” (cf. PC III,6).

Nossas primeiras irmãs e tantas outras, no decorrer da história, fizeram da alegria o suporte e amparo, quando a realidade exigia firmeza, decisão e enfrentamento. Os exemplos são abundantes. Destacamos aqui o depoimento presencial de Irmã Terezinha Boni: “Eu sempre fui aluna das Irmãs Catequistas. Eram pessoas alegres, de bem consigo mesmas e com todo mundo”. E, perguntada como ela vivencia a alegria, sem hesitar responde: “Alegria é a gente aceitar as pessoas como são e não querer que sejam iguais a nós. Assim, podemos viver transmitindo paz, amor, sendo solidárias com quem necessita da nossa presença e apoio. Uma pessoa alegre vence as dificuldades com serenidade, tem a certeza de que nunca estamos sozinhos. A alegria não nos deixa fazer as coisas sozinhas”.

A alegria é profética pois ela nos dá suporte, não para relativizar as situações dramáticas do nosso tempo e nem sermos indiferentes a elas mas, para enfrentá-las na certeza pascal de que a vida prevalece sobre a morte. “... Sabiam que a missão exigia doação total e desprendimento de tudo...” (Neotti, A., Liduína: Um Sorriso evangelizador, pg. 27).

Percebemos que a vivencia da alegria nas primeiras irmãs perpassou a vida toda. Não foi apenas um entusiasmo juvenil. Bem atestam isto, os depoimentos sobre Irmã Liduína: “... Irmã Liduína sentiu até os últimos momentos de sua vida a alegria da fidelidade à sua vocação...” (cf. idem pg. 43) “No final de sua vida proporcionava horas alegres e ao mesmo tempo emocionantes relatando fatos acontecidos no início da congregação” (cf. ibidem pg. 35).

Independente de idade e condições, a alegria sempre será um convite à superação, à empatia, à descentralização de si mesmo/a. Confirma isto a paradigmática perfeita alegria descrita por Francisco de Assis. Uma alegria que vem de dentro, do transcendente; por isso mesmo ela não se abala e nada teme, podendo dizer “... o meu coração se alegra e no íntimo exulto, mesmo o meu corpo repousará tranquilo (cf. Sl16,9).

Hoje nós irmãs, simpatizantes, formandas e todos/as que procuramos viver o carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas podemos, através da alegria, reacender a chama das possibilidades, até mesmo lá onde tudo parece estar perdido. E é bom lembrar que é lá, no mundo dos pobres, dos fracos e indefesos, dos “invisibilizados” sociais que a alegria rompe as fronteiras dos preconceitos e exclusões e recupera a dignidade roubada. “Meu espírito exulta de Alegria em Deus meu Salvador ...porque olhou para a humildade de sua serva...” (Lc 1,47-48).

A Amizade Social, proposta pelo papa Francisco e retomada pela Campanha da Fraternidade deste ano, é uma forte interpelação para o reavivamento do nosso carisma na sua dimensão da alegria. Ela é capaz de romper isolamentos e fortalecer o “ser irmão e irmã” (Mt 23,8).Como disse irmã Teresinha, a alegria não nos deixa sozinhas/os. Assim, em comunhão com toda a Vida Consagrada da América Latina, como Peregrina/os da Esperança, vamos pela nossa vivencia anunciar: “...Não se entristeçam porque a alegria do Senhor os fortalecerá” (cf. Neemias 8,10b).

¹ - Irmã Teresinha Boni, tem 85 anos e há 12 anos (além de outras vezes que já morou lá anteriormente) vive em Imbariê, Baixada Fluminense – RJ marcando presença significativa na sua irmandade e nas comunidades.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs:Eunice Berri e Carmelita Zanella