“Como mulheres da aurora, fiéis aos Deus da aliança, caminhamos juntas na mesma direção.”
Nós, Alice Antunes dos Santos, Juciele Aguiar Moura, Luana Oliveira de Souza, Puri Mafikene Marlene e Dwatime Lukini Veronique, após alguns anos de vivência como irmãs catequistas franciscanas, no tempo do juniorato, sentimo-nos chamadas e conduzidas pela Divina Ruah à Casa Mãe, em Rodeio/SC, fonte inspiradora da origem do nosso carisma, para dar continuidade ao itinerário de preparação à consagração definitiva. Chegamos de vários lugares de missão: Santa Catarina, Angola, Mato Grosso, Guatemala e fomos acolhidas com muito carinho pelas irmãs.
No primeiro dia, antes do raiar do sol, inspiradas em Maria Madalena e nas mulheres da aurora, que mesmo com medos e inseguranças, mas com confiança, foram ao túmulo, contemplamos o alvorecer! Neste movimento, fomos contemplando a vivência no cotidiano de nossas vidas nesse tempo do juniorato. Sim, vivemos noites escuras, de travessia, de perdas, de dores, de vazios... mas, percebemos também que, assim como as mulheres da aurora, encontramos anjos que foram acendendo luzes, anunciando a vida, fazendo reacender a esperança de que o Senhor está vivo! Vivenciamos muitos amanheceres em nossas irmandades, na missão, no processo formativo, no caminho da oração, que nos proporcionaram encontros significativos com o Senhor!
No caminho percorrido nesses 20 dias, com uma memória agradecida, recordamos a vivência profunda do encontro conosco mesmas. Com a ajuda de irmã Catarina De Faveri, fizemos esse movimento de descida, a partir da realidade pessoal, fomos acolhendo a nossa história e, como consagradas, integrando nosso ser feminino, sendo mulheres geradoras de vida na missão.
Neste mesmo espírito de aprofundar o encontro com nossa realidade pessoal, a irmã Eurides Alves de Oliveira, da congregação do Imaculado Coração de Maria, nos convidou a contemplar a vivência da radicalidade do nosso batismo por meio da consagração e dos votos hoje. Revisitamos nossa experiência como consagradas no cotidiano do chão da irmandade, na missão junto ao povo pobre e na intimidade com o Mestre. Como mulheres consagradas, na mística da profecia, fomos interpeladas a sermos sinais de esperança e anunciadoras da Boa Nova do Reino de Deus, na opção preferencial pelos pobres.
Na alegria de trilhar o caminho que nossas três primeiras irmãs, Amábile, Lídiuina e Maria, primeirearam na história, com irmã Tereza Valler, fomos motivadas a ouvir a voz da história congregacional presente nesse chão sagrado. Inspiradas em Francisco e Clara de Assis, no tocar as fragilidades e feridas dos pobres que continuam a pedir pão, sentimo-nos sensibilizadas a sair de nós mesmas e ir ao encontro da vida que clama por dignidade.
Segundo irmã Tereza Valler, o carisma surge do encontro fecundo entre a experiência de Deus e da realidade dos pobres, para responder aos desafios do tempo atual. Atentas aos apelos da missão, fomos convidadas a ouvir outros clamores e ir ao encontro de um grupo de haitianos que vive na região. Com eles, sentimos a noite escura que atravessam em meio aos deslocamentos do movimento migratório, das violências, do desrespeito... e nos sentimos interpeladas e chamadas a caminhar com eles na esperança madalena.
Após essa vivência profunda, ressignificando nossa consagração e alimentando a chama ardente do carisma, finalizamos esse tempo com a profunda contribuição da irmã Ana Pereira de Macedo, que conduziu um tempo de retiro na Casa do Sim, em Rodeio 50. Fomos acompanhadas pelas mulheres da aurora: Madalena, Amábile, Liduína, Maria, Clara de Assis e alguns testemunhos de mulheres consagradas que inspiram através de sua coragem, ousadia e profecia e nos motivam a viver a radicalidade de nossa vocação.
Nesses dias, nós subimos a montanha, encorajadas a tocar o chão sagrado, sentir o sopro do carisma fundante e, com esperança madalena, alargar a nossa tenda à novidade de Deus que se manifesta no cotidiano de nossas vidas. Sentimo-nos provocadas a romper fronteiras que nos impendem de doar a nossa vida pela causa do Reino. Nós assumimos, como compromisso, testemunhar com alegria a vocação e sermos fiéis na aliança com Deus, sendo irmãs do povo pobre.
Ao finalizar esse tempo de preparação para a consagração definitiva, como as virgens prudentes, preparamos o nosso azeite com aromas e, com alegria, fomos envidadas para nossas Galileias. Nesta dinâmica, somos chamadas a espalhar a fragrância, “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo” (2 Cor 2,15) e a anunciar com entusiasmo o nosso Sim para sempre sendo Irmãs Catequistas Franciscanas!
Gratidão às irmãs e às nossas irmandades, que nos acompanharam de perto e de longe por meio das orações, comunicações, carinho e afeto, especialmente às irmãs Marlene Chiudini e Marlene dos Santos, que trilharam conosco esse caminho, sendo presença amiga, fraterna e alegre. Na esperança madalena, ousamos, como mulheres da aurora, fiéis aos Deus da aliança, caminharmos juntas na mesma direção.