Coração ardente, pés descalços vão pelo caminho, enfrentando ora o pó das estradas, ora as lamas que afundam os pés, entre os charcos de águas paradas, formadas ao longo da estrada. A missão coloca sempre a missionária e o missionário a caminho. Nas encruzilhadas do caminho, encontramos o Mestre, que nos chama ‘vem e segue-me’, ‘vem e veja’ Este imperativo nos interpela a ir as Galileias, onde o Senhor se manifesta no rosto de mulheres, homens, crianças, jovens e idosos, no poliedro de culturas, cores, sabores e saberes.

Vem minha irmã, o caminho é longo. Adestra teus pés e acalenta teu coração, para ser anunciadora da boa notícia do Reino e seja forte, para que diante das situações de morte, possas ser voz profética de denúncia, que nos impedem de viver plenamente.

Vai minha irmã, muitos te esperam nas múltiplas periferias do mundo: sociais, culturais, existenciais, geográficas e poderia ser nomeadas muitas mais, considerando que muitos são excluídos do banquete da vida.

Vem minha irmã, o caminho é longo. Alimenta teu corpo, prepara as tuas palavras e o teu coração, para levar a esperança, para muitos que já perderam o sentido da vida; espalha a alegria, para tantos que já não conseguem sorrir e cantar, onde existem apenas o lamento da dor e da morte; estende a tua mão, para consolar a muitos que choram aflitos a perda da dignidade humana; abre teu ouvido, para que a cada manhã, possas escutar o Mestre, como discípula.

Vai minha irmã, o Mestre te chama e envia. ‘Não tenhas medo, eu estarei contigo’! Tempos de encruzilhadas, nos interpelam discernimentos precisos, ‘escutar a Deus, até respirar no povo, a vontade ao qual nos chama’.

Irmã Cléglia Ânesi, foi uma missionária, que não teve medo de colocar os pés a caminho e doou-se inteiramente à beira da estrada, como pão partido e doado, para a terra mãe, que a acolheu para que fosse testemunha do Reino de Deus, que se apresenta como consolo para os aflitos, fé para os desesperados, luz para os que habitam a treva...

Tempos de travessias, são tempos de incertezas, do já ainda não. Tempo de acreditar que o Mestre caminha conosco... Tempos de travessias, são tempos de ter a capacidade de saltos de fé, mesmo que não tenhamos todas as respostas.

Que Irmã Cléglia  Ânesi, neste tempo de proximidade da Assembleia Capitular, nos ajude a caminhar, caminhar... Acreditar e a ter confiança, de que o Mestre chama, envia e consagra a todas e todos para a Missão.

A todas as irmãs, formandas, simpatizantes que viveram, vivem e viverão na região nordeste do Brasil, que nenhuma dificuldade as atemorize e a todas as irmãs, ‘não percam de vista o ponto de partida’.