Ressonâncias 

A leitura do texto “Inseridas no Meio dos Pobres” de irmãs Carmelita Zanella e Eunice Berri, nos fez perceber o quanto estamos de fato em sintonia com o Carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas, pois é isso que temos buscado de todo coração.

Diante da realidade de pobreza de Baixada Fluminense, eu, Maria da Conceição, moradora de Imbariê, Simpatizante do Carisma, quero aqui trazer minha experiência de sentir-me inserida no meio dos pobres.

Vivi uma experiência de morar em outro Estado, durante dois anos. Lá, mesmo morando em um local pobre, não encontrei a   realidade de pobreza extrema, que eu já conhecia.

Voltando para minha cidade tive certeza de que a realidade de pobreza que conheci nesse estado da região sul, era muito diferente da realidade de Baixada Fluminense no Rio de Janeiro.

Retornei à Imbariê no período da pandemia, e comecei a participar do grupo de ação social da minha Paróquia. Senti o chamado para estar próxima daqueles irmãos e irmãs mais necessitados. Foi um período de intenso trabalho para atender as necessidades daquelas pessoas que foram mais afetadas pela pandemia, porque já não podiam trabalhar para ganhar seu sustento. Foi um período que percebi a minha missão junto aos menos favorecidos. Hoje continuo atuando no acompanhamento de famílias em situação de vulnerabilidade, que tem menos oportunidades do que eu tive.

A caminhada junto com as Irmãs Catequistas Franciscanas, cada dia mais serve como exemplo para perceber a importância de estar junto desses irmãos e irmãs. Conforme o relato acima de Conceição, eu, Siomara, moradora também dessa região e membro da comunidade de fé, Jesus Crucificado, venho relatar minha experiência junto aos irmãos que mais necessitam de ajuda.

Por morar na periferia, onde as mazelas são gritantes, bem cedo me senti sensibilizada pela realidade que estava a minha volta. Por muito tempo ajudei nos serviços da Igreja como catequista, membro da equipe de liturgia e especialmente a pastoral do batismo que me colocava em contato com muitas famílias. Com a chegada das Irmãs Catequistas Franciscanas, o chamado se fez caminho. Suas experiências foram ajudando na minha formação para além do serviço na comunidade eclesial. Começamos a participar da Associação de Moradores. Naquele tempo havia a distribuição do ticket do leite. Foi uma experiência que me abriu os olhos para o lado menos romântico dos pobres. Eles não são santos, também podem enganar e mentir, na luta pela sobrevivência. Fui aprendendo que estar com os pobres é lutar junto com eles por direitos.

A participação na COPAS (Comissão Paroquial de Ação Social) tem contribuído muito para uma aproximação com os mais pobres. Chegamos a nos cotizar no grupo para o pagamento do aluguel social de uma família durante um ano.  O sonho de morar em uma casa com banheiro foi realizado. Parece algo tão banal mas encontramos ainda nos dias de hoje, pessoas em moradias tão precárias, que sequer tem um banheiro. Durante pandemia conforme relato acima, foram feitas doações de cestas básicas, pães, roupas e utensílios doméstico. Continuamos com a missão de estar juntos dos que menos tem. Acompanhamos a família de dona Alda, mulher marcada pelo sofrimento mas que não desiste de lutar para cuidar dos filhos e netos. Minha participação no Fórum de Assistência Social, contribui para o acesso as informações necessárias para que essas famílias tenham acesso aos seus direitos. Como Simpatizante do Carisma estamos inseridas na vida social e eclesial, testemunhando a fé em Deus que vê o sofrimento do seu povo e desce para libertá-lo.

Junto com as Irmãs Catequistas Franciscanas, que há 52 anos, semeiam o evangelho em nossa Baixada Fluminense, vamos aprendendo, sonhando e trabalhando por justiça e equidade, no seguimento ao Cristo Crucificado e Ressuscitado, como Francisco e Clara de Assis.