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27 Outubro 2024
Na Dança do Carisma

 

Educação: um caminho para a Paz!

 

“É bonita demais, é bonita demais

a mão de quem conduz

a bandeira da Paz” 

Mês de Outubro, mês missionário, mês de eleições no Brasil, mês de oração e outras ações pela paz! Outubro de 2024 – em pleno XXV Capítulo Geral da Congregação das irmãs Catequistas Franciscanas! Não faltam motivos para uma reflexão sobre a Educação para a paz presente em nosso carisma. Nossa conversa hoje está focada na Educação como meio de construção da paz em todos os níveis e dimensões da vida humana e do planeta.

Na verdade, parece desanimador o cenário mundial em relação a Paz. As guerras avançando com atrocidades incalculáveis e pior que isso, o prolongamento desta situação está trazendo uma sensação à opinião pública, de que elas fazem parte da ‘normalidade cotidiana’. Por outro lado, multiplicam-se no mundo gestos pessoais e coletivos, individuais e em redes geradoras de paz, que ao mesmo tempo que vivenciam e promovem relações pacíficas, fortalecem a convicção de que fomos criados para a convivência e irmandade universal. É a partir desta realidade mesclada de perplexidade, desencanto e possibilidades que vamos entrar nesta roda.

Ligada ao carisma, a Educação deve ser abordada, ao nosso ver, como um grito vindo do povo pobre, grito de ontem e de hoje, e ao mesmo tempo como um meio de responder a estes e tantos outros clamores que nos vem da realidade. Por um lado, se a congregação surgiu, como bem disse irmã Ede Maria Valandro Em Resposta ao Clamor do povo, a educação foi o clamor: as crianças estavam sem quem lhes ensinasse. Por outro, é também um jeito de viver nosso carisma pois foi, e é em grande medida através de nosso ser educadora que fomos e vamos construindo saberes, testemunhando valores humanos, cristãos e desconstruindo maneiras de pensar, preconceitos e atitudes anti-evangélicas.

Pode parecer forçada a relação da educação concebida na origem da congregação como uma educação também para a paz. No entanto, as releituras da história nos ajudam a perceber aspectos que podem iluminar o presente. Quem clama, grita é porque algo está lhe tirando a paz, o sossego, a tranquilidade. Para os agricultores, os filhos sem escola não deixava de ser uma falta de paz. Mas a educação presente nas origens, além do conhecimento, passava valores inerentes à paz, como a bondade, a simplicidade, a alegria, presença solidária e compreensiva no cotidiano da vida das crianças e das famílias, são ressaltados em muitas falas e registros. As escolas eram apenas uma das vias onde passava a educação. O estar no meio dos que sofrem as discriminação, injustiças e necessidades, por si só é um ato educativo.

As Irmãs eram chamadas de “maestras” não somente porque trabalhavam nas escolas, mas também porque eram testemunho de vida no meio das comunidades. O livro sobre Liduína[1] destaca a sua dedicação amorosa às famílias que precisavam orientação quando ocorriam dificuldades e problemas nas relações familiares. Outra citação da obra refere-se ao carinho e cuidado com as plantas, as flores, a terra que é outro aspecto a ser recuperado nos processos educativos para a paz.

Se isso não bastasse, a espiritualidade francisclariana da qual bebemos desde o início, está intrinsicamente ligada à paz e é uma interpelação constante a sua vivência e promoção.

E se percorrêssemos a história teríamos muitos testemunhos a respeito. Um depoimento recente de Irmã Maria de Jesus Moraes[2] afirma isso: “ As diversas formas de educar das irmãs catequistas franciscanas são um exemplo que se alastra por vias diferentes não apenas sala de aula, pois as primeiras irmãs catequistas que conheci, eu as conheci no trabalho de educação das comunidades através dos cursos de formação para lideranças. Nada mais transcendente de Paz. O seu jeito de lidar com as pessoas me encantou tanto que reascendeu um sonho que por falta de oportunidade eu havia sepultado: O sonho de ser uma irmã.” Sobre sua atuação como Irmã Catequista Franciscana educadora da paz ela conta: “(...) dali fui para Araguaina – TO onde anos a fio cuidamos da educação da fé e da educação escolar. (...) Alçando vôo, cheguei no continente africano, terra de meus ancestrais. Lá em Angola trabalhávamos com educação no projeto 4MS. Uma das coisas boas e bonita que se fazia era a semana da Paz com todas as escolas na qual trabalhava-se sempre um tema sobre o que o mundo mais precisa: a paz.” É luminosa a sua expressão: Cuidamos da educação.

Em primeira instancia, a educação para a paz passa pelo nosso viver, nosso modo de nos relacionar. No entanto, isto não basta. É preciso colocar nossas vidas, nosso ensino nossas estruturas, nossos bens, nossas organizações, nossos movimentos em favor da construção e vivência da paz no mundo. E aqui nos vem um questionamento: O que nós, franciscanos e franciscanas que somos milhares no mundo estamos fazendo para dar visibilidade à indignação frente a este cenário de guerras e opções políticas catastróficas para a humanidade e o planeta? As vivencias pessoais e cotidianas, as orações são indispensáveis mas da mesma forma, indispensável é nossa posição, nossa postura frente à absurda propagação das armas, violências e genocídios. Perguntamo-nos em tom penitencial, o que representou para nós, neste sentido celebrar os 800 anos dos estigmas daquele que é considerado ícone da paz? Alguém já dizia: “Contra a loucura cruel dos homens de guerra, só resta a loucura mansa das pessoas de Paz. Por que não, dar maior empenho pessoal e coletivo à esta loucura mansa?

O pacto educativo, proposto pelo papa Francisco tem respostas claras, concretas e abrangentes sobre o papel da educação na construção de um mundo mais irmanado e de paz. A congregação retomou e aprofundou o documento com a live congregacional: “Irmãs Catequistas Franciscanas com o Pacto Educativo Global Romper fronteiras...”, assessorado pelo Dr. Rudá Ricci, que precisaria ser revisitada por todos, simpatizantes e irmãs, pois tem luzes interpeladoras em relação a uma educação para a paz. Dr. Rudá ao explicitar as intenções do pacto, cita duas falas do Papa Francisco[3] muito pertinentes neste contexto: “É preciso recompor o pacto educativo, recompor aquela aldeia para educar as crianças, não podemos deixa-las sozinhas, não podemos deixa-las pelas ruas, sem tutela, a mercê do mundo onde prevalece o culto ao dinheiro, o mundo da violência, do descartável...”. “ O primeiro desafio que eu vos coloco: Deixar os lugares onde existem muitos educadores e ide às periferias, procurai aí”. E Rudá intuitivamente complementa: “... é aqui que tem que dar educação, onde tem a fome, onde tem a injustiça, não onde tem dinheiro, mas onde tem uma humanidade ferida. Penso que nossa salvação vem das feridas de um homem ferido na cruz. (...) porque a novidade, diz o papa, vem de onde tem carência, de onde não tem escola, de onde não tem acolhida, não tem aldeia, não tem educação. E é por isso que temos que estar lá, para criar a cultura do encontro, do encontro com nossas crianças, com nossos jovens, com nossas mães que estão sozinhos.” Poderíamos complementar, para criar a partir destes nossos interlocutores, uma cultura de paz.

Que Jesus, o profeta e o príncipe da paz, nos conceda a ousadia necessária da não violência ativa e revigore nossa disposição interior e nosso empenho coletivo em sermos educadoras, educadores da paz.

 

[1] Liduína Venturi - Mulher de sorriso evangelizador - Augusta Neotti, 2003

[2] Irmã Maria de Jesus Moraes, 85 anos, natural do Ceará

[3] Na gravação Dr. Rudá explica de onde tirou as citações do papa.

 

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs:Eunice Berri e Carmelita Zanella

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