Reino de Deus: Horizonte de nossa Missão
Eu vou seguindo uma Estrela
que a luz dos olhos não vê...
(José Acácio Santana)
“...Seguimos trilhando alegres por estas estradas
e a testemunhar o seu Reino somos enviadas”.
(Irmã Dalvina Maria Pedrini)
A Estrela dos magos aponta o caminho para Jesus; seguem a Estrela numa atitude de buscadores do Novo. Mas a estrela, aparece e se esconde e reaparece no percurso. Tem quem quer desviar do caminho que a estrela indica! Também em nosso caminho, há tempos em que a estrela desaparece, se oculta. Somos chamados/as então a continuar buscando-O, mesmo quando o escuro se faz.
A celebração do 14 de janeiro foi um momento propício, para em memória agradecida, recordar e sentir as luzes fortes e brilhantes destes 110 anos da congregação, bem como, os momentos em que a escuridão escondeu o brilho da estrela. Acima de tudo foi e é um momento de reafirmar nosso horizonte maior: a Construção do Reino de Deus.
Um horizonte relembra o apelo a “recomeçar sempre” que está presente em nossa Forma de Vida (CCGG, 6). Começar de novo é ativar a força vital das origens, um convite à radicalidade na resposta ao chamado. Nosso ser peregrina (CCGG 18, 29) exige de nós acolher o desafio de percorrer os novos caminhos que se abrem à nossa frente e renovar nossa entrega (CCGG23). Para quem caminha na fé, há sempre a possibilidade de novos começos que alimenta o amor primeiro.
No percurso de toda a nossa história a busca, a meta, ou seja, o horizonte sonhado de nossa vida-missão foi sempre o Reino de Deus. O Reino que se apresenta pequeno e frágil como a semente de mostarda (Lc13,19). Nesta pequenez, na gratuidade do servir, o convite é ultrapassarmos nossos guetos, nossos isolamentos e nos jogarmos neste mundão repleto de beleza e dureza como peregrinas/os da esperança. E o horizonte buscado é um mundo mais humano e humanizado onde Deus reina.
Segundo Irmão Henrique, Peregrino da Trindade,* peregrinar é trilhar o caminho do inesperado de Deus. Acolher a itinerância como Abrão e Sarah, nossos patriarca e matriarca na fé. Eles não deixaram apenas o geográfico. O “Saí da tua terra” (Gn12) foi a terra dos antepassados, da família, da cultura, das relações, do trabalho, das certezas e seguranças. É um peregrinar esperançoso onde o jeito, os meios podem mudar porque o importante é o essencial: que o Reino de Deus aconteça no aqui e no agora de nossas vidas e de nosso mundo.
Como francisclarianas/os este horizonte que buscamos não é outro senão a irmandade universal. Sem exclusões, sem dominados e dominadores, em harmonia com toda a criação. A descrição de Nossa Missão na página da CICAF diz:
“Como discípulas de Jesus Cristo e participantes de sua Igreja, assumimos a missão de anunciar e tornar visível, na realidade de hoje, o Reino de Deus”. E complementa:
“Nesta Missão Evangelizadora, a exemplo de Francisco e de Clara de Assis, destacamos a inserção no meio do povo, a solidariedade com os pobres e o compromisso com a justiça, a paz e a integridade da criação, tendo em vista a construção da irmandade universal”. Não existe Reino de Deus onde reina a destruição, a violência e o desprezo pela vida. “E Deus viu que era tudo muito bom” (Gn1,31). Esperançar um mundo como no princípio faz parte nossa missão.
Na Voz da História Irmã Lurdes Pessini afirma: “A força de um amor comprometido, faz nosso testemunho mais profundo”. Oxalá a Campanha da Fraternidade sobre a ecologia integral e o Ano Jubilar que estamos a viver, fortaleçam em nós esse amor comprometido com a construção do Reino de Deus.
*Irmão Henrique Peregrino da Trindade. Peregrinas e Peregrinos da Trindade, Letra Capital, 2023, p25.
Comentários
Obrigada pela reflexão profunda e inspiradora. É expressão de quem conhece, ama e vivencia o Carisma. Obrigada