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20 Março 2025
Ecologia Integral: Entre o Fim do Mundo e a Esperança

 

  O Cuidado da Terra é a vocação primeira para a qual o Criador chamou a mulher e o homem:  cuidem e façam multiplicar. 

Na tarde de 15 de março de 2025, às 15h, realizou-se o encontro formativo, virtual, para Irmãs e Simpatizantes do Carisma da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas.  O   tema foi   -  Ecologia Integral:  entre o fim do mundo e a esperança, com a assessoria da  Prof.ª e Dra.  Marcia Maria de Oliveira.

O momento orante convidou a todas/os a nos unir em prece pela vida do planeta e no compromisso no   cuidado da Casa Comum.   Fomos chamados/as também a sintonizar com a Igreja do Brasil, que neste ano, durante o período quaresmal, reforça a importância de uma conversão ecológica.

A reflexão iniciou com o pensamento:  a Terra como lugar de direito da convivência humana. As mudanças climáticas se aceleraram, transgredindo o direito à convivência humana no planeta, transformando a Terra de um espaço sagrado para a convivência, em uma mera mercadoria.

A assessora também nos falou que, a partir da ruptura epistemológica impulsionada pelo filósofo francês René Descartes (1596-1650) e a ascensão da filosofia cartesiana, a sociedade humana passou a ver a Terra como apenas recurso natural, negando seu caráter sagrado e sua importância na convivência das criaturas.

Aprofundando a reflexão histórica, a professora lembrou que no século XIX, o filósofo alemão Friedrich Engels (1820 - 1895) já denunciava, em sua obra Dialética da Natureza (1883), o esgotamento do planeta, alertando que a Terra reagiria ao processo de exploração capitalista.

A reflexão seguiu com o conceito do Metabolismo da Terra, proposto por Paul Foster, que entende a Terra como um metabolismo interconectado, mas as agressões ao planeta não permitem mais tempo ecológico para que ele assimile as intervenções humanas. 

A Terra, precisa do tempo ecológico para se recompor, e não do tempo cronológico. A Terra não é um recurso natural para nós, nem é portadora de recursos naturais. Cada ser, cada elemento do planeta tem um motivo de ser em si mesmo, um sentido de existir interligado ao metabolismo do planeta. Não é recurso para um fim humano, simplesmente.

Em seguida, fez referência ao conceito do Jubileu hebreu, um direito sagrado ao descanso da Terra, que, segundo ela, foi há muito tempo negligenciado pela civilização moderna.  “Somos feitos da Terra e a nossa civilização rompeu a interligação com ela”. Reforçou que, segundo o Papa Francisco, a responsabilidade pela Casa Comum, é de todos.

Do ponto de vista teológico, ela ilustrou o Jardim do Éden como a metáfora bíblica para todo o planeta Terra.  A Terra foi criada para todos habitarem.  E essa é a raiz do Cuidado.  O Cuidado da Terra é a vocação primeira para a qual o Criador chamou a mulher e o homem:  cuidem e façam multiplicar.  Cuidar não por temor, mas por amor.  Amor à Divina Fonte da Vida, amor à  Casa  Comum,  amor  a  todas  as  pessoas humanas,  que  compartilham  dessa  vocação  ao  cuidado,  e  amor  a  todas  as  criaturas  que  compõem  esse  Jardim,  que  foram  confiadas  à  nossa  responsabilidade. 

Reiterou que amar é conhecer.  Para conhecer mais e melhor é preciso conviver, ouvir, partilhar ideias, projetos, sonhos, afetos.  Ouvir é primeiro passo para conviver.  Ouvir é também contemplação:  silenciar diante da grandeza de cada movimento da Terra e do Universo.  Quando conseguimos ouvir e contemplar alguém ou algo, só então conseguiremos amar.  Essa reflexão da professora foi respondida posteriormente por uma contribuição da Irmã Ana Lucia Corbani, que, citando o filósofo medieval João Duns Scotus(1266- 1308), destacou que o amor é maior que o conhecimento.  Segundo Duns Scotus, o amor precede o conhecimento, pois é a força primordial que orienta a vida humana, sendo mais livre e ativo do que o intelecto, que é passivo.

A Ministra Geral, Irmã Marlene dos Santos, agradeceu a presença de todos recordando a Linha Inspiradora número 01 da Congregação para o sexênio 2024-2030:  "Cultivar o modo francisclariano de viver, no cotidiano, tecendo relações de interculturalidade e cuidado, abertas à itinerância, comprometidas com a justiça socioambiental, a paz e a irmandade universal".  Enfatizou a responsabilidade dos/das participantes, como Irmãs e Simpatizantes do Carisma, de adiar o “fim do mundo” por meio do compromisso com a justiça socioambiental e o cuidado com a Terra.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Eduardo Pintarelli -Simpatizante do Carisma