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02 Junho 2025
FRANCISCLAREANDO - … ame e nutra seu irmão/sua irmã como a mãe ama e nutre seu filho/filha (RnB 9,11)

 

Clara ensina por seu exemplo, por seu modo de atuar, por sua maneira de tratar as irmãs. 

O mês de maio, no Brasil e em muitos países, é dedicado a Maria, Mãe de Jesus e nele dedicamos um domingo especial para celebrar nossas mães, aquelas que disseram e dizem “sim” à vida e à continuidade da raça humana. Apesar de o comércio haver transformado o dia da mães em uma ocasião de negócios lucrativos, o amor materno continua inegociável, incomensurável, incondicional.

Todos já conhecemos por vivência ou por leituras, casos em que a mãe extrai forças inexplicáveis (físicas ou espirituais) para defender a vida de um filho, de uma filha. O amor de mãe é tão forte que o próprio Deus compara com ele o seu amor pelas criaturas: "Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você! Veja, eu gravei você nas palmas das minhas mãos... (Is 49,15,16). O amor de Deus é o mais forte. Ele é mãe que não só guarda uma fotografia de seu filho, de sua filha mas o grava indelevelmente na palma de sua mão. Ele nos tem sempre sob seu olhar amorosamente cuidadoso e providencial. Como a mãe com seu filho, sua filha.

Para Francisco o amor de mãe é modelo do amor que deve reger as relações entre os irmãos. O testemunho mais claro está na Regra para os Eremitérios: “Aqueles que querem viver religiosamente nos eremitérios sejam três irmãos ou no máximo quatro; dois deles sejam as mães e tenham dois filhos, ou um pelo menos. Esses dois, que são as mães, levem a vida de Marta, e os dois que são filhos levem a vida de Maria.” (RE 1-2a). Este modelo de relacionamento rege a vida de toda a Ordem: “E onde estão e onde quer que se encontrem os irmãos, mostrem-se mutuamente familiares entre si. E com confiança um manifeste ao outro a sua necessidade, porque, se a mãe nutre e ama o seu filho carnal, quanto mais diligentemente não deve cada um amar e nutrir o seu irmão espiritual?” (RB 6,8-9). Na Regra não Bulada, Francisco é mais incisivo. Aí Francisco vê o lugar da graça, pois é o agir do próprio Deus: “E com confiança um manifeste ao outro a sua necessidade para que lhe encontre e sirva as coisas necessárias. E cada qual ame e nutra seu irmão, como a mãe ama e nutre seu filho; nessas coisas Deus lhe concederá a graça(RnB 9,10-11).

Clara ensina por seu exemplo, por seu modo de atuar, por sua maneira de tratar as irmãs. Ela encarna o zelo cuidadoso de Deus por seus filhos e filhas; é a figura do Deus-Mãe, Aquela que ensina a andar, que alimenta e acaricia (cf Os 11,3-4).

As fontes biográficas nos apresentam belos e vivos testemunhos: “A verdadeira mestra dos rudes e formadora de jovens no palácio do Grande Rei, ensinava-as com tal pedagogia e as formava com tão dedicado amor que não há palavras para dizê-lo” (LSC 36,1). “Por meio de devotos pregadores, cuidava de alimentar as filhas com a palavra de Deus e não ficava com a parte pior” (LSC 37,1).

E continua: “A venerável abadessa não amava só as almas das filhas: servia também seus corpos com o zelo de uma caridade admirável. Muitas vezes, no frio da noite, cobria-as com as próprias mãos, enquanto dormiam, e queria que se contentassem com um regime mais benigno as que via incapacitadas para a observância do rigor comum.

Cuida das enfermas e, incute nelas a força de cura: “Era grande o número de Irmãs doentes no mosteiro, aflitas por vários achaques. Clara foi vê-las como de costume, com seu remédio habitual, e, em cinco vezes que fez o sinal da cruz, curou cinco na hora” (LSC 35,6-7).

“E se alguma, como acontece, estivesse perturbada por uma tentação ou tomada de tristeza chamava-a à parte e a consolava entre lágrimas. Às vezes, se ajoelhava aos pés das que sofriam para aliviá-las com carinho materno” (LSC 38, 1-4).

Aqui se impõe a pergunta: Nossas relações com as outras pessoas têm a marca do agir de Deus-Mãe? Obedecem às prescrições de Francisco, imitam a maneira maternal de Clara tratar suas Irmãs? Talvez devamos ainda pedir cada dia que Deus nos fortaleça em nosso ser materno-fraterno; que venha em auxílio de nossa fraqueza e aprofunde em nós sua maneira de olhar e de tratar nossos irmãos e irmãs. E também que “agrande” nosso coração, para sarar feridas pelo perdão, pelo apoio, pelo abraço, pela oração.

Que Francisco e Clara nos alcancem de Deus este olhar e agir maternal entre nós e sobre todas as criaturas.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Maria Fachini - Catequista Franciscana