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02 Agosto 2025
Ser um dia "cidadão do infinito"

"Por escutar uma voz que disse

que faltava gente pra semear..."

 

 

Sou Frei Erivelton, frade franciscano - OFM, nascido num pequeno povoado chamado Artur Passos, município de Jerumenha, no sul do Estado do Piauí. Filho mais velho de pais envolvidos na Igreja, desde cedo gostava de participar da catequese, das celebrações da Palavra e das devoções populares.

Ainda bem criança, por volta dos seis anos de idade, eu gostava muito de ouvir canções de Padre Zezinho; naquela época gravadas nos discos de vinil e tocadas numa pequena radiola à pilha de uma liderança da comunidade. "Cidadão do infinito" era a que mais me chamava a atenção, especialmente por acender em mim a chama vocacional. Tal como dizia a canção, “por escutar uma voz que disse que faltava gente pra semear”, eu começava a sentir o forte desejo de "me alistar entre os operários" e ir "lutar por um mundo novo".

Certamente naquele tempo eu não compreendia muita coisa, não tinha noção do que isso poderia significar e nem mesmo o que era realmente vocação. Só sabia que, diante do testemunho dos missionários franciscanos italianos que atuavam em nossa comunidade, eu gostaria, tal como eles, de também ser um dia "cidadão do infinito".

Lembro-me bem que naquele tempo, meados dos anos 80, na Igreja se falava muito de libertação, de lutas sociais, de profetismo e de martírio. Impressionaram-me muito o exemplo do missionário comboniano Padre Ezequiel Ramin, assassinado no Paraná em 1985, e a história de Dom Oscar Romero, martirizado no início daquela década enquanto celebrava a Missa.

Embora sem entender o significado e a grandeza de todos estes movimentos, fui alimentando a fé e a vocação em ser um operário da messe do Senhor na esperança de lutar por um mundo melhor. Ingressei na caminhada vocacional ainda na pré-adolescência e já são 27 anos de vida religiosa, 20 de ministério sacerdotal e quase 35 anos de vida conventual.

Os tempos mudaram, muitas novidades, desafios cada vez maiores, e situações do passado que ainda perduram. A Igreja vem ganhando cada vez mais consciência de renovação e de que as "alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias" do tempo presente devem encontrar respostas no coração de cada pessoa cristã. E neste tempo todo, descobrimos que nem sempre os nossos sonhos da infância se concretizam com aquela radicalidade e espírito profético desejados lá no início.

Hoje em dia continuo alimentando a ESPERANÇA, à frente do serviço paroquial numa realidade "sui generis" (zona rural geograficamente, mas mentalidade e desafios tipicamente urbanos) da região periférica de Teresina, capital do Piauí; auxilio na formação inicial dos nossos jovens frades, ainda colaboro na direção espiritual de seminaristas, assistência à JUFRA e serviços diversos na CRB.

Algo que aprendi e continuo aprendendo, é que não podemos "perder de vista o ponto de partida" e muito menos a esperança de um mundo mais fraterno e justo. E é isso que particularmente me motiva a perseverar na fé e na vocação: conhecendo a pessoa de Jesus Cristo e sua mensagem, busco-me sustentar nesta "esperança certa", "levando a paz em meu caminho" como minha singela contribuição em favor do Reino de Deus.

Teresina-PI.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Frei Erivelton, OFM
  • Enviado por: Serviço de Animação Vocacional