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08 Setembro 2025
Irmã Clemência: maternal cuidadora da esperança


Dotada de grande dinamismo, ela não se limitava à formação no convento.

 

Uma italiana da província de Treviso, uma vêneta como os que gritavam por socorro, nascida em 12 de abril de 1879, ouviu o grito e veio cuidar e educar para um novo modo de vida, um grupo nascente - esperança para esta população de migrantes que, de um momento a outro, viu faltarem os recursos vindos da pátria-mãe, abandonado pelas autoridades, nos inícios do século XX.

Caterina Beninca, filha de Pasquale e Maria Beninca, imigrantes italianos estabelecidos na região do atual município de Rodeio/SC, era uma religiosa da Congregação das Irmãs da Divina Providência, que se fez eficaz instrumento da amorosa providência de Deus diante da necessidade de seu povo.  Fazendo a profissão religiosa, aos 18 anos de idade, recebeu o nome religioso de Irmã Clemência, nome que assentou muito bem com sua índole maternalmente bondosa e inclinada ao cuidado. Apesar dos obstáculos encontrados e das más interpretações dadas à sua atitude, ela se colocou inteiramente à disposição para ser o ouvido atento e a atuação clemente de Deus em favor de seu povo que clamava por educação para seus filhos. 

Com toda a atenção, carinho e respeito assumiu o grupo de moças dispostas a se dedicar ao ensino nas escolas paroquiais, mas que não tinham a preparação necessária para esta missão. Essas que viriam a ser a Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas. A elas se dedicou com zelo e cuidado maternal, respeito e abertura para a novidade do Espírito, dando-lhes o melhor de seus dons e de sua qualificação em educação da fé e para a cidadania.

Em seu livro “Um chamado se faz caminho”, Irmã Ede Maria Valandro assinala que, “não sendo franciscana, deixou-nos a liberdade para que o fôssemos e que sendo de uma congregação tradicional e clássica, deixou-nos ser “as Catequistas”, simples, abertas, livres das estruturas em que ela mesma vivia” (p. 62). Tal abertura ao Espírito que “faz novas todas as coisas”, que vai suscitando na igreja novos carismas, só poderia ser conquistada mediante uma profunda e atenta escuta do mesmo “Espírito que socorre a nossa fraqueza ... e intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8,26a). 

Esse respeito e acolhida às novidades do Espírito, vem de alguém profundamente sensível aos apelos de Deus que se manifestam nas necessidades dos pobres, dos “deixados de lado”, como acontecia com os colonos italianos naquela situação de guerra na Europa. Esse alguém era Irmã Clemência Beninca.

Se Deus “coopera em tudo para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio” (Rm 8,28), Irmã Clemência foi fiel colaboradora de Deus que “desce para libertar” os que, com bonitas, mas falsas promessas, foram chamados da Itália, para colonizar esta região do Brasil e que, aqui chegados, se depararam com uma dura e inóspita realidade. 

Bem verdade que, durante certo tempo, foram assistidos pelo governo italiano que pagava os professores e mandava material didático, mas esta ajuda se interrompeu com o advento da Primeira Guerra Mundial, quando foi suprimida a Sociedade Dante Alighieri que subsidiava as escolas por ela mantidas. E então, entra a ação inovadora de Irmã Clemência que, junto com Frei Policarpo animam e formam um grupo diferente para preencher o vazio deixado pelos antigos mestre-escola que, por diversos motivos deixavam as escolas ou, premidos pela necessidade, tiveram que garantir de outro modo a subsistência de suas famílias. 

A ela é confiada a missão de formar as moças que se apresentam para o serviço com boa vontade, mas sem a formação necessária para serem professoras-catequistas-capelães. Vale dizer que foi significativo o número de jovens que se apresentaram para a missão e foram enviadas a muitas escolas da extensa paróquia de Rodeio. Irmã Clemência as acolhia no convento Menino Deus do qual era superiora e aí, com grande dedicação realizava sua formação humana religiosa, pedagógica e cultural para realizarem o ministério de educar e servir à comunidade.

Dotada de grande dinamismo, ela não se limitava à formação no convento, mas visitava as catequistas, orientando, corrigindo se fosse o caso, estimulando sempre. Quando este grupo cresceu, e se estruturou em Companhia, com superiora própria, segundo Ede Maria na obra citada, “no anonimato e, certamente, na alegria pelos progressos que de longe acompanhava, assim permaneceu até o fim de sua vida. Ela pode ter sido mãe adotiva, mas amou as Catequistas com verdadeiro amor materno” (pg 62). 

Cuidadosa e providente mãe deixou-nos como herança o zelo por oferecer um serviço de qualidade seja na educação formal, seja junto à comunidade cristã; a disposição para servir junto aos mais pobres; a fidelidade ao compromisso assumido; a responsabilidade de acompanhar os educandos com atenção e firmeza; a capacidade de acolher quem se dispõe a colaborar; a colocar nossos conhecimentos e dons a serviço de quem quer aprender e, não por último nos ensina com seu respeito à vocação de cada jovem que ela recebia como Catequista: não temos notícia de que ela tenha chamado alguma delas para sua Congregação. Respeitava e animava a seguir sua vocação, no grupo nascente, mesmo que sem estruturas que dessem segurança, sem muito reconhecimento na sociedade, nem na Igreja. 

Irmã Clemência, intercede a Deus por nós. Com Amábile, Maria, Liduina, com todas as que contigo já gozam a plenitude da vida, orem por nós. Que sigamos com fidelidade no caminho dos pobres, dos que a sociedade menos lembra e menos cuida. 

Que sejamos fiéis ao Evangelho como nos ensinaram Francisco e Clara de Assis, como tu nos ensinaste com materna solicitude. Amém!

Taió, SC.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Maria Fachini, CF

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