Cultivar um Coração
que sabe escutar!
No mundo de hoje, em que as urgências sociais e ambientais se entrelaçam, a missão cristã continua a ser chamada a dar respostas novas e corajosas.
A inspiração bíblica - “Levanta-te e vai mais além” - motivou missionárias e missionários do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) a se reunirem em Retiro, com assessoria de Pe. Paulo Suess e Dom Leonardo Steiner, presidente do CIMI. O convite foi claro: cultivar um coração que sabe escutar.
Num tempo em que a pressa e a dispersão dominam o cotidiano, escutar é uma atitude profundamente contracultural. Trata-se de abrir espaço interior não apenas para palavras, mas para sentimentos, culturas, espiritualidades e, sobretudo, para as vozes sufocadas, da Terra e dos povos indígenas. Esses povos nos ensinam que a vida não se sustenta na acumulação, mas na partilha e na reciprocidade com a criação e sua Fonte Criadora!
A oração de Salomão - que não pediu riquezas nem longevidade, mas um coração capaz de escutar - ressoa como urgência contemporânea. Num cenário de devastação ambiental, avanço do agronegócio sobre territórios originários e criminalização de lideranças indígenas, ter um coração que escuta é assumir o compromisso com a justiça socioambiental e com a defesa da vida!
“A Divina Ruah nos ilumina e reaviva em nós a Esperança madalena,
para discernir, nos tempos de crise em que vivemos,
o clamor da Mãe e irmã Terra e de seus filhos e filhas e,
como francisclarianas, ousar novos passos na vivência do Carisma” (Linhas Inspiradoras).
O Evangelho de Marcos 10,17-30 recorda que o seguimento de Jesus não se reduz a respostas fáceis. Ele aponta caminhos exigentes: deixar, partilhar, confiar, seguir. No contexto atual, esse chamado se traduz em desapegar-se de privilégios, colocar-se ao lado dos empobrecidos, reconhecer a beleza das culturas indígenas e aprender com sua sabedoria milenar.
Na espiritualidade francisclariana, esse “deixar tudo” não significa abandono, mas abertura. É abrir espaço para que Deus nos surpreenda, para que a esperança brote das pedras do caminho e para que a fraternidade seja mais do que palavra - seja prática concreta!
Foi nesse espírito que nós, Irmãs Catequistas Franciscanas: Lucia Gianesini, Laura Vicuña P. Manso, Emília Altini, Maria das Graças P. Gomes, Maria Adinete Azevedo, Zélia Maria Batista e Andréa Moratelli, participamos do Retiro e da XXVI Assembleia Geral do CIMI, de 18 a 24 de setembro, em Luziânia-GO. Ali renovamos o compromisso de ser presença entre os povos indígenas, caminhando lado a lado, na escuta e no serviço, como discípulas do Reino que se constrói na história.
No hoje da missão, “levantar-se e ir mais além” é ousar passos novos:
- Escutar a voz da Mãe Terra e dos povos que a defendem.
- Reconhecer que a missão exige conversão ecológica, social e espiritual.
- Viver a esperança não como fuga, mas como resistência ativa.
O Espírito continua soprando. Cabe a nós discernir se vamos nos proteger em zonas de conforto ou vamos nos oferecer em disponibilidade criadora, segundo Irmã Maria do Disterro Rocha Santos, Presidenta Nacional da CRB, que esteve presente em nossa Assembleia!
A missão, mais do que nunca, pede coragem, ternura e escuta!

