CICAF CAPA SITE OFICIAL 2025 menor

Você está aqui: HomeNotíciasNA DANÇA DO CARISMA
08 Dezembro 2025
NA DANÇA DO CARISMA

 

Encarnação -  entre Luzes de presépios fascinantes e Estrela guiando pastores

   

“O eterno não tem Explicação. 

É o Deus da Paz e do Perdão”

 Irmã Ignez Ochner

É desafiador escrever sobre encarnação neste tempo de advento. Tempo de espera ativa, de que, apesar de tudo, mais uma vez Ele vem para os seus. Desafiador porque a correria de dezembro, mês das “festas” vai corroendo nosso tempo de espera gratuita, de preparação interior, de beber desta atitude amorosa de um Deus presente e atuante na realidade marcada por contradições gritantes. Desafiador também porque apesar de iniciativas bonitas de solidariedade e partilha, o brilho, os enfeites, as propagandas, o comércio sufocam o ser. E, frente às evidências deum presépio fascinante, os argumentos caem por terra.

Contudo escrevo! Escrevo porque a encarnação é um dos aspectos da espiritualidade Franscisclariana que assumimos como congregação. Escrevo, principalmente, porque Ele continua apesar dos holofotes, chorando de fome nas periferias, fugindo da violência de tantos Herodes, e sua estrela continua esperançando pastores.

Nesta dança, convido a relembrar nossos natais, quer sejam de nossas famílias, quer dos primeiros anos da congregação. Eles nos farão retomar um pouco a simplicidade e a fé no menino-Deus que, longe da inocência imposta há séculos nas imagens de um doce bebê, se encarna na dura, bela e crua realidade humana.

As coisas importantes na vida como a amizade, não podem ser exigidas nem impostas. Assim é a encarnação, antes de tudo se recebe diz Benjamim Gonzalez em seu livro Deus Oprimido. Continua ele dizendo: “Jesus de Nazaré pediu licença para encarnar-se. Com seu SIM, Maria lhe deu morada neste mundo, lhe deu seu ventre, seu seio, seu colo, seu carinho. Conceber a encarnação como uma decisão exclusiva nossa pode ser mais um ato de dominação”. (p. 29) Nosso estar nas mais diversas realidades, feitas de histórias humanas, de corpo e rosto, de natureza machucada, de sofrimentos e alegrias há que ser respeitoso, sem julgamentos, de abraços compassivos que carregam a humilde presença redentora deste Menino-Deus que se esvazia, se faz servo com a esperança de ser admitido, para juntos libertar-nos. (p 30)

 A encarnação supõe uma nova maneira de viver, de lidar com o concreto do cotidiano para penetrar o profundo que sustenta a cultura dos pobres, no seu contexto e nas suas buscas.  Como diz Papa Leão: “Não estamos no horizonte da beneficência, mas no da Revelação: o contato com quem não tem poder nem grandeza é um modo fundamental de encontro com o Senhor da história. Nos pobres, Ele ainda tem algo a dizer-nos”.  E mais adiante: “...recordando que o Evangelho só é bem anunciado quando leva a tocar a carne dos últimos...”  (DILEXI TE 5 e 48, grifo meu)  

Clara e Francisco compreenderam que o caminho da encarnação é impossível sem este encontro com o Senhor da História. O abraço ao leproso não foi uma mera encenação. Foi fruto de uma caminhada interior que foi se dando, tendo como referência os pobres. O refrão de um canto retrata bem este itinerário em Clara: Clara ternura de Deus, no meio dos pobres sinal amoroso. Clara opção pela vida, dom, eucaristia a serviço do povo. ( Frei Fabretti e J. Thomaz Filho.) 

A encarnação nos possibilita entrar na realidade concreta das pessoas, aprender “suas manhas e manhãs”, desconstruir ideias e preconceitos e encantar-se por vidas que, como a nossa precisam de amor, poesia e pão. Amábile inserida na família que a acolheu, foi adentrando pouco a pouco na vida da comunidade recriando possibilidades no comum da sala de aula, na reza do terço e na participação ativa na vida das famílias. Liduína, com seu “sorriso evangelizadoraprimorou a escuta a tal ponto de ser acolhida sem reservas, numa aproximação real do cotidiano das pessoas, inclusive dos conflitos familiares e das desilusões comunitárias, sendo uma presença cordial dialogante. Maria Avosani, no acompanhamento às vivências e necessidades do grupo que a acolheu como líder, não descurou de interpelar, até no leito de morte a necessidade de encarnação também em outros contextos. Irmã Ignez Ochner ¹mesmo não tendo convivido com as três primeiras, apenas encontrou-as e conversou poucas vezes com elas,  diz que Para mim as três primeiras irmãs foram pessoas de exemplo sem igual, que guardarei nesta e na outra vida”.

A inserção nos possibilita uma conversão constante.  No mundo dos pobres, se realmente nos deixarmos ser “carne de nossa carne” há sempre uma estrela apontando o caminho da manjedoura. É verdade, tem muita miséria, muita falta de direitos, violências, falta quase tudo. No entanto sinto um germe de esperança que ninguém pode tirar. Uma fé inabalável que desconcerta qualquer teoria teológica. Sinto um Deus que continua se encarnando no anonimato das periferias, onde a vida teima em vencer a cada dia....  

Pelos becos conhecidos ou não, sinto a grandeza de quem resiste e sonha apesar de tudo. Homens e mulheres, mais velhos e jovens; adolescentes e crianças que teimosamente dizem não a Herodes, com o seu próprio viver, porque acreditam como os pastores acreditaram, confiam como nossas primeiras irmãs confiaram que, de Nazaré sempre pode vir coisa boa. É verdade, Ele choramingando nos barracos de zinco com assaduras provocadas pelo calor, poeira e falta de água, mas continua sendo acolhido por pastores e procurado por Herodes”. ²Não há palavras que possam expressar essa presença amorosa de Deus na escória da humanidade. É como diz ainda irmã Ignez:   "O eterno não tem explicação. É o Deus da Paz e do Perdão.”

Oxalá, Faça-se em nós a gravidez da proximidade amorosa e profética.  A gravidez da inserção despretensiosa, humilde e sem alardes. Uma encarnação corajosa e doada como a de Amábile; bondosa e firme como a de Maria; alegre e cordial como a de Liduína.

Notas:

¹Irmã Ignez Ochner tem 99 anos, vive na irmandade de Rodeio/SC. Solicitada, escreveu algumas palavras para quando for oportuno ir anexando nesta coluna.

²Trecho de meus registros ao andar nas periferias de Belo Monte/Angola no mês de outubro/2025.

- Créditos imagem: https://www.facebook.com/CasaRosa01?__

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Carmelita Zanella

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar

Equipe do Site
Irmãs: Ana Cláudia Rocha, Rosali Paloschi, Fabiula Silva,
Luana de Souza e Sandra Leoni
Técnico: Rômulo Ferreira

Serviços - logo branca
JFC

Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas
Rua Des. Nelson Nunes Guimarães, 346
Bairro Atiradores - Joinville / SC – Brasil
Fone: (47) 3422 4865