Com alegria os missionários/as do CIMI Norte I se dirigiram ao Xare para o encontro/fórum das equipes que aconteceu nos dias 23 a 28 de julho e as irmãs Catequistas presentes formaram um grupo significativo: Maria de Jesus e Maria das Graças (PCA); Miriam Spézia (PAMA); Márcia D. Borges e Maria Aparecida Marques Fernandes (PSTMJ).
Na agenda do encontro constou: socialização das equipes e grupo indígena que se autodenominou União, quinta conferência Nacional e as perspectivas para a saúde indígena, programa nacional de formação, experiência do Bem Viver- planos de vida, envolvimento com a terra, debate sobre os projetos de futuro dos povos indígenas, intercâmbio com práticas da Colômbia e avaliação.
A socialização das equipes e do grupo União apresentou a realidade vivenciada pelos povos indígenas nas diferentes regiões. Os problemas de terra não demarcadas ou invadidas por mineradoras e outros, mau atendimento na saúde, educação, enfraquecimento do movimento indígena, dependência química, busca de autonomia e resistência dos povos. Também foi apresentado o trabalho de fronteira realizado pelas equipes itinerantes e de missionários/as que vivem nas regiões de fronteira Brasil/Colômbia/Peru/Venezuela...
A equipe de intercâmbio da Colômbia trouxe lideranças indígenas, membros da FUCAI e compartilharam como está sendo organizado o movimento de resistência em todo o país. Iniciaram pela memória histórica e a exigência de se colocar como um todo neste movimento “somos corpo de resistência”, em que se envolve os pés e as mãos- resistência estratégica e tática; estômago- economia, produção dos povos, soberania alimentar; cabeça- resistência ideológica, politica, educação própria, saber, conhecimentos, meios de comunicação; coração- resistência cultural e espiritual, medicina tradicional, lugares sagrados, rituais, uso e incentivo da própria língua.... “o corpo é o cenário da resistência” e tem como centro a TERRA, VIDA, COMUNIDADE, POVOS. Nesta perspectiva o perfil do/a missionário/a é de alguém fisicamente forte, saudável e bem alimentado mental, física e espiritualmente, que dá conta de permanecer na missão. Exige-se desintoxicar a cabeça dos pensamentos que nos fazem mal e ser alguém capaz de escutar e obedecer.
O plano de vida foi apresentado pelas lideranças indígenas da Colômbia e estão organizados como corpo de resistência, forma-se lideranças das comunidades que com o seu povo vão mapeando a realidade: história, análise da memória feita, território e meio ambiente, cultura, recreação e lazer. As maiores necessidades e projetos para intervir na realidade. Busca-se a autonomia e soberania dos povos que ontem e hoje continuam querendo VIVER!
Como ensaio e aprendizagem foi feita uma horta/roça agroflorestal que muito tem contribuído na autonomia e soberania alimentar, pois ajuda na preservação das comidas tradicionais sãs e também a natureza.
Todo o encontro foi permeado pela mística com bênçãos, intercessões, agradecimentos, encerrando com uma gostosa chuva que regou a todos/as para que os sonhos bons e a construção de um novo mundo encontre em nós terra boa e favorável para sua gestação, crescimento e produção de frutos duradouros.