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14 Outubro 2013
Dissertação de mestrado - Mari Luzia Hammes

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Teologia Pastoral da Escola de Humanidades, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Teologia Bíblica. Tem como título “A Ação Solidária e Libertadora de Yahweh em Ex 3,7-10”. A Banca de Defesa realizou-se às 10 horas do dia 30 de setembro último no campus de Curitiba. Foi composta pelos professores: Prof. Dr. Luiz Alexandre Solano Rossi – PUCPR, presidente e orientador; Prof. Dr. Valmor da Silva, PUC Goiás e Prof. Dr. Luiz José Dietrich – PUCPR.

A Dissertação compreende três capítulos e tem como tema de pesquisa a perícope de Ex 3,7-10, destacando-se os verbos do original hebraico: vi, ouvi, conheço, desci, libertar e fazer subir. Apesar da norma firmada entre a Santa Sé e o Judaísmo, de não usar o tetragrama Yahweh - que é o nome de Deus, em respeito ao Judaísmo que o tem como sagrado e impronunciável – a dissertação usa amplamente o tetragrama visando especificar os vários significados com qual Yahweh foi concebido pelas famílias, clãs, tribos e nação israelita e a consequente apropriação pela antiteologia. 

A expressão antiteologia não é empregada como oposição à teologia, mas com o sentido de teologia omissa frente à defesa da vida, que ignora os/as excluídos/as e oprimidos/as, não conduz e nem produz a libertação do ser humano. O termo quer exemplificar situações e momentos em que no discurso diante de Deus e do que é relativo a Ele, o ser humano é desqualificado na sua dignidade de ser, dificultando sua relação com Deus. Centraliza o individualismo em detrimento ao coletivo/comunitário.

Em resumo: a ação solidária e libertadora de Yahweh presente em êxodo 3,7-10 é axial para a história do Povo de Israel, como também o é para a história atual. O objetivo é evidenciar que a perícope citada é eixo fundamental para a teologia e para a espiritualidade, pois nela se fundamentam as ações interventoras e libertadoras de Deus e que, possivelmente, sinalizam a posterior teologia da Aliança.

Partindo do contexto da escravidão egípcia e do clamor dos hebreus frente aos seus opressores e que faz Yahweh irromper na história, tem-se uma teologia que revela um Deus presente, interagindo no processo libertador e dinamizador da vida. Hebreus não no sentido de israelitas, mas no sentido originário de pessoas empobrecidas e oprimidas.  O clamor do povo gera sensibilidade, escuta e iniciativa de Yahweh e, esta dá à luz a libertação e posterior aliança. Da margem do império nasce a teologia que conduz o povo a identificar Deus como presente, próximo e atuante na história.

Em contrapartida, especialmente no pós-exílio (a partir de 500 a.C), a antiteologia – no sentido de oposição à vida – apresenta-se como discurso teológico dominante. Ela desloca Deus do meio do povo e o engessa. Eleva-o ao trono, no céu, distante do povo, cuja ação é vigiar e retribuir. Sua característica essencial é a retribuição frente a tudo o que o ser humano faz. É uma caricatura de Deus e não mais o rosto atento, sensível e comprometido de Yahweh expresso nos verbos de Ex 3,7-10. Essa forma teológica de conceber Deus tem consequências para a espiritualidade e consequente missão, totalmente distintas da espiritualidade e missão oriundas do evento êxodo.

Os verbos vi, ouvi, conheço, desci, libertar e fazer subir expressam o cuidado  paterno/maternal de Yahweh pelo seu povo.

Destaco o último parágrafo da conclusão da Dissertação: “Oxalá, no contexto atual de nossa história, possamos como Moisés perceber as sarças da revelação do rosto de Yahweh próximo e solidário e nos comprometer para que a libertação seja algo efetivo na vida de tantas pessoas e povos. Que possamos nos deixar tocar pelos diversos clamores diários que brotam do ventre do planeta terra com cada uma de suas criaturas e do sacrário que é a vida de cada ser humano. Mas que esses clamores e gritos nos sacudam, interpelem e se entranhem profundamente naquilo que somos, realizamos e vivemos.

Que a presença encorajadora, acalentadora e dinamizadora de Yahweh seja sentida como aliança mútua, para que cada mulher e homem, cada povo e cada criatura possam experimentar a dignidade de vida que desde sempre foi sonhada e acalentada por Yahweh.

Oxalá, sintamo-nos enviados preferencialmente às periferias, sem nos esquecer dos centros, e neles encontrar no rosto de cada irmão e irmã o rosto de Yahweh a nos interpelar: ‘agora vá: veja, escute, conheça, desça e liberte, para fazer subir à vida digna’.

 

MaryMari, Parabéns!

 

Parabéns pela dedicação e carinho ao estudo da Palavra de Deus e pela bela apresentação de seu trabalho, conduzida com sabedoria e serenidade! Obrigada pelos dons partilhados entre o povo e às irmãs!

 Que o sonho de Clara e Francisco de Assis e, de nossas irmãs que nos precederam na caminhada, continue vigoroso em cada gesto de ternura e compromisso com a vida, a justiça, a paz e o cuidado com todas as criaturas.

 Com carinho e gratidão a abraçamos!

 

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Mari Luzia Hammes

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