Bancos Comunitários são serviços financeiros solidários em rede, de natureza associativa e comunitária, voltados para a geração de trabalho e renda, tendo por base os princípios da Economia Solidária.
Os Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) agem em prol das finanças solidárias e não visam o lucro, mas a democratização dos serviços financeiros, através da ética e da solidariedade, em direção àquelas pessoas que não são atendidas pelo sistema financeiro tradicional.
A proposta dos BCDs é reorganizar a economia dos territórios, integrando “em um mesmo cenário, instrumentos de crédito, produção, comercialização e consumo na perspectiva de remontar as cadeias produtivas, oportunizando trabalho, renda para os moradores”.
Podem ser definidos a partir de três características:
a) a gestão de cada BCD é feita pela própria comunidade - É a própria comunidade, direta ou indiretamente, que gere o banco, seja decidindo suas estratégias, através de fóruns locais;
b) apresenta um sistema integrado de desenvolvimento local – crédito, produção, comercialização e capacitação ao mesmo tempo - o crédito solidário é utilizado para financiar a produção coletiva e o consumo no território, a fim de reorganizar a economia local, criando circuitos alternativos de relações econômicas, gerando trabalho e renda e apoiando um processo de desenvolvimento local, cuja lógica é diferente da lógica neoliberal. Os BCDs investem não apenas em empreendimentos econômicos, como também sócio-organizativos, através do financiamento de empreendimentos de natureza cultural, social, política, ambiental, de forma que é a necessidade do território que vai apontar para a importância do financiamento;
c) permite a circulação de Moeda Social local no território - Cada BCD tem sua moeda própria, com características que refletem a identidade das pessoas com o território. O propósito da moeda social emitida pelos BCDs é fazer com que os moradores comprem apenas na localidade, estimulando a circulação do dinheiro no próprio território e impedindo que a riqueza seja levada para fora, o que não deixa de ser uma estratégia de comercialização.
Motivados (as) por esta reflexão, os três Bancos Comunitários de Mato Grosso do Sul: Banco Ita dos Assentamentos Itamarati de Ponta Porã; Banco Pantanal de Anastácio e o Banco Pire de Dourados, se encontraram em Dourados para o primeiro encontro. Cada banco teve a oportunidade de partilhar suas experiências bem como seus desafios e perspectivas. Houve também um espaço para algumas visitas a empreendimentos que foram apoiados pelo Banco Pire. Nas observações do grupo podemos destacar que o apoio e o acompanhamento são importantes para o crescimento do empreendimento na dinâmica da economia solidária. Muito mais do que comunitário, o Banco torna-se um espaço humanitário.
Este encontro teve como ponto alto, a consolidação da Rede de Bancos Comunitários de MS – Rede BCDs-MS, ficando já agendado o próximo encontro para fevereiro de 2014.
Dourados/MS, 14 e 15 de outubro de 2013