Queridas Irmãs Catequistas Franciscanas,
“O Senhor lhes dê a paz!”
O Evangelho de hoje (Lc 14, 25-33) convida à renúncia para o seguimento de Jesus, e sua sequência (vv. 34 e 35) é um belo convite a perseverar com ânimo e alegria no caminho iniciado...
Inicio uma nova etapa em minha vida a partir de agora, que será iluminada com a luz da experiência missionária que a Divina Providência me concedeu neste tempo em República Dominicana.
O momento é de gratidão... Agradeço ao Senhor que por vocês – Catequistas Franciscanas da Província Santa Clara –, nos deu a oportunidade de vivenciar a intercongregacionalidade numa terra estrangeira, primeiro, com Ir. Antônia Maria de Jesus, depois, comigo.
A missão em Pedro Santana é bastante ampla e exigente, necessita dedicação e grande amor pelo povo (renunciando, não raras vezes, a um momento mais tranquilo). Esse amor move nosso caminhar missionário e nos ajuda a não perder o “sal” para temperar a vida.
Nossa vida começa com a oração junto com o povo. Três dias na semana rezamos em fraternidade e com o povo a realidade vivida por ele, suas dificuldades, as lutas, o descaso dos poderosos, a situação de pobreza dos campesinos e os fatos do mundo dos quais tomamos conhecimento.
O dia segue com Gracia ligando para “Deus e o mundo”, tentando encontrar pessoas de boa vontade que ajudem a manter a pouca infraestrutura existente (estrada para a loma – região montanhosa), e acumulando um enorme desgaste com o descaso das autoridades governamentais que não assumem seu papel. Continua com a preparação para os encontros de formação de líderes, para as reuniões nos distritos e na diocese, com os censos diocesanos para preparar a visita pastoral anual do Bispo, com a organização da documentação das latrinas, com a escuta do povo e muita coisa mais.
Antonia, com toda a preparação de materiais para as/os catequistas da cidade e dos campos, mais a preparação do reforço de catequese para as crianças dos campos, pois são todos analfabetos – catequistas e catequizandos. Com essa ajuda, sentem-se mais valorizados em sua dignidade, pois têm uma pessoa que lhes dedica especial atenção e lhes fala com linguagem própria (Ir. Antonia é pedagoga). Empenhando-se também em conversar com o pessoal do distrito educativo, buscando melhorias educacionais para as lomas. Inclui ainda o trabalho para manter animados os pré-adolescentes do grupo Amigos Servidores de Jesus (mais ou menos como a perseverança aqui do Brasil), reunindo-se com a equipe, estudando materiais, etc. Conseguiu iniciar um novo grupo na comunidade da Yamaya.
Eu, ao chegar, comecei a assumir aos poucos a Pastoral da Juventude (Juvenil), com a ajuda de Antonia, conhecendo os jovens (adolescentes, na verdade) de Pedro Santana, depois o grupo de Guayajayuco.
O começo teve suas dificuldades próprias: língua, maneira de falar, tom de voz, cultura. Viver em uma cidade tão pequena, onde todos se conhecem e são quase da mesma família, foi para mim uma experiência bem diferente. A adaptação se deu aos poucos e com muita ajuda da fraternidade e paciência do povo, que já está acostumado com estrangeiros/as em seu meio (não só por nós, mas pelos projetos de outros países como Corpo de Paz, dos EUA, e GIZ, da Alemanha e Espanha).
O tempo foi passando, fui tomando conhecimento da realidade sofrida do povo no campo e na cidade, principalmente da juventude. Houve alguns encontros e, no ano passado, o grupo de Guayajayuco veio à cidade, o que foi muito bom e animou a criação de mais três grupos. Novos grupos nasceram, alguns desanimaram no caminho, mas se levantaram e hoje são oito grupos (Caratá, Rossó, Guayajayuco, Pueblo Nuevo, Cercadillo, Él Córbano, Cajuilito e Pedro Santana), em cinco distritos.
O ano de 2013 foi especial, pois agora os grupos já estão mais consolidados e seguros, receberam muito material para trabalho com os jovens e participaram de alguns encontros em Pedro Santana ou em seus distritos.
O campo de missão continua, é preciso agora a disponibilidade para a renúncia e assim assumir esse encontro com o Senhor na pessoa destas realidades de Pedro Santana. O sal não pode perder seu sabor.
Agradeço profundamente a vocês, assim como à minha Congregação por essa oportunidade única e inesperada dessa missão. Espero que toda a riqueza recebida frutifique em minha vida e na vida daqueles/as que encontrar pelos novos caminhos que percorrerei.
Sinto-me obrigada a citar nomes para expressar minha gratidão: Ir. Carmela, provincial em 2011, pela confiança e acolhida tão carinhosa; Ir. Antonia, pela espera alegre de mais uma companheira para a missão; Ir. Gracia, pela acolhida viva, alegre e esperançosa, pela paciência em responder a tantas coisas e ajudar-me na enculturação, pelo amor e carinho amigos dedicados nesse tempo juntas, por essa dedicação inquebrantável ao povo de Pedro Santana e essa esperança firme e decidida de ir até o fim para o bem do povo de Deus, pela amizade misericordiosa; Ir. Terezinha Sotopietra, pela presença amiga sempre interessada pela missão, pelas Irmãs, pela VIDA; às Irmãs Cissa (estás haciendo falta!) e Filomena, pelos bons momentos de encontro e partilha, pelo carinho e acolhida; a Ir. Maria Luz, pelos encontros de juniorato, as partilhas de vida, a alegria e dedicação, pelo bom desejo de ser de verdade uma Catequista Franciscana; a Raquel Narciso, que muito se esforçou e se superou e foi presença de dedicação nesse chão. Agradeço por tudo isso e muito mais...
Queridas Irmãs, que nossa comunhão continue (e continua muito forte ainda com Ir. Antonia, que volta para RD e permanece lá até janeiro) e sejamos sinal de belos caminhos alternativos possíveis, neste mundo que tanto necessita de Deus.
Que a Divina Providência as conduza em seu belo projeto Congregacional.
São Paulo, 06 de novembro de 2013
Fraternalmente,
Irmã Alzineide