O retiro realizado nos dias 12 a 18 dezembro de 2013 em Kayes - Haiti, teve como tema iluminador: PERMANECE CONOSCO! Lc. 24, 13 – 35. O mesmo contou com a orientação da Irmã Aurea Marques BOM, presidenta da CRB Regional Fortaleza.
A pregadora iniciou o retiro, lembrando Ana, ressaltando – “Meu coração exalta em Javé, e minha força se exalta em meu Deus”, 1 Sm 5, 2 – 31. Prosseguiu falando que temos que cuidar para não ficarmos estéreis, porque nossa missão é ajudar a produzir vidas. Rezou e refletiu conosco também o Sl. 119, de onde extraímos as seguintes frases: “evita que meus olhos vejam o que é estéril, que tua palavra seja lâmpada para meus pés, luz no meu caminho”. Fomos convidadas a rezar as decepções dos discípulos, as de Jesus e as nossas, no hoje de nossa história, com a pergunta: quais as chagas que precisamos curar?
Depois de um breve levantamento, expressando as piores feridas e chagas da VRC, destacou-se: o esfriamento nas relações fraternas, o enfraquecimento na oração, a não contemplação de Jesus encarnado na vida dos pobres e marginalizados, as sombras imbuídas de infantilismo, pirraças, chantagens...
Há muitos religiosos e religiosas que se comportam como eternas crianças apesar de já apresentarem cabelos brancos. Segundo Irmã Áurea, e o que nós cremos de Jesus, é que sua mensagem vem da periferia para o centro, daí nasce sua profunda mística. Ele começa sua vida nascendo numa realidade totalmente diferente do que era a ideia burguesa da época, nascendo entre os resíduos dos animais, curando nas praças, comendo na casa dos pecadores, deixando-se tocar, abraçar pelas pessoas impuras. Para muitos, Jerusalém era a terra da promessa, mas para Jesus, e tantos outros teólogos e teólogas da atualidade, era a terra do sofrimento, do abandono...
Irmã Aurea destaca que temos nossas mazelas e ainda somos arrogantes, não é vergonhoso pedir ajuda, temos que flexibilizar nosso coração, como fizeram os discípulos de Emaús: “fica conosco, já é noite já vem...”
A assessora nos convidou a silenciar para um diálogo com Deus tomando como base a sua proposta em contra partida com a nossa, para então acontecer à conversão pascal. Começou trazendo uma frase de Paulo, onde ele diz – “faço o mal que não quero, e não faço o bem que tanto quero”. Depois de uma longa reflexão, realizamos uma partilha profunda e sincera de nossas contradições e infidelidades produzidas no caminho. Os discípulos de Emaús, através de sua busca persistente, mudaram o foco da direção de Jesus.
Seguimos refletindo a frase onde Jesus expressa que sua alma está profundamente triste até a morte, e convida os seus discípulos para vir rezar com Ele, porém eles não sabiam o que iria acontecer. Jerusalém é o lugar salvífico do projeto de Jesus, (Coríntios 2, 1 – 3), então o lugar de fuga e decepção, tornou o lugar de experiência profunda, transformação. Trazendo o texto para a vida, refletimos que se abrirmos mão das nossas prepotências, arrogâncias e saberes mal empregados, que dividem separam e fragmentam, não faremos a experiência profunda do Jesus Ressuscitado. Temos que nos tornar hóstias vivas para os pobres, para os irmãos, irmãs que cruzarem nosso caminho. Assim experimentaremos o sabor de voltar para casa.
Finalizou o tão profundo retiro dizendo que devemos criar um espaço na Irmandade, comunidade, fraternidade para conversar e dialogar. Que a prioridade destes espaços tem efeito renascedor, ressuscitador e que reacende em nós o encantamento primeiro.
Portanto, foram seis dias de reflexão, retomada de nossa caminhada missionária e da vida em comunidade. Com certeza os participantes saíram com novos ânimos, novas estratégias e novos paradigmas, para continuar sua vida e missão.