pg incial 2018

Você está aqui: HomeNotíciasDo sangue derramado renasce a esperança!
24 Março 2014
Do sangue derramado renasce a esperança!

Oscar Arnulfo Romero foi bispo da Diocese de San Salvador, capital de El Salvador, de 1977 a 1980. Um pequeno país da América Central marcado por muitas injustiças, por uma profunda desigualdade social e vivendo sob uma ditadura militar.

Na medida em que os pobres começaram a se organizar para defender seus direitos, passaram a ser perseguidos pelos latifundiários e pelo governo. Muitos foram presos, torturados e até assassinados. Também os que apoiavam os pobres em suas lutas e organizações sofreram na pele as mesmas consequências e o mesmo destino: perseguidos com os pobres e por causa dos pobres. A lista é imensa: de camponeses a operários e estudantes; de sindicalistas a advogados e jornalistas; de religiosas a padres e bispo... Foram mais de 75 mil salvadorenhos assassinados na década de 1980.

Toda essa situação de miséria, injustiça e violência contra os pobres e seus aliados foi abrindo os olhos e o coração do bispo Romero... E ele foi pouco a pouco percebendo que isso era contra a vontade de Deus, que era pecado e que a Igreja não podia ficar calada diante dessa situação. Passou a denunciar as injustiças e violências, a defender o direito dos pobres de se organizarem e a apoiar suas lutas e organizações. A cada domingo, na homilia, fazia um relato das violações de direitos humanos no país. Era muitas vezes a única voz profética pública no país. Suas homilias, transmitidas pela rádio, eram ouvidas no país inteiro.

Mas também Romero passou a ser caluniado e perseguido por estar do lado dos pobres. Até mesmo por muita gente de Igreja que estava do lado dos ricos. Jornais, rádios e televisão o acusavam de ser comunista e de incitar a discórdia e a violência; a rádio da diocese foi bombardeada muitas vezes; vários padres e religiosos foram perseguidos, expulsos do país, torturados e até assassinados; a maioria dos bispos, aliada dos militares e latifundiários e/ou preocupada em manter os privilégios da Igreja, ficou contra ele. Mas Romero permaneceu firme. Dizia que o maior tesouro e a maior riqueza que a Igreja tinha para proteger era a vida dos pobres. E que esta era sua missão como cristão e como bispo. Sempre respeitou e amou todas as pessoas, inclusive as que o caluniavam e o perseguiam; sempre condenou a violência; perdoou antecipadamente seus assassinos. Mas defendia com toda força e sem vacilar a dignidade e os direitos dos pobres. Muitos camponeses e operários diziam que ele era a sua voz: a voz dos sem voz.

E no dia 24 de março de 1980 foi assassinado, a mando dos militares, quando celebrava a eucaristia. Pensavam que dessa forma silenciariam sua voz profética. Mas, pelo contrário, ela passou a ecoar cada vez mais forte e mais longe, animando muitas pessoas e comunidades no mundo inteiro a denunciarem as injustiças e a defenderem os direitos dos pobres. Sua missão continuou na vida de muitas pessoas cristãs e de muitos grupos e comunidades.

Celebrando hoje 34 anos do seu martírio façamos memória de suas palavras proféticas:

“Cristo nos convida a não ter medo da perseguição porque, creiam irmãos, aqueles que se comprometem com  pobres tem que seguir o mesmo destino dos pobres. E em El Salvador já sabemos o que significa o destino dos pobres: ser desaparecidos, ser torturados, ser capturados, aparecer cadáveres...

Estas mortes, ao invés de apagar em nós o ardor da fé, entusiasmam ainda mais o vigor de nossas comunidades...

Me alegro, irmãos, de que nossa Igreja seja perseguida, precisamente por sua opção preferencial pelos pobres e por tratar de encarnar-se no meio deles.

Seria triste que, em uma Pátria onde se está assassinando tão horrorosamente, não contássemos também entre as vítimas com sacerdotes. São testemunho de uma Igreja encarnada no meio do povo... Aqueles que caem na luta contanto que tenha sido por amor sincero ao povo e buscando a verdadeira libertação, devemos considera-los para sempre presentes entre nós...

Quero assegurar a vocês e peço suas orações para ser fiel a essa promessa: que não abandonarei meu povo, mas correrei com ele todos os riscos que meu ministério exige... Tenho sido frequentemente ameaçado de morte. Devo dizer-lhes que como cristão não creio na morte, mas sim na ressurreição. Se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Isso lhes digo sem nenhum orgulho, mas com a maior humildade... Como pastor estou obrigado por lei divina a dar minha vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, mesmo por aqueles que vão me matar. Se chegarem a cumprir as ameaças, desde já ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e salvação de El Salvador...

O martírio é uma graça que não creio merecer. Mas se Deus aceita o sacrifício de minha vida, que meu sangue seja semente da liberdade e sinal de que a esperança será em breve uma realidade...”.

Que Deus nos conceda a graça de viver o Evangelho com a mesma paixão de Dom Oscar Romero, anunciando a Justiça do Reino, e denunciando tudo que causa o sofrimento e morte do povo, tudo que fere a dignidade humana e destrói a vida e nos faça fiéis ao Projeto do Reinado de Jesus.

“Felizes as pessoas que são perseguidas por causa da justiça, porque o delas é Reino dos Céus” (cf. M5,12)

 

 

Cf. Celebração da memória prótética dos mártires da América Latina.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Ana Pereira de Macedo

Comentários  

#1 Zenilda Novais Rocha 06-04-2014 17:39
A Diocese de Rondonópolis celebra hoje a Romaria dos Mártires - a Memória do Primeiro Mártir - Jesus Cristo e da multidão que tombou pela causa dos esquecidos, abandonados e feridos em sua dignidade humana. Em comunhão com todos e todas que peregrinam na Romaria reavivamos a memória do martírio e da vitória de Jesus sobre o mal e sobre a morte.

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar

Direção
Isabel do Rocio Kuss, Ana Cláudia de Carvalho Rocha,
Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

Serviços - logo branca
JFC

Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas
Rua Des. Nelson Nunes Guimarães, 346
Bairro Atiradores - Joinville / SC – Brasil
Fone: (47) 3422 4865