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13 Maio 2014
Solidariedade aos Guarani e Kaiowá do acampamento Apyka´i em Mato Grosso do Sul

As disputas territoriais entre proprietários de terra e povos indígenas no Mato Grosso do Sul é um assunto complexo e espinhoso, mas que precisa ser assumido com seriedade e compromisso pela sociedade e pelos órgãos responsáveis, pois se trata de uma questão que diz respeito à vida e à dignidade humana. A grande maioria dos acampamentos indígenas existentes na porção meridional de Mato Grosso do Sul foram formados em decorrência do processo de expulsão dos Guarani e Kaiowá de seus territórios tradicionais. Muitas dessas famílias foram introduzidas compulsoriamente nas Reservas Indígenas criadas entre 1915 e 1928, porém, parte dessas famílias permaneceu em áreas de matas, nos fundos de fazendas ainda não ocupadas pelas frentes de expansão.

Essa situação se agrava a partir do final da década de 1970, quando se tem no sul do Estado, a ocupação mais intensiva da terra, baseado no cultivo intensivo do trigo e da soja e na pecuária melhorada. Nesse processo, a presença indígena nas áreas de mata foi negligenciada, já que era comum práticas de expulsões e perseguições dos Guarani e Kaiowá dos seus territórios de domínio e ocupação tradicional, obrigando-os a se deslocarem forçadamente em direção  às minúsculas e artificiais Reservas Indígenas criadas pelo Estado, cujas áreas não eram e nem são suficientes  para a sobrevivência das famílias.

Dessa forma, para reconquistar seus territórios, muitas famílias indígenas passaram a montar acampamentos, como é o caso dos Guarani e Kaiowá do acampamento Apyka´i, no município de Dourados-MS, que há mais de quinze anos vem reivindicando seu tekohá (território). Nesse longo período de luta pela sobrevivência, entre ocupações e despejos, por vezes, essas famílias foram removidas para a beira de estradas, o que tem levado a situações extremas de violências e mortes por assassinatos e atropelamentos.

Atualmente, vivem numa pequena área de mata, (próxima à rodovia Dourados-Ponta Porã), onde, com muita dificuldade, procuram sobreviver.

As condições de vida degradantes ferem e afrontam a dignidade da pessoa humana. São homens, mulheres, crianças e jovens que mesmo invisibilizados e desprezados pela sociedade continuam lutando pelo direito de reaver o  seu tekohá. Os acampamentos como o de APYKA’I mostram a realidade desumana em que vive  o povo Guarani e Kaiowá de Mato Grosso do Sul, que apesar das condições de extrema miserabilidade, abandono e descaso do governo brasileiro   , com coragem e esperança resistem a todas as formas de  ameaças, perseguições, violências despejos  mortes.

Manifestamos nossa solidariedade e apoio às famílias que vivem no acampamento APYKA´I. Defendemos a suspensão imediata da ação de reintegração de posse em desfavor à comunidade Guarani e Kaiowá de APYKA´I. Esperamos que os órgãos competentes retomem imediatamente o processo de estudo para identificação e demarcação da área em litígio, garantindo às famílias o direito ao seu tekohá. E que essas famílias não sejam, mais uma vez, despejadas e jogadas às margens da BR 163.

Dourados, 13 de maio de 2014

AGB Seção Dourados

ADUFDOURADOS

CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS CATEQUISTAS FRANCISCANAS

Comitê de Defesa Popular

CIMI

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Equipe de Articulação do Projeto Guarani Kaiowá

Comentários  

#3 Emilia Altini 25-05-2014 17:00
Ola! irmãs e demais aliados desta causa tão ferida, agredida e discriminada.
Ouçamos o Grito da Terra, da Vida ferida dos povos indígenas e populações tradicionais. Que a Teimosia, a Resistência, a Esperança dos povos indígenas, nos reative as forças e nos irmane a avançar em nossos projetos missionários. Estar com eles é alimentar a certeza de que a verdade e a justiça prevalecerão aos pobres, humildes e excluídos." Não tenham medo...."
#2 Magda Mascarello 15-05-2014 23:39
Dizemos não à reintegração de posse do Tekohá Apyca'I e nos solidarizamos com o povo Guarani Kaiowá do MS, duramente violentado pelo agronegócio. "Será que nossos parentes valem menos que esta cana (de açúcar) do fazendeiro que está aí?" é uma das tantas frases de lamento que ouvimos deste povo quando por lá passamos. Sua dor é nossa dor! Sua luta é nossa luta! Já não suportamos tanta violência...
#1 Beatriz Maestri 15-05-2014 10:49
Nossa solidariedade a este povo em sua luta pela retomada de seu tekohá (terra sagrada). A resistência desses povos é sinal de esperança numa sociedade que violenta cada vez mais a dignidade dos pobres! Sua bandeira de luta é também a nossa!

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