É tempo de construir a rede

Fios se encontram e desencontram

Construindo redes de solidariedade

E desconstruindo redes de opressão

Nos dias 23 a 25 de maio de 2014 tive a graça de participar do encontro sobre a Missão da Vida Religiosa Consagrada frente à realidade do tráfico de pessoas. Estávamos reunidos em Lages/SC, num grupo de aproximadamente 45 pessoas, entre religiosas/os e leigas. Dentre o grupo, éramos sete Irmãs Catequistas Franciscanas.

O encontro foi promovido pela CRB de Santa Catarina e assessorado por Irmã Eurides Alves de Oliveira, ICM, que integra a Equipe Intercongregacional da REDE UM GRITO PELA VIDA.

Na primeira tarde dedicamos um tempo para o diagnóstico da realidade, onde fomos sensibilizadas/os para ver e sentir a realidade do tráfico de pessoas, bem como, os seus desafios e implicações.

Percebemos que o tráfico de pessoas faz parte de um cenário maior, isto é, está correlacionado a alguns cenários conjunturais: estrutura social  desigual e injusta; o capitalismo neoliberal inclui as pessoas através do nível de consumo; crescimento das violências; sociedade e mídia mercantilizam o corpo humano; crescimento das migrações x nova lei migratória, entre outros.

“O tráfico humano é a desumanização mais cruel, por parte de quem pratica, quem é vítima e quem silencia, isto é, não reage”, dizia a assessora. Sim, é uma violação dos direitos humanos e agressão à dignidade das pessoas.

No segundo dia dedicamos um tempo significativo para conhecer a caminhada e missão da REDE UM GRITO PELA VIDA.

“REDE UM GRITO PELA VIDA é uma Rede Intercongregacional de enfrentamento ao Tráfico de pessoas, que foi uma iniciativa da Conferência dos Religiosos/as do Brasil (CRB), que reúne cerca de 150 religiosas/os presentes nos diversos estados do Brasil e integra a Talitha Kum – Rede Internacional da VRC no enfrentamento ao tráfico de pessoas”.

Finalmente chegou a hora de nos organizarmos e unir os nossos fios para somar e ampliar a REDE UM GRITO PELA VIDA.

Organizamos uma equipe de articulação, em nível estadual, na qual Irmã Raquel Travessini (Salvatoriana), assumiu o papel de ser a pessoa de referência da Rede Um Grito pela Vida, no estado de Santa Catarina. Também nos reunimos por dioceses e escolhemos as pessoas de referência de cada núcleo, para contribuir na articulação das ações de sensibilização, divulgação e formação de multiplicadoras/res.

Escolhida a equipe ainda apontamos algumas ações:

ü   Sensibilizar o Estado para a implementação do 2º Plano Nacional de Enfrentamento 2013-2016;

ü   Estudo e capacitação, visitar e mobilizar as forças de enfrentamento já existentes;

ü   Divulgação da Rede através das mídias;

ü   Mapeamento da realidade.

Sim, foi muito bom participar desse encontro, ver e sentir a animação das/os participantes e de Irmã Eurides que vibra pela causa. Nem o frio, que não foi pouco, nesses dias em Lages, intimidou a sensibilidade, o desejo de aprofundar a temática e a vontade de participar concretamente da REDE UM GRITO PELA VIDA!

Termino com as palavras do Papa Francisco: “O tráfico humano é uma atividade ignóbil, uma vergonha para nossas sociedades que afirmam serem civilizadas. A escravatura mais extensa neste século XXI. Esta realidade se impõe como um grito, um apelo, uma provocação à indignação e a profecia para a Igreja e a sociedade”. (homilia de Páscoa 2013)