DOCUMENTO FINAL
Nós Jovens indígenas das aldeias, Zutiwa, Lago Branco, Nova Lima, Tarrafa, Papa Mel, Vargem Limpa, Formiga, São Domingos, Abraão, Patizal, Cajá, Portugal, Buritirana, Arymy, Alto Mirim, Ipiranga, Iarazu, Preguiça Queimado, Barro Branco, Bela Vista, Pitombeira, Naipó, Vila Nova, reunidos nos dias 25, 26 e 27 de julho de 2014, na Aldeia Zutiwa, Terra Indígena Araribóia, município de Arame - MA, no IV Encontro de jovens indígenas Tentehar/Guajajara da região Zutiwa e Angico Torto, reunimos sobre a luz do tema: Jovens Indígenas, e a luta por nossos direitos.
No decorrer do encontro, levantamos muitas preocupações, entre elas, a criação de leis de iniciativas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário tendentes a restringir e retirar direitos que pareciam consolidados e definitivos. Leis, as quais, visam explorar e mercantilizar o território indígenas, potencializa o desmatamento provocado pelos madeireiros, o descaso com a saúde, educação, ameaças a nossas lideranças indígenas, nosso modo de vida e nossos recursos naturais.
Portanto, expressamos que nós jovens indígenas Tentehar/Guajajara das aldeais acima citada, entendemos que o direito dos povos e comunidades indígenas à posse e usufruto das suas terras constitui direito fundamental. Como se sabe, a terra para nós indígenas representa muito mais do que patrimônio material. São as terras que proporcionam a nossa continuidade e possibilitam a reprodução ao longo do tempo, vivendo de acordo com as nossas tradições e cosmovisões peculiares. As terras têm significado espiritual e são vitais para a nossa existência e bem viver.
Desta forma, repudiamos todo e qualquer ato que vise invadir, explorar, mercantilizar nosso território. A exemplo, PEC 215, PL 1610, PEC 38 (...) como tantos outros existentes no Congresso Nacional. Também repudiamos as ameaças as nossas lideranças que lutam por nossos direitos, a violência sofrida por membros de nosso povo; repudiamos a invasão da Polícia Civil, Policia Militar, Força Tática, contendo dez viaturas e quarenta e cinco policias na região Zutiwa; repudiamos também a presença de servidores da Coordenação Regional da Funai Imperatriz que contribuíram com a invasão; repudiamos a agressão cometida a membros da comunidade (idosa e doente) pelos policiais.
A participação e compromisso da juventude de nosso povo no encontro anuncia que a resistência se renova à luz da sabedoria de nossos ancestrais e da experiência de nossos guerreiros e guerreiras apontando para um tempo de luta e de conquistas que será celebrado sobre o chão dos nossos territórios, sob a sombra de nossas árvores, nas águas de nossos rios, e ao som dos nossos maracás, cantando a chegada de uma nova era.
Aldeia Zutiwa, 27 de julho de 2014