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Postado por  Província Imaculado Coração de Maria 29 Abril 2017

Durante a quaresma fomos convocadas/os pela CNBB a refletir sobre os “biomas brasileiros e defesa da vida”. Tal como Jesus, a natureza também padece pela harmonia quebrada, pela bondade violentada, pela beleza ferida... “A criação geme em dores de parto” (Rom 8,22). Jesus e a Criação carregam a Cruz até o Calvário. Como Jesus, a Criação, também precisa ressuscitar. A nossa ressurreição está ligada à ressurreição de Jesus e de toda a Criação.

Foi com estas reflexões que os dois grupos de simpatizantes de Minas Gerais iniciaram o retiro em preparação à páscoa. A temática da Campanha da Fraternidade contribuiu para uma leitura orante dos evangelhos da ressurreição.  A luz da Ressurreição ilumina toda a Criação. O universo inteiro é a “habitação” do Cristo Cósmico que esteve presente desde a criação do mundo (Cf. Jo 1, 1-ss). 

Os grupos foram aprofundando como a aparição de Jesus Ressuscitado no primeiro dia da semana foi entendida pelos primeiros cristãos como a aurora do “primeiro dia” da Nova Criação de todas as coisas. À luz deste “novo dia”, Cristo aparece como o primogênito de toda a Criação, que reconcilia todas as coisas no céu e na terra. Pela Ressurreição, que pulsa em nós e na natureza, romperam-se todas as amarras do espaço e do tempo e Cristo ganhou uma dimensão cósmica.

Outro ponto que despertou para a reflexão foi perceber que os gemidos do Crucificado no Calvário remete aos gemidos de parto de toda a Criação, e o túmulo vazio representa a concretização do parto. Portanto, a salvação é salvação de toda a Criação e de todas as criaturas, e não pode ficar restrita à “salvação da alma humana”. A “ressurreição dos mortos” ocorre nesta terra e leva os que receberam a vida para uma “nova terra onde mora a justiça, de acordo com sua promessa” (2Pd. 3,13). Ressurreição e vida eterna são promessas de Deus para os todos os seres desta terra.

Os grupos foram aprofundando essa temática com a ajuda das Linhas Inspiradoras. Como “francisclarianas/os sentimos hoje a urgência de seguir os caminhos de uma ética ecológica para que possamos nos situar, na Criação, numa atitude participativa e de cuidado responsável. Foi observado que, no mundo, cresce cada vez mais um novo modo de pensar e de entender o universo enquanto “teia de relações”. Isto significa que há uma unidade fundamental e uma vasta rede de inter-relações, conectados a todos os elementos da natureza. Tudo está interligado, como mostrou muito bem o canto do Pe. Cirineu.

A partir dessa perspectiva todos os seres, vivos e não vivos, são parceiros numa verdadeira “dança cósmica”, numa grande comunhão universal. Nós também fazemos parte de uma “rede” de relações múltiplas e recíprocas, nas quais o próprio Cristo Ressuscitado se faz presente, como fonte de vida.

Os grupos concluíram que se não houver uma “salvação da natureza”, também não poderá haver uma “salvação do ser humano”, pois os seres humanos são seres da natureza. Isto nos convida a todos/as a permanecermos fiéis à terra, a respeitá-la, cuidá-la e amá-la como a nós mesmos/as. E São Francisco compreendeu isso de uma forma magnífica e muito amorosa.