No dia da abertura da Copa do Mundo de 2014, um rapaz bateu no meu carro. Eu havia estacionado naquele momento. Não tinha sequer, saído do carro, quando ele, numa tremenda falta de atenção colidiu, amassando a porta do lado esquerdo. Foi algo inusitado. Tive que sair pela porta do passageiro. Mas, por incrível que pareça, não fiquei nervosa.

O rapaz estava tenso, pois sabia da gafe que havia feito. E temia minha reação. Aquela minha tranquilidade foi coisa de Deus!

Esse episódio me trouxe bem presente o quão tem me ajudado a crescer como gente fazer parte do grupo de simpatizantes do carisma francisclariano. Vejo que é nos pequenos detalhes do cotidiano que a gente consegue experimentar a força da saudação “PAZ e BEM”.

Fiquei atônita como na nossa sociedade a ‘esperteza’ para enganar as pessoas parece ser um grande ‘valor’. Meu carro já tinha alguns arranhões e alguns detalhes precisando arrumar. Na colisão, o único dano foi na porta. Mas, muita gente me orientou para que eu fizesse o rapaz pagar muito mais. Muitos disseram que eu estava sendo ‘besta’, em exigir o conserto só da porta... Que eu devia ser ‘inteligente’...

Aí me veio presente o conto que li nas Linhas Inspiradoras da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas. O conto fala que os monges, com seu abade, resolveram demolir o mosteiro para que pudessem “ver o sol surgir de manhã...”. O conto retrata a importância do desapego na busca da felicidade. A experiência do desapego difícil, mas necessária para se dispor a viver uma vida fraterna.  “... Quando, no desapego, nos colocamos sob a proteção dos ‘dias de tempo comum’, onde as respostas são poucas, as palavras simples e a entrega da vida intensa, poderemos ter a surpresa rompedora dos sinais da graça que nos visitam (Linhas Inspiradoras, p. 17)

Concluindo, o carro foi consertado. A seguradora do rapaz resolveu fazer uns reparos além da porta, por iniciativa própria. E eu tenho a consciência tranquila.

Ser simpatizante do carisma francisclariano é uma dádiva. Louvo a Deus por fazer parte desse grupo. Sei que preciso aprender mais e vou buscar na fonte. Preciso me converter diariamente para assim como Francisco e Clara saber defender a vida e os ‘leprosos’ do nosso tempo.

“Senhor, fazei de mim, um instrumento de vossa paz...”

Sonia Cabral / Rio Branco -Acre