Sou Girlaine Almeida da Silva, indígena da etnia Desana, comunidade Trovão, no Alto Rio Negro, município de são Gabriel da Cachoeira-AM. Sou filha de Maria Gizelda Penha Almeida e José Ivanildo da Silva, tenho duas irmãs e um irmão, entre eles, eu sou a segunda filha.
Minha vida cristã iniciou a partir do momento em que fui batizada com dois anos de idade, no ano 2000, na comunidade de Querari na fronteira com a Colômbia. Durante a minha infância e adolescência meus pais me incentivaram a participar na comunidade e crescer na Fé.
No mês de fevereiro de dois mil e quatorze, antes da páscoa, quando o padre Reuberson (MSJ) estava fazendo visitas nas comunidades ribeirinhas da paróquia Dom Bosco, atualmente paróquia Nossa Senhora Aparecida, juntamente com as Irmãs Catequistas Franciscanas, Maria Aparecida Marques Fernandes e as postulantes, foi quando as conheci. Era período das férias, numa quinta-feira, um dia de trabalho comunitário, as mulheres estavam preparando o açaí para partilhar após o trabalho, eu também estava no meio das mulheres ajudando a preparar o vinho. Eu tinha meus quinze anos de idade e estava morando com os meus avós na comunidade, chamada Matapi, estudava o Ensino Médio. Aquele dia foi muito importante na minha vida, pois o padre me fez o convite se eu desejava seguir a vida religiosa e apresentou a irmã catequista franciscana.
A Partir desse momento eu comecei a pensar no que ele tinha me falado, eu tinha que tomar uma decisão, porque no dia seguinte elas já partiriam para outra comunidade. Eu olhava para elas e via um jeito simples de se vestir, de estarem no meio do povo, comendo junto conosco. Algo dentro de mim me dizia mais forte, então na mesma tarde antes da partilha, procurei a irmã e disse que queria fazer experiência com elas. A irmã pegou meus dados completo. Porém, meu pai e minha mãe não sabiam dessa minha decisão, somente depois ficaram sabendo. No momento da partilha na comunidade a irmã disse que tinha uma jovem que iria fazer experiência com elas, todos ficaram curiosos querendo saber quem era a jovem e ela me apresentou para comunidade. Meus pais apoiaram a decisão que eu tinha tomado, a partir daí comecei a ser acompanhada pela irmã, Maria Aparecida.
No ano 2015, ingressei na congregação iniciando o processo de formação na irmandade de Manaus. Foi um período de estudo e de conhecimento das irmãs. Nos anos seguintes comecei aprofundar sobre a história e carisma da congregação começando a colaborar em projeto sociais e na catequese nas comunidades por onde passei. E cada vez mais o desejo de ser irmã catequista franciscana cresceu e cresce dentro de mim. Neste ano de 2018, no dia 31 de maio ingressei no postulado que é um período de desejar, querer ser uma verdadeira discípula de Jesus Cristo na vida consagrada.
Nesse caminho percebo realmente o amor e carinho de Deus para comigo. Ele nunca desistiu de mim, cada vez me aproxima de pessoas que me cativam através de suas palavras, testemunho e pela ação do Espírito Santo.
Sou agradecida a Deus por me proporcionar todos os momentos de partilha de vida, alegria, superação das dificuldades que me amadurecem cada vez como pessoa que busca viver a vida religiosa consagrada na Congregação. E o mais importante de tudo é a oração que fortalece a espiritualidade, onde encontro forças para continuar trilhando o caminho junto das minhas irmãs, na construção do Reino de Deus. Sou feliz por estar fazendo parte da Família Franciscana.