Deus é autor desta história!
Sou irmã Lucia Vegini, nascida no dia 24 de janeiro de 1941. Com alegria, partilho um pouco sobre meu chamado à Vida Religiosa e Missionária.
Em primeiro lugar, quero dizer com carinho que minha mãe, Mística Volpi Vegini, e suas colegas Maria Costa Baruffi e Maria Piccinini, eram 3 irmãs Catequistas Franciscanas no tempo de Irmã Maria, Amábile e Liduina. Minha mãe ficou na Congregação por quatro anos. As outras duas também saíram, casaram e deram filhos para Vida Religiosa. As três foram verdadeiras missionárias em Primeiro Braço do Norte, na Capela Santo Antônio, de Luiz Alves/SC.
Eu, Irmã Lucia, sou filha da Mística e do Bertholo Vegini; Padre Elvecio, filho de Maria Baruffi, foi superior dos padres salesianos; Maria Piccinini teve quatro filhos na vida religiosa: Dom Bonifácio, Padre Severino, Irmã Ana e Irmã Virginia - todos/as salesianos/as.
Ao saírem da congregação, as três continuaram missionárias, fazendo tudo na capela. Maria Piccinini tocava harmônio e as três vibravam nos cantos. Aos domingos, sempre tínhamos o terço, entre outras atividades. A comunidade participava com intensidade. Todos/as fechavam as casas e a igreja era uma festa!!! O povo cantava muito, muito, muito (tutti Italiane...). Minha mãe foi professora por muitos anos e com amor e ajuda encaminhou muitos/as para a vida religiosa.
Desta Capela Santo Antônio, somos 46 religiosos/as, 26 sacerdotes, 3 bispos. (a maioria colegas de aula). E na Paróquia São Vicente, somos 149 religiosos/as, 61 sacerdotes e 4 bispos: Dom João Costa, José Balirtieri, Bonifácio Piccinini e Dirceu Vegini.
Entrei no colégio no dia 23 de janeiro de 1959, em Rodeio/SC. Minha irmã Maria também foi. Mamãe que nos levou e quem nos recebeu foi o lindo e marcante sorriso de Irmã Liduina. Ela esperava ver minha mãe. Irmã Liduina sempre me dizia que minha mãe era uma santa. Nunca esqueço o abraço das duas. As duas choraram (elas viveram junta em Apiúna/SC). Quando mamãe morreu, minha irmã voltou para casa.
Minha professora foi Dona Maria Paruffi na 1ª e 2ª séries e seu esposo Abrão B, foi na 3º e 4ª séries. Mamãe era nossa professora em casa. Cursei o Normal Regional em Rodeio/SC. Durante quatro anos, fiz faculdade de férias. Faculdade bem suada... Mas vencida!
Fiz o postulantado no ano de 1964, o noviciado em 1965 e a profissão temporária em 1967 em Rodeio/SC. A profissão perpétua foi no dia 6 de outubro de 1974 em Benedito Novo/SC. Celebrei os vinte e cinco anos de vida Religiosa em 1992 e as bodas de ouro no dia 14 de janeiro de 2017 em Rodeio/SC.
Após a profissão, iniciei minha missão como professora em Sede Belém, Município de Herval D’Oeste/SC, onde assumia também os trabalhos pastorais. Fiz o 1º ano do Normal em Herval D’Oeste. Fiquei 2 anos em Sede Belém, e fui transferida para Joinville/SC, bairro Vila Nova. Continuei meus estudos em Guaramirim, no Colégio Lauro Zimmerman. Dei aula na comunidade Cristo Rei, com 4 turmas ao mesmo tempo, 59 alunos, sendo um mais querido que o outro. Tenho muita saudade daqueles alunos e da comunidade. À tarde, dava aula para o Ginásio no Colégio Francisco Manuel da Silva, na Vila Nova.
Vivi minha missão como professora e atuando nos trabalhos pastorais nos seguintes lugares: Sede Belém, 2 anos; Joinville - Vila Nova, 7 anos; Benedito Novo, 8 anos; Doutor Pedrinho,10 anos - onde me aposentei. Aí, fui para Assis Brasil/AC, 3 anos, Senador Guiomard, 2 anos, Guajará Mirim, 1 ano, Porto Velho, 1 ano, Rodeio/SC – Casa mãe, 3 anos, Velha Central - Blumenau/SC, 7 anos, Casa Provincial, 3 anos, Jardim Iriú - Joinville/SC, 4 anos, Paranaguamirim - Joinville/SC, 3 anos, Rodeio 50/SC, 3 anos, Setor Cora Coralina - Goiânia/GO, onde vivo atualmente. Nesta última realidade, vejo muita luta do povo que sofre para sobreviver. Tenho muita ternura, compaixão e respeito. Essa experiência de Deus com o povo se constrói passo a passo. “Se quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mt 16, 23).
A experiência na Amazônia foi uma marca histórica em minha vida! Senti em minha pele o que é ser missionária e Irmã Catequista Franciscana. Tenho muito respeito e estima por esse querido povo e muita saudade daqueles olhares simples, sinceros, amigos, sofridos... Em Assis Brasil, o povo do interior vivia isolado e longe de tudo... Nós chegávamos a andar 9 a 10 dias a pé e a cavalo para atender o povo na Guanabara, que era a comunidade mais longe de onde morávamos.
Assis Brasil foi para mim uma profunda vivência do nosso carisma. O olhar do povo sofrido e alegre me tocava muito... nos pequenos gestos de acolhida, de dar o lugar para sentar no chão, o valor de cada pessoa e a sua riqueza cultural e religiosa tão simples e sábia... Muitos desafios enfrentei nesta terra sagrada.
Sempre me coloquei nas mãos de Deus. Ele não pode fazer nada se não entregarmos o coração! Como diz Dom Pedro Casaldáliga “É fácil levar o crucifixo no peito. O difícil é ter peito e coragem para seguir Jesus Cristo”. Para fazer o bem, não existem fronteiras, porque a meta a gente busca, o caminho a gente percorre, e os desafios a gente enfrenta como enfrentamos muitos na região amazônica. Que meus pés nunca se cansem do tamanho da estrada e meu coração nunca deixe de amar os pobres e todas as pessoas que encontro no caminho. Entoai ação de graças, por esta caminhada! Agradeço a todas/os que me apoiaram, principalmente a família e peço a graça de ser fiel até o fim!
Observação: Somos sete irmãos. Eu sou a quarta. Todas as noites, rezávamos o terço, de joelhos, ao redor da mesa. O terço não acabava nunca porque a mamãe rezava uma Ave Maria para Irmã Liduína, outro para Irmã Maria, para a Irmã Amábile, pra nona, pro nono etc, etc, mas rezávamos com muito amor, embora os joelhos doessem...
A frase que me sustenta no dia a dia: “Não temas! Eu estou sempre contigo”, porque estou em Deus. Eu dentro de Deus.
04 de janeiro de 2021.
Irmã Lucia Vegini
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