Cicaf

‘”É preciso rever, é preciso parar, olhando a história.

Fazendo a memoria vamos celebrar’’

É com animo, alegria e espírito celebrativo que eu, postulante Irlândia Oliveira Almeida, natural de Ipirá-Ba, pertencente à Diocese de Ruy Barbosa, partilho minha missão e estagio nesta diocese, na cidade de Itaberaba e cidades vizinhas nos dias 26 de agosto a 09 de Setembro.

Saí de Feira de Santana no dia 26 de agosto junto com a Irmã Iria Minosso para Itaberaba, cidade marcada pelas lutas populares, Cebs, MST, cidadania; com o objetivo de ver, fazer memoria, contribuir e comungar da vida, lutas, sonhos, desafios, conquistas e história das irmãs junto ao povo, nesta região nordestina e baiana

Fiz a experiência de repórter, entrevistei as lideranças que partilharam a alegria de ter as irmãs por perto nas lutas por moradia, catequese, encontros, celebrações... Tive a graça de participar do dia 7 de setembro clamando por educação de qualidade, saúde, respeito aos idosos, crianças, jovens... Senti-me parte daquele povo e feliz por estar junto. 

Com a irmã Silvana participei de reuniões na comunidade... e ajudei no retiro com jovens em Santo Amaro com o tema: Juventude, vitalidade e profecia na Igreja, como jovem revigorei as forças partilhando meu ser profeta e provocando a também eles/as assumirem seu profetismo no hoje da historia, foi um momento muito rico de trocas de experiências, sonhos, desejos, inquietações, partilhas... Diante dos olhos brilhantes da juventude lembrei-me do nosso papa Francisco no Rio de Janeiro na JMJ que dizia que a Juventude é a esperança do mundo, da Igreja.

Depois seguimos para Mundo Novo, “lembrar que neste chão as irmãs catequistas iniciaram sua missão por aqui marcando presença na realidade do povo”, fiquei emocionada com os relatos das pessoas que foram entrevistadas e que falava com amor, do carinho das irmãs que por lá passaram e muito ajudaram ao povo nos encontros da bíblia, visitas, celebrações... em cada coisa que ouvia e via  lembrava dos livros que estudei na formação  que a  Irmã Ede Maria escreveu, porém, com uma diferença que é a de conhecer o povo, o lugar, a realidade. Continuamos nossa missão passando por Piritiba, Miguel Calmon e por fim em Boa Vista do Tupim, no assentamento Beira Rio onde está a Irmã Helia Marchezan querida, humilde, acolhedora; que povo querido, sofredor, alegre e cheio de fé. Bonito ver o povo com suas casas, com suas hortas apesar da seca que muito castiga,  eles não desanimam, plantam de tudo e com isso se sustentam, vendem as verduras e frutas e é seu meio de sobrevivência. Visitamos muitos assentamentos dentre eles a Aliança, Pé do Morro, Terra Boa, Crispim...  Cada assentado com sua realidade, mais muito feliz com sua casa e sua terra para plantar. À noite nos encontrávamos para celebrar: uma noite com toda a comunidade, outra com jovens, crianças e adolescentes. Em cada lugar por onde passei percebi o quanto aprendia com o povo, via a face de Deus em cada irmão e irmã; andei de balsa, barco a remo, “meu Deus descobri até meu medo de água, rsrsrsrrs”. Foi um estágio e tanto. Voltamos para Itaberaba e lá tive uma manhã de formação com a Irmã Terezinha Foppa com o tema: Princípios do trabalho popular. Alarguei meu ser presença,  meu escutar, estar junto, o ter que refazer, o não perder a esperança com o pobre. Na convivência percebi senti e experimentei o ser Irmã do povo nas diversas realidades onde as Irmãs estão inseridas; aprendi também que o ser Irmã do povo é uma paixão carregada de indignação contra a injustiça, mais é uma paixão cheia de ternura pelo povo e por quem se dispõe a construir um mundo mais humano, justo, fraterno na sua totalidade. Foram poucos dias, mas busquei vive-los com muita intensidade, alegria e disponibilidade. Valeu apena, foi maravilhoso aprender com cada realidade. Obrigada Fraternidade por esse momento; e como diz a musica de Almir Sater e Renato Teixeira “levo a certeza de que muito pouco eu sei e nada sei”. Por isso sigo buscando colocar em prática o recomeçar, reconstruir e refazer para melhor viver minha missão. Deus seja louvado em tudo e por tudo.  Paz e bem!

                         Irlândia Oliveira Almeida