Sou Rigoberta Ye’pario Mota Duarte, nasci em 27 de março de 1997, no interior do Município de São Gabriel da Cachoeira, “Taracuá”. Filha do professor Sebastião Mario Lemos Duarte da Costa e de Clara Mota Massa. Meu pai é nativo de Taracuá, da etnia Tukano, do clã Bo’sô kaperi Põ’ra, e minha mãe é de Pari Cachoeira, e eu pertenço a etnia e o clã do meu pai. Tenho quatro irmãs: Clary, Larissa, Yasmim, Faela e um irmãozinho o “iguinho”, no total somo 06, eu pertenço o terceiro lugar.
Desde a minha infância, tinha desejo de ser freira, mas quando fui crescendo, aos poucos, descobri outra vocação para minha vida. Ser professora de “Português”.
Ao completar meus 10 anos de idade, fiz parte do grupo de coroinhas, e estava preparando para receber a Eucaristia, e nesses encontros os coordenadores nos questionavam: o que queríamos ser no futuro, qual era nosso “sonho”, eu sempre dizia que queria ser professora. Mas quando eu tinha treze anos de idade, o Padre Bruno, que estava substituindo o Padre Carlos, chegou no distrito de Taracuá para ser Pároco, nesse tempo, eu fazia parte do grupo de coroinha, catequese e infância missionária.
Quase no final do ano, depois da celebração da quinta-feira à noite, o Padre Bruno me convidou para fazer parte do grupo vocacional. Eu fiquei de dar a resposta, disse a ele que iria pensar, porque para mim, esse grupo era mais um grupo de seguir um outro caminho.
Logo no começo do ano, o padre veio até a minha casa, atrás da resposta, até hoje me lembro desse fato. E eu que já havia bem refletido, comigo mesma e com a minha família, dei a minha resposta com entusiasmo, que queria fazer parte do grupo vocacional.
No primeiro encontro, o padre convidou todos os vocacionados (as) e mandou se apresentar uns aos outros e depois deu as boas vindas. Esse primeiro encontro foi muito legal. E no 3º encontro, ele começou a distribuir a carteirinha vocacional, onde tinha vários compromissos que seriam assumidos ao longo da caminhada. E ele dizia que nós vocacionadas poderíamos fazer parte ou assumir pastorais.
Graças a Deus eu fui convidada pela Irmã Rita (Salesiana), para ser coordenadora de um dos grupos de Infância Missionária. Como eu gostava de cantar, ajudava o meu primo João, (que era catequista da Vila e também vocacionado) nos encontros e nos momentos comemorativos da Vila, também participava no grupo dos jovens: “JUT”. Nesses grupos eu recebia formações para a vida.
E eu ainda não pensava mais em ser anunciadora e seguidora de Cristo, esqueci completamente o meu sonho de criança. Mas Deus não desistiu de mim, quase na metade do ano, chegaram em Taracuá, as Irmãs Catequistas Franciscanas, que estavam fazendo visitas aos familiares da Fátima Pádua Castro (noviça) e também de Taracuá, e aproveitaram para conversar com o nosso grupo sobre a sua Congregação. Nesse momento, vendo as meninas e as outras Irmãs contando sobre a sua experiência e convivência, Deus tocou em meu coração, mas não falei nada, simplesmente fiquei quieta.
E ao chegar em casa, conversei com a minha família, que eu havia gostado do carisma dessa Congregação, que era simples, acolhedora, Irmãs do povo e que seguiam Jesus nos passos de Francisco e Clara de Assis. E a minha mãe me falou que ser Irmã também é uma boa opção para a vida.
No próximo encontro vocacional, o padre fez um sorteio de uma camiseta da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas e eu fui sorteada. Fiquei muito feliz e cheguei em casa muito feliz. Mostrei para os meus pais, e a minha tia me disse que eu havia ganhado o presente de São Francisco, e essa frase me tocou bastante e me fez refletir muito.
Na metade do ano de 2012, veio nos visitar a Irmã Jucilene, Irmã desta mesma Congregação que mora na irmandade de São Gabriel da Cachoeira, nos estimulou bastante, conversando sobre o nascimento dessa linda e acolhedora Congregação. Enfim, saía de sua boca lindas palavras, que até no final do encontro nos disse que queria ver uma de nós nessa Congregação. E eu fui uma das que respondeu “o sim”, mas bem baixinho.
Foi uma grande alegria conhecer outra congregação, por que antes pensava que havia apenas as Irmãs Salesianas. Nesses encontros fui pensando no meu sonho de criança, que cada vez vinha renascendo. No final do ano, a Irmã Francinete chegou tão de repente em Taracuá, e depois da celebração de domingo, convidou as meninas do grupo vocacional para uma pequena reunião. Falou sobre a Congregação e disse que a Catiana, uma jovem da nossa comunidade, havia escrito uma carta para as irmãs, manifestando o desejo de entrar no aspirantado. Irmã Francinete perguntou se algumas de nós não queriam também fazer essa experiência com elas. E sem menos esperar, eu também disse que queria fazer parte dessa Congregação. Naquele momento eu dei minha resposta “sim”, sem falar com a minha família, mas minha mãe estava presente. Nesse encontro, éramos 07 jovens, e 03 sentimos chamadas e convidadas para essa Congregação.
Hoje eu estou aqui, com essa disposição, de livre espontânea vontade, fazendo o meu primeiro ano de experiência com as Irmãs, na irmandade de Manauara, convivendo com a realidade das comunidades da periferia de Manaus/AM e discernindo a minha vocação. Sou feliz com essa opção que eu fiz para minha vida.
Obstáculos sempre existiram e existirão, mas sei que Deus é grande, maior que as dificuldades e me convida a fazer parte desse Projeto, que é ser luz para o mundo.
Rigoberta Ye’pario Mota Duarte
Aspirante em Manaus
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