Dentre todos os benefícios que temos recebido do Pai das misericórdias ... está a nossa vocação (cf. TestClara v. 2-3).
Sim, com certeza, podemos dizer que a vocação é um dom. E o primeiro chamado é a vocação à vida. Cada ser humano recebeu o cuidado amoroso da Divina Sabedoria e o sopro de vida no momento da criação (cf. Gn 2,7). Esse chamado é individual e, ao mesmo tempo, comunitário: mulher e homem Ele os criou, com inteligência, língua, olhos, ouvidos e juízo para pensar... encheu-lhes o coração de sabedoria ... revelou-lhes a justiça de seus preceitos... e deu-lhes deveres para com o próximo (cf. Eclo 17,1-12) e... um jardim para cuidar (cf. Gn 2,8).
Com o dom da vida, nós recebemos o dom da liberdade, por isso, a resposta ao chamado à vida e o compromisso com o jardim (a terra com tudo o que ela contém) depende de cada pessoa. Os caminhos para a realização são os mais diversos, mas a resposta quase sempre é dada diante dos clamores da realidade e da época em que a pessoa vive. A provocação e o apelo atuais são em favor da vida, do sopro de vida que em muitas situações já não tem condições de sustentar-se, tanto no ser humano como em toda a criação.
Ver, com os olhos do coração, dar-se conta de que a vida está ameaçada e perceber que é possível assumir um compromisso para resgatar a dignidade do ser humano e de toda criação, é uma descoberta ao mesmo tempo maravilhosa e incômoda. Não dá para fazer de conta que não se viu, quando ao nosso redor está uma criança abandonada, uma mãe angustiada, um idoso esquecido, os jovens desorientados, os lavradores sem apoio, os países em guerra, a terra ferida... há um clamor por solidariedade, por ajuda, partilha, justiça. Sãos os olhos do coração que precisam ser iluminados (cf. Efésios 1,18) para buscar caminhos e realizar ações cheias de misericórdia. A realidade faz o coração se iluminar, se comover e se mover em direção ao mais frágil, ao mais necessitado.
Os caminhos são desafiadores. As vocações e a opção de serviços para a comunidade/sociedade são as mais variadas. Como seguidores de Jesus, os batizados e as batizadas fazem parte de uma comunidade/Igreja, onde assumem o compromisso de viver a solidariedade e a partilha a serviço da vida. As palavras leigo/leiga, vida religiosa consagrada, ministérios ordenados, são os mais consagrados no nosso imaginário eclesial e social quando se fala em vocação. Seja qual for a minha, a sua, a nossa escolha, nós podemos descobrir ações para atender aos clamores atuais. Nossas ações a serviço da vida não se limitam a uma escolha específica de vida. A partir da própria escolha, podemos somar forças para alcançar o mesmo objetivo: que todos tenham vida (cf. Jo 10,10). Mesmo quando nossa visão de mundo é diferente, a solidariedade, a construção da paz e o serviço à vida são uma provocação para unir forças e esforço para juntos servir.
Temos Jesus como guia e caminho. Na sua vida terrena, não fez grandes projetos mas, no cotidiano, acendeu a chama da esperança na vida das pessoas. Fez com que elas se sentissem amadas e acolhidas, deu-lhes um sentido para sua vida. E sua luz continua a mostrar a direção.
Também Clara e Francisco de Assis são dois luzeiros e exemplos para nos fortalecer na decisão e no compromisso de responder ao chamado, à vocação pessoal e comunitária. Na sua época e tempo, descobriram um jeito de dar resposta aos desafios e clamores, vivendo na simplicidade, no despojamento, no serviço aos mais pobres, no seguimento fiel e radical a Jesus Cristo.
Para o mês de agosto de 2014, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB convida a refletir sobre nossa vocação com o tema Vocações para uma grande missão, e o lema Ide e Anunciai (cf. Mt 11,4). A grande missão de cada pessoa é estar em comunhão com Jesus, com sua proposta de vida e ação. Vem e segue-me é sempre o convite que Jesus faz aos que encontra e, quando os jovens ansiosos buscam saber onde o Mestre mora, ele não se faz de rogado, mas simplesmente diz: Vinde e Vede (cf. Jo 1,38-39). Num belo hino, as comunidades cantam: “Mestre onde moras, Mestre onde estás?” E a resposta no mesmo hino é bem significativa: “no meio do povo, vem e verás”. Sim, hoje nós somos suas testemunhas e devemos estar no meio do povo para anunciar a Boa Nova aos pobres; proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos, e proclamar um ano de graça do Senhor (cf. Lc 4,18-19). Qual a sua disposição? Você pode se comprometer? Jesus espera a minha, a sua, a nossa resposta. Sejamos generosas e generosos e, com coragem, vamos segui-lo.
Defender e promover a vida, a justiça, a fraternidade, a paz (cf. CCGG 42) é uma das decisões que as Irmãs Catequistas assumiram no seu jeito de seguir Jesus. Você quer colaborar e somar força nesta empreitada? Procure, em sua região, pessoas, grupos, comunidades, organizações e instituições que trabalham em favor da vida, que querem reconstruir o jardim onde todos e todas se sintam realizados, contribuindo para que a justiça, a paz e a irmandade universal sejam o pão cotidiano.
E você, jovem, não quer sonhar os mesmos sonhos das Irmãs Catequistas Franciscanas? Ouça o chamado de Deus em sua vida, deixe-se surpreender e responda com generosidade. Entre em contato conosco e venha nos conhecer O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .
Qual a garantia? A presença de Jesus, pois ele mesmo diz: eu estarei contigo (cf. Mt 28,20).
Comentários
Abraços:
Ir. Marilete
Parabéns, pela iniciativa de motivar com uma linda reflexão na abertura do mês vocacional!
Vamos, sim, renovar o nosso "sim" neste ano centenário, rezar pelos/as jovens, para que assumam a vida como resposta ao chamado de Deus para viver a serviço, bem como para os/as que uma caminhada, sigam firmes, apesar dos desafios que tenham que enfrentar.
Um grande abraço
Anita