Respirando os ares das primeiras horas da primavera, no dia 24 de setembro, o Grupo de Interesse da Economia Solidária, integrado pelas irmãs: Célia Olívia da Silva, Maria Heidemann, Rosali Ines Paloschi, Tereza Valler, Zenir Margarida Busarello e Lucia Gianesini, iniciou o encontro na Vila Matilde-SP.
De acordo com a agenda, saímos em visita ao Banco Comunitário União Sampaio, localizado na região de Campo Limpo-SP. A Província Imaculado Coração de Maria é parceira deste Banco há algum tempo, apoiando seus projetos e disponibilizando uma parcela de recursos financeiros.
O Banco funciona junto à Casa da União Popular da Mulher (UPM), onde fomos recebidas com muita simpatia e alegria pela equipe que dinamiza os Projetos Sociais: Centro de Defesa e Convivência da Mulher; Núcleo de Convivência de Idosos, Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, Banco Comunitário União Sampaio, Centro de Profissionalização/Produção (Moda-Artesanato-Padaria-Beleza) Percurso em Defesa da Diversidade Cultural (espaço para proposição e controle social de políticas públicas para os povos da periferia e tradicional: indígenas, matriz africana e ciganos), Observatório Popular de Direitos (espaço para denúncia sobre violações dos direitos dos povos da periferia e tradicional: indígenas, matriz africana e cigana).
Após a apresentação inicial, a equipe narrou o percurso histórico da UPM. Reconhecida oficialmente, em l987, a União é hoje na região, o “guarda-chuva” de muitos movimentos, grupos de formação e de combate à violência. Em 1990, quando se constatou o envelhecimento dos migrantes nordestinos e a impossibilidade de regressarem à terra de origem, a UPM, trabalhou criativamente este novo fato criando grupos de Terceira Idade e reconhecendo o potencial da pessoa idosa na dimensão humana e sociopolítica.
Nos anos 2000, quando as mulheres entram no mundo do trabalho, foram criados também mecanismos de lutas populares para o resgate dos valores e direitos e inicia a busca de convênios com a sociedade civil. O que antes se voltou para dentro, agora com a rede de lutas, se volta para fora!
O Banco União Sampaio foi criado em 2009, com assessoria da Universidade de São Paulo – USP, com o objetivo de dinamizar o desenvolvimento local e buscar a melhoria da qualidade de vida, na perspectiva da Economia Solidária. Hoje, mais de 32 comércios aceitam a Moeda Sampaio: padarias, açougues, mercados, farmácias, lojas de confecções.
Terminada a roda de conversa sobre as atividades, houve tempo para apreciações, perguntas e agradecimentos pela oportunidade de vivenciar tão rica parceria de sonhos e caminhos, entre a CICAF e a União Popular de Mulheres! Num momento de sintonia entregamos à coordenação, a lembrança em memória de Irmã Beatriz que, em 2012, com amor missionário e em nome da PICM, fez a primeira visita a essa Casa. Foi a partir deste contato que iniciamos como província, uma parceria solidário-financeira com o Banco Sampaio. Sensibilizados/as rezamos o testamento profético que Beatriz nos deixou.
Em seguida, a equipe da UPM nos ofereceu um delicioso almoço feito por dona Maura. Todos/as, na alegria e na simplicidade, nos confraternizamos partilhando os sonhos, o arroz e o feijão da caminhada.
Ao regressar à Vila Matilde, o GRAI avaliou como positivo o encontro com a equipe que coordena as atividades do Banco Comunitário, bem como os projetos sociais da UPM. Merecem destaque: o leque de atividades que são desenvolvidas na comunidade e arredores e a persistência no processo de criação do Banco Comunitário; o espaço da casa onde são dinamizados tantos projetos: é muito simples, popular e bem aproveitado; a equipe formada por jovens cheias/os de sonhos e bem articulados com outros grupos e, sua efetiva conexão com as políticas públicas; a preocupação em dar visibilidade às pequenas conquistas para estimular a diversidade dos grupos a prosseguirem nas suas lutas e conquistas.
A filosofia da UPM coloca a VIDA no centro de todas as atividades. Percebemos nas falas muita sensibilidade e respeito pelas pessoas fragilizadas que buscam apoio no projeto. Os empréstimos do Banco Comunitário não se destinam apenas à produção, mas também para suprir as necessidades básicas das pessoas mais pobres como compra de gás, etc. Em resumo: foi positiva a organização dessa visita de intercâmbio e o material didático que recebemos.
Como GRAI, atuando em diversos projetos, nos perguntamos: Como nossa prática poderia ser diferente na metodologia, na organização dos projetos, nas parcerias e na conexão com as políticas públicas locais? Como criar uma identidade do “ESPAÇO”? Como trabalhar com as Mulheres que têm o cotidiano comum?
Edificou-nos o testemunho e a mística do grupo. Foi gratificante perceber e beber da bonita sensibilidade para com a questão das relações e do coletivo acompanhando inúmeros grupos de convivência. Grande é a atenção dispensada à percepção das necessidades trazidas pelos novos cenários. Ao nosso redor, quais os grupos que não são ouvidos?
Na origem de todos os carismas encontramos um vazio, um apelo que é captado por alguma pessoa ou grupo mais sensível. Foi também a sensibilidade profética que fez surgir nossa Congregação, há cem anos, na pequena comunidade de Rodeio.
As parcerias abrem espaço para a missão solidária com pessoas e grupos diferenciados. Levantem os olhos e olhem os campos: já estão dourados para a colheita! Vocês entrarão nos campos que outros trabalharam (cf. Jo 4, 36 ss).
O GRAI prosseguiu os trabalhos refletindo a respeito das instâncias de organização da Província.
Que a Divina Sabedoria continue impulsionando-nos à partilha solidária.
Nosso abraço e sintonia.