Nós, Irmãs Catequistas Franciscanas, manifestamos nossa solidariedade e apoio aos indígenas na luta pela terra e vida digna. Cremos na força da resistência!
Os Guarani Kaiowá da Comunidade Tekoha Kurusu Amba - Coronel Sapucaia, a 380 Km de Campo Grande-MS, após receberem ordem de despejo declararam que não vão sair de sua terra tradicional e decidiram lutar até a morte em Kurusu Amba.
A decisão foi assumida entre indígenas de 250 comunidades e divulgada em uma carta nesta quarta-feira (8) pelo Conselho da Aty Guasu:
Carta para Presidente da República Dilma Rousseff e Presidente do Supremo Tribunal Federal e para todas as sociedades nacionais e internacionais
Nós 250 comunidades indígenas Guarani e Kaiowa, (120 crianças e jovens, 60 mulheres e 70 homens), estamos reocupando uma parte de nossa tekoha (terra tradicional), depois de aguardarmos 10 anos de demarcação pelo governo federal e pela justiça federal.
Estamos passando acampados em baixo das barracas de lonas há mais de 10 anos, estamos passando miséria, fome, sem espaço de nossa terra para produzir, por isso, as nossas crianças e idosos (as) estão morrendo em acampamentos.
Enquanto aguardamos a demarcação de nossa terra tradicional, estamos morrendo uma parte sobrevivendo, passando miséria e fome, diante de nosso sofrimento permanente, passados 10 anos, decidimos reocupar a posse de uma parte de nossa terra para sobreviver e alimentar nossas crianças. Por lutar pela recuperação de nossa terra Kurusu Amba, os fazendeiros já mataram 04 lideranças Guarani e Kaiowa, em 2007, rezadora Xurite Lopes, com 70 anos foi assassinada pelos grupos armados das fazendas.
Nós decidimos recuperar um pedaço de nossa terra antiga e aqui estamos sobrevivendo e resistindo há 10 anos, e todos nós vamos resistir até a morte, decidimos morrer todos juntos e não iremos sair despejados de nossa terra antiga. Essa é a nossa decisão já 10 anos. Aqui estamos cercados de jagunço armado das fazendas, lançaram armas de fogos e tiros sobre as nossas crianças.
No dia 06 de outubro de 2014, a justiça federal em Ponta Porã-MS deferiu a ordem de despejo de nossas comunidades de tekoha Kurusu Amba nº 0001837-10.2014.4.03.6005, ordenou a força policial para atacar e expulsar nos indígenas Guarani e Kaiowa de nossas terras antigas. Em 20 dias seremos massacrados e mortos pela justiça do Brasil. Além de ameaça de pistoleiros armados das fazendas e recebemos ameaça de massacre da justiça federal de Ponta Porã, autorizando genocídio a nossa morte indígena. Assim, a própria justiça federal e Supremo Tribunal Federal estão permitindo e autorizando genocídio e a dizimação final dos povos Guarani e Kaiowa. Sabemos que todas as comunidades Guarani e Kaiowa das terras indígenas em regularização no Mato Grosso do Sul estão recebendo a ameaça de expulsão e massacre pela justiça federal e STF.
Diante dessas ameaças de violências da justiça brasileira, nós comunidades de Kurusu Amba comunicamos a todas as sociedades que nós vamos resistir em nosso pedaço de terra tradicional, daqui não vamos sair não, já decidimos lutar até morte aqui em Kurusu Amba.
O governo e justiça federal vão matar todos nós aqui onde estamos hoje. Há mais de 10 anos já estamos sofrendo muito em acampamento, nas barracas, as nossas crianças e idosos (as) estão morrendo, por isso, decidimos em não sair de nossa terra tradicional.
Já fomos avisados pela justiça federal de Ponta Porã que em 20 dias seremos atacados e massacrados pela força policial. Assim, temos vidas só mais 20 dias, vamos sobreviver somente mais 20 dias, já comunicamos que iremos ser atacados e mortos pela justiça federal. A nossa decisão é não sair com as vidas de nossa terra antiga.
Atenciosamente,
Assinadas comunidades Guarani Kaiowá de tekoha Kurusu Amba, 07 de outubro de 2014.
Comentários
A vida clama por justiça, terra e pão. VIDA É VIDA ! Não existe qualquer vida. Com que direito, forças truculentas podem se impor contra nossos irmãos indefesos?
Que os poderes constituídos pensem e repensem sobre seus deveres de cuidar, proteger e defender os povos deste país. Irmãos Guarai Kaiowa a terra é dom de Deus e nela vive quem precisa trabalhar e dela retirar seu sustento. Contem com nosso apoio. Ir. Zenilda Novais Rocha - Catequista Franciscana.