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08 Maio 2015
Cebs: um clamor de justiça está no ar!

A Campanha da Fraternidade deste ano trouxe para a reflexão questões importantíssimas em relação à Igreja e à Sociedade. Acredito que todas nós participamos de eventos, encontros, grupos de reflexão e outras iniciativas que nos instigaram na reflexão do tema proposto e em ações concretas.  No dia 26 de abril foi realizado, em Belo Horizonte, o Encontrão das CEBs, do qual eu tive a graça de participar e ajudar, e que reuniu mais de setecentas pessoas da região metropolitana.

Foi muito bonito ver todo aquele povo animado, chegando de diferentes lugares e diferentes igrejas ecumênicas: crianças, jovens, indígenas, grupos de economia solidária, do CEBI, da saúde alternativa, de movimentos populares e pastorais sociais, um bom grupo de religiosas e... uns poucos padres. A pastora Sônia, da igreja metodista, marcou o encontro e a celebração com sua presença ecumênica. Quando as CEBs se encontram é sempre uma festa e ninguém volta pra casa desanimado/a. Além da mesa temática, a diversidade das 25 oficinas, abordando temas candentes, mostrou que as CEBs não estão alheias aos desafios da sociedade atual e aos apelos do Papa Francisco, quando ele diz que quer uma Igreja “em saída”, uma Igreja solidária, servidora, missionária, empoeirada e enlameada, e, até mesmo uma Igreja acidentada.

Ser uma Igreja “em saída” para responder aos desafios que a sociedade atual nos apresenta, é uma das prioridades que as Comunidades Eclesiais de Base – CEBs tomaram como fundamento de sua vida e missão. Partindo do que foi refletido em diversos encontros nacionais e intercontinentais realizados nos últimos anos, e da realidade social em que as comunidades estão imersas, tem-se tentado encontrar caminhos que permitam continuar avançando na missão evangelizadora e libertadora que caracteriza a identidade das CEBs.

Entre os muitos desafios a serem abordados nos encontros foi colocada a necessidade de re-significar as CEBs a partir da memória histórica, da identidade e das juventudes. Além disso, no Brasil, as CEBs sentem-se desafiadas a retomar a formação fé e política, com ênfase na construção de um projeto político fundamentado na ética, na justiça socioambiental e nos direitos humanos. Para responder a esses desafios é necessário ensaiar novos métodos pastorais, inspirados e fundamentados no seguimento de Jesus de Nazaré, o que deve ser concretizado em escolas de formação e em novas dinâmicas que tornem possível o protagonismo juvenil nas CEBs.

Outro desafio é a busca do “bem-viver e bem-conviver”, entendido como cuidado e respeito para com toda a criação, junto com a promoção da soberania alimentar e da economia solidária. Para conseguir isto, as CEBs entendem que é preciso assumir um estilo de vida mais austero, fomentando atitudes ecologicamente corretas, tanto em nível pessoal como coletivo, em aliança com organismos que trabalham na mesma direção. Além disso, as CEBs se sentem desafiadas a uma atenção especial também para as migrações e expulsões forçadas de diferentes comunidades, em toda a América Latina e no Caribe.

Para que tudo isto se torne realidade, foram levantadas propostas que podem ajudar, como a biblioteca virtual das CEBs, a escola virtual de formação ou as escolas de fé e política. Também se ressalta a importância da força do Papa Francisco neste momento eclesial; torna-se necessário aproveitar esse kairós, para dar a conhecer a vida e as experiências que as CEBs realizam, em muitos lugares do território latino-americano e caribenho.

Em nível mais amplo os corações já pulsam com forte vibração, na expectativa e na preparação do próximo Encontro Continental das CEBs, que será realizado no Paraguai, em setembro de 2016 e que terá como tema: “As CEBs no seguimento de Jesus de Nazaré fazendo memória dos 50 anos de caminho e abrindo com esperança novos horizontes”

São pequenos passos, mas que devem ajudar para que, por meio das CEBS, o Reino de Deus esteja sempre mais visível e exerça sua força transformadora na sociedade, pois uma “Igreja em saída” não se esquece que a fé e a vida precisam caminhar de mãos dadas. É esse tipo de Igreja que a 4ª linha Inspiradora nos convoca a ajudarmos a construir e dela participarmos intensamente. Oxalá saibamos aproveitar esse kairós que emerge com nova força em nosso meio.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Alzira Munhoz

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