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17 Maio 2016
Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Povos Indígenas

Sr. Presidente, agradeço pela oportunidade.

Meu nome é Elizeu Lopes sou Guarani Kaiowa de Mato Grosso do Sul do Estado Brasil. Venho em nome do meu povo, o segundo maior do Brasil.  E dizer que estou aqui hoje, com autorização judicial, meus companheiros e eu somos criminalizados pela luta por nossos territórios.

Venho do Tekoha Kurusu Amba na Fronteira com Paraguai, que neste ano fazendeiros nos atacaram e incendiaram várias de nossas casas e tenho viajado há vários espaços da ONU, seja aqui em Nova Iorque, seja em Genebra.

Quero por isso, dirigir um especial agradecimento a Relatora Especial, Sra. Vitória pela visita este ano ao Brasil e em especial a minha aldeia de kurusu Amba, onde ela pode ver e sentir a dor que passamos.

Como conselheiro da Grande Assembleia Aty Guasu venho denunciar, mais uma vez, a situação que nossos anciões Nhanderu, chamam de Grande Morte, Genocídio.

Muito triste que desde a minha última vinda aqui, mais uma liderança Kaiowá foi assassinada devido a nossa luta por nossos territórios tradicionais, seu nome é Simeão Vilharva, e até agora ninguém foi preso. A fazendeira anda à luz do dia, mostrando armas para nossos filhos, e nada foi feito. Nossas lideranças estão ameaçadas e desprotegidas. Sofrem intimidações por parte da Polícia e são criminalizadas em processos judiciais.

Os suicídios de nossos jovens que somam 730 nos últimos 14 anos é para nós um massacre, um extermínio disfarçado e negado pelas autoridades.

Por termos sido expulsos de nossos territórios e por isso sofrermos perseguição, ameaças, discriminação venho mais uma vez a este fórum pedir que cobre do Governo Brasileiro da demarcação de nossos territórios.

Como Membro titular do Conselho Nacional de Política Indigenista, quero dizer que apesar de criado e ter sido um avanço, o Conselho não seguiu a decisão tomada na primeira Conferência Nacional de Política Indigenista, de que este seja deliberativo e não apenas consultivo.

Como Membro do Conselho Continental da Nação Guarani, organização que reúne os Povos Guarani, presente na Bolívia, Paraguay, Argentina e Brasil. Quero dizer que a situação de violência é a mesma que no Brasil. Não temos direito de ir e vir e somos tratados como estrangeiros em nosso próprio território. Grandes empresas violam nossos direitos e os governos nacionais não cumprem com suas constituições a respeito da garantia e defesa de nossos direitos.

No Paraguay, fazendeiros brasileiros estão massacrando comunidades guarani, inclusive com queima de escolas e assassinatos. Na Argentina, o preconceito, a desassistência e na Bolívia a ação de grandes petrolíferas. Todas estas situações estão ligadas aos interesses sobre nossos territórios.  

Por isso, quero pedir a este Fórum um Estudo Sobre a situação do Povo Guarani no Continente, junto somos mais de 250 mil pessoas presente massivamente em 4 nações e familiarmente e tantos outros.

Não queremos mais que os sangues de nossas famílias reguem as plantações de soja, cana ou sirva para o gado. Não vamos desistir de nossos territórios! Por isso, quero dizer que nossa Grande Assembleia Aty Guasu, encaminhará denúncia formal a Comissão Interamericana em face do Brasil, por não cumprimento de nossos direitos constitucionais e pelo Etnocídio permanente em que vive meu povo.

O Estado do Brasil precisa ser forçado a cumprir com sua constituição, nos proteger e demarcar nossos territórios. E este fórum precisa nos ajudar, sob pena de mais sangue indígena ser derramado Guarani!

Os assassinos dos Povos indígenas, sempre terão suas mãos sujas com nosso sangue, não deixaremos que vivam impunes e saiam vitoriosos!

Obrigado Sr. Presidente.

Nova Iorque – 12 de Abril de 2016

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: cimi nacional

Comentários  

#1 Etelvina Valentini 19-05-2016 16:16
Sempre estive unida com esta cultura que clama justiça, respeito ao que pertençe e ainda a crueldade fala mais alto.
Serei uma das que luta em defesa deste povo que precisa garantir seus direitos e liberdad de expressão. Sou solidária. Deus será a saída.Etelvina

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