Iniciava a década de 1990. Desde algum tempo, o bispo de Cabinda solicitava irmãs para a missão naquela diocese. Mas não era fácil dar uma resposta positiva. A Congregação fazia a mesma pergunta dirigida a Isaías: “A quem enviaremos? Quem irá por nós?” (Is 6,8). Até que a paixão missionária aqueceu o coração de três irmãs: Vitalina Trentin, Esther Giacomet e Carmelita Zanella. Como o profeta, deram a sua resposta: Estamos aqui! Enviem-nos!
A preparação durou alguns meses e foi a melhor possível. No dia 18 de agosto de 1991, na sede geral, em Joinville, SC, realizou-se a celebração do envio. Estavam presentes cerca de 40 pessoas, entre irmãs de várias províncias e pessoas amigas. No dia 20 de agosto, em São Paulo, embarcaram com destino a Luanda.
A chegada a Angola foi uma festa, com a presença de todas as irmãs que lá estavam. Nos dias seguintes, tiveram oportunidade de conhecer um pouco a realidade local, enquanto buscavam a melhor maneira de viajar até Cabinda. Não foi nada fácil. Em um voo normal não conseguiriam levar toda a bagagem, necessária ao início da nova missão. Solicitar cortesia em avião de carga era perigoso, pois a guerra havia terminado, mas os conflitos internos continuavam.
Por dias seguidos, as irmãs foram ao aeroporto com a bagagem, e dele voltaram frustradas. “É o noviciado missionário”, disse compreensivamente um sacerdote, habituado à situação. Finalmente, no dia 15 de setembro, elas puderam embarcar para Cabinda, em companhia de Irmã Sebastiana de Oliveira. Lá chegando, hospedaram-se na casa de religiosas e, no dia 21, puderam se instalar na nova residência. Uma casa pobre, mas contendo o mínimo necessário para as acolher. Estavam felizes! (Síntese extraída da Crônica da Congregação, livro 8E, fls. 49v a 50v).
Antes de partir, Irmã Carmelita Zanella expressou em poesia os sentimentos que animavam as três irmãs:
“Queremos com simplicidade / Falar de nossa missão / Por que ir para Angola / Qual a motivação? / Não tem pobres no Brasil / Tem sentido esta opção?
Nosso espírito missionário / Vê nisso muito sentido / Cremos no Deus da vida / Que defende o oprimido / Em qualquer que seja o lugar / Por ele toma partido.
Sentimos profundamente / Este Deus nos convocando / Como congregação, como Igreja / Continua nos chamando / A dar de nossa pobreza / Onde o povo está clamando.
[...] Vamos ser testemunhas da esperança / Da alegria e da fidelidade / Vamos lutar pela vida / Pela paz, justiça e verdade / Vamos buscar construir / O mundo da liberdade.
Nestes 25 anos, várias outras irmãs responderam ao mesmo chamado e participaram da missão em Cabinda, enfrentando os desafios da realidade, mas também sentindo a alegria de colocar a serviço os dons recebidos. Muitas sementes foram espalhadas, muitos frutos já foram colhidos! Outras sementes ainda estão germinando e, a seu tempo, darão flores e frutos!
Hoje, toda a Congregação se alegra porque se sente participante dessa mesma história. Através das irmãs Maria Lunardi e Ana Pereira de Macedo, que se encontram em visita a Angola, faz chegar às Irmãs que estão agora em Cabinda e àquelas que lá exerceram sua missão por algum tempo, um caloroso agradecimento. Gratidão também às lideranças locais, aos grupos e comunidades, aos simpatizantes do carisma e às jovens vocacionadas, que somam com as irmãs, porque têm os mesmos sonhos geradores de vida.
Mas sabemos que os clamores missionários de Angola continuam intensos. Por isso, a pergunta feita a Isaías é renovada também hoje: “A quem enviaremos? Quem irá por nós? ” (Is 6,8).
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