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15 Abril 2017
PASCOA! Broto de Vida, Resistência e Esperança!

Nesse ano, ao celebrar a Quaresma, preparar a Páscoa, e no decorrer do ano todo, a Campanha da Fraternidade nos convida a escutarmos a profecia dos biomas brasileiros.. O tema da CF 2017 é "Fraternidade: Os Biomas Brasileiros e a Diversidade da Vida". O lema é: Cultivar e Guardar a Criação (Gn 2,1) O Conselho Indigenista Missionário escolheu como tema para a Semana dos Povos Indígenas de 16 a 22 de abril, “Povos Indígenas, Territórios e Biomas: Berços de Vida, Lutas e Esperança”. O tema vincula-se ao proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para a Campanha da Fraternidade deste.

No Brasil, existem seis biomas: Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Cerrado. Em todos há presença de povos indígenas, que acabam sendo impactados pelo processo de devastação e destruição  promovido  pela  ação  desenvolvimentista  do  Estado,  de  empresas  e  pela  ganância de fazendeiros, madeireiros, garimpeiros.

Vivem hoje no Brasil 305 povos indígenas, com uma  população de mais de 900 mil pessoas, que falam 274 línguas diferentes, distribuídos em todos os estados brasileiros (IBGE, 2010). Das 1.113 terras indígenas reconhecidas, em processo de reconhecimento pelo Estado brasileiro ou reivindicadas pelas comunidades, até dezembro de 2016, apenas 398, ou 35,75%, tinham seus processos administrativos finalizados, ou seja, haviam sido registradas pela União.

Um país de dimensões  continentais,  como  o  nosso,  que  dispõe  de  água  em  abundância  e  de  uma variedade tão significativa de biomas deveria ter,  como  preocupação  central  e  inegociável,  a  defesa da vida. Contudo, o Brasil tem sido tomado, sob um viés produtivista, unicamente pelo que dispõe de “recursos”, e desponta como paraíso para investimentos predatórios, tais como o monocultivo de grãos, a pecuária extensiva e a construção de megaestruturas que destroem os ecossistemas e que colocam em risco suas populações. São inúmeros os problemas gerados por um modelo exploratório, que vê converter tudo em mercadoria e subjuga os seres vivos aos imperativos de lucratividade e de concorrência do sistema capitalista.  Dentro dessa lógica, os povos indígenas e populações tradicionais são vistos como obstáculos e suas distintas maneiras de pensar e de viver são caracterizadas como ultrapassadas, anacrônicas, obsoletas.

Vivemos tempos difíceis, talvez os mais complexos da história do Brasil. Na política, vemos os efeitos da falta de ética escancarados nas páginas de jornal, nos programas de  televisão  e  na  internet.  São abundantes as notícias que mostram como tudo se converte em fonte de dinheiro, poder e privilégios. Na economia, se prima pelo lucro fácil e farto, independentemente do modo como se pretende obter, destruindo o meio ambiente, devastando as matas, matando os rios, lagos e toda a fauna e a flora. No âmbito do Poder Judiciário se percebe o afrouxamento das regras quando é para favorecer aqueles que exploram ou aqueles que agem com falta de ética e retidão na condução das políticas públicas.

Todos os anos o Conselho indigenista missionário nos convida para participarmos da semana dos povos indígenas. A Semana quer ser um espaço de debates e reflexões sobre a questão indígena no Brasil, bem como para discutir o inaceitável modelo de desenvolvimento econômico que prima pela exploração e destruição do meio ambiente, dos mananciais ecológicos, das águas, rios e mar. A Semana quer ser, também, espaço de denúncia do desrespeito aos direitos dos povos indígenas e das práticas de violência que contra eles são cotidianamente desencadeadas pela omissão ou conivência dos poderes públicos.  Trata-se de um momento de esperança, por isso convida as pessoas a estarem atentas e articuladas em torno do bem comum, da  justiça  e  da  solidariedade.  Há possibilidades de revertermos à realidade de desigualdades, de violências e de destruição. Precisamos refundar os espaços coletivos para partilhar as inquietações e discutir soluções.

O Papa Francisco, na Carta Encíclica Laudato Si, ressaltou  a  necessidade  de  desenvolvermos  novas  atitudes  em relação a todas as criaturas vivas e ao meio ambiente, pois a preocupação com a natureza e com a justiça são inseparáveis. Em diversas ocasiões ele tem ressaltado a importância das populações indígenas e tradicionais, as mais agredidas e desrespeitadas em todo o mundo. Todos podemos colaborar com a causa ambiental e indígena, colocando nossos dons, talentos, conhecimentos e capacidades a serviço da justiça. Uma verdadeira abordagem ecológica sempre nos convoca a uma abordagem sociopolítica, atenta aos que sofrem.  É preciso desenvolver uma sensibilidade ecológica, aliada a um espírito generoso,  para  assim  assumir  a  luta  em  defesa  da  vida  em  plenitude.  E essa luta se realiza em pequenas ações cotidianas, constituindo-se, assim, estilos de vida sustentáveis, alicerçados em sentimentos de respeito por todas as criaturas.  “Assim podemos falar duma fraternidade universal”, afirma a Carta Encíclica (228).

Finalizamos esta reflexão com palavras do Papa Francisco sobre a terra, nossa Casa Comum: Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso  dos  bens  que  Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.  Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos. Nada deste mundo nos é indiferente!”(Laudato Si, 2) (Semana dos povos indígenas Cimi 2017)

 Celebrar a Páscoa de Jesus não é apenas ritualizar o que ele viveu, mas sim reviver hoje o seu amor que dá uma vida nova a nós mesmos e a todo o universo. Assim, cuidar dos biomas será um modo de renovar nosso seguimento de Jesus no seu caminho pascal. Como discípulos/as de Jesus, trataremos de conhecer melhor os nossos biomas para cuidar com mais amor da rica diversidade de nosso país, relacionada com todo o planeta.

Ao celebrar o memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus, precisamos contemplar a Páscoa de Jesus atualizada no sofrimento dos povos indígenas, dos quilombolas, dos ribeirinhos, dos pescadores/as, das mulheres, do povo pobre que, hoje, enfrenta o aumento do desemprego, a deterioração das suas condições de vida e a negação dos seus direitos de cidadania. A paixão de Jesus também se expressa na agressão contínua e situação de riscos pela qual passam todos os biomas brasileiros. Podemos atualizar São João Crisóstomo, afirmando: "O Cristo Ressuscitado vem dar a cada um/uma de nós, a nossas comunidades eclesiais e a toda a criação (natureza) que nos rodeia, uma Vida Ressuscitada".

Feliz Páscoa! Feliz Tempo de Ressurreição! Com grande abraço da Coordenação geral

 Teresinha Tontini

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Org por Irmã Teresinha Tontini

Comentários  

#2 Etelvina Valentini 25-04-2017 13:15
Valeu esta reflexão. Precisamos ter outro olhar do Ressuscitado. Vamos rever a nossa vida e buscar caminhos e libertação.
#1 Marilete Rover 15-04-2017 22:32
Ok. Terezinha. Gostei da reflexão e questionamentos dirigidos a todos e todas nós.
Um abraço grande!!!.

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