A Rede Eclesial Pan-Amazônica Brasil realizou nos dias 16 e 17 de agosto de 2017 o encontro sobre ecoteologia à luz da encíclica do papa Francisco Laudato Sì na perspectiva amazônica.
Diante da destruição do Bioma Amazônico, da violação dos direitos dos povos com a invasão e tomada de seus territórios e a continua exploração dos recursos naturais a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), iluminada pela encíclica Laudato Si (LS) do papa Francisco, promoveu o encontro sobre ecoteologia. Viu-se provocada a refletir e buscar luzes a partir de uma ecologia integral que inspire e sustente as lutas cotidianas em defesa da vida e dos direitos dos povos amazônicos à luz de uma espiritualidade integral e comprometida com a vida em todos os âmbitos. A Rede iniciou o encontro com 45 participantes: lideranças e pesquisadores da Amazônia Legal, Brasília, Bahia e Rio Grande do Sul nas Pontificas Obras Missionárias (POM), em Brasília (DF). Representando a Diocese de Marabá-PA, participou Irmã Zélia Maria Batista.
Os/as teólogos/as, biblistas e demais assessores possibilitaram que os participantes fizessem a tessitura da Rede através da reflexão da Laudato Si à luz da Ecoteologia no Brasil. E assim foi sendo tramada a Rede com os saberes da academia, dos povos da Amazônia, de modo especial, das mulheres. Segundo Tea Frigerio “a Amazônia é um corpo, uma sexualidade, uma sensualidade, é corporeidade, dimensões fundantes de uma relação, tantas vezes manipulada, barateada, dominada”. As mulheres amazônicas ensinam a ser feminista.
Na história da Igreja da Amazônia a fé do povo é alimentada com o trabalho silencioso das religiosas consagradas e de muitas mulheres que coordenam as comunidades de base espalhadas pela região. Afirma ainda que ao fazer ecoteologia a partir da Amazônia existem dois projetos de desenvolvimento em contraposição: um quer explorar os recursos da natureza a partir do capital, outro de preservação e cuidado da casa comum. Pelo qual optamos? Assim acontece no âmbito eclesial ou optamos por uma igreja hierárquica, ou por um caminho de participação e circularidade.
A Rede inacabada provoca-nos a silenciar para escutar a Amazônia Profunda, numa atitude de total esvaziamento para embebedar-se da fonte da sabedoria ancestral, da mística e espiritualidade dos povos da floresta ao reescrever a história de resistência dos quilombolas, seringueiros, ribeirinhos e indígenas.
É tempo de “reconstruir o Brasil que está em ruínas” ao refazer as relações rompidas com o outro, com a criação, com o transcendente e resgatar a utopia do “Bem Viver”, da “Terra sem males”.
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