“A comunhão com Deus no seguimento de Jesus Cristo exige de nós permanente conversão. Por isso, nos empenhamos em buscar sempre e acima de tudo o ‘Espírito do Senhor e seu santo modo de operar” (CCGG, art. 44).
Em tempos de Pentecostes como é provocador recordar, ou seja, trazer para o coração, a experiência fundante que envolveu Francisco de Assis, em relação à presença do Espírito Santo em sua vida e na fraternidade dos irmãos. Clara de Assis e suas irmãs também experienciaram a liberdade do Espírito, agindo na contramão do sistema.
De modo especial nos reportamos à Regra Bulada cap. 10, que expressa uma dimensão peculiar da espiritualidade francisclariana: a denúncia de um modo de ser e agir da sociedade burguesa nascente: “soberba, vanglória, inveja, avareza, detração e murmuração, o saber dominador”... E propõe um modus operandi às avessas: “rezar sempre a Ele com o coração puro e ter humildade e paciência na perseguição e na enfermidade, e amar aqueles que nos perseguem, repreendem e censuram” (RB 10,8-11).
Oito séculos nos distanciam da fraternidade francisclariana das origens. Como o Espírito é dinâmico e opera de forma surpreendente, qual será, hoje, a sua novidade?
Este legado nós, Irmãs Catequistas Franciscanas, o trazemos escrito em nossa Forma de Vida: “A comunhão com Deus no seguimento de Jesus Cristo exige de nós permanente conversão. Por isso, nos empenhamos em buscar sempre e acima de tudo o ‘Espírito do Senhor e seu santo modo de operar’” (CCGG, art. 44).
Como Ele está agindo em cada irmã catequista franciscana na sua individualidade? E enquanto instituição, para onde o Espírito está nos levando?
A Congregação viveu e vive um constante Pentecostes, uma vez que o carisma é dinâmico, porque é um modo de operar do Espírito. O Espírito age em nós e através de nós, a partir de cada irmã, dos acontecimentos e dos diferentes cenários de mundo, que se delineiam de forma tão escandalosamente contraditórias às vezes, e tão surpreendente e maravilhosamente em outros momentos.
Então “o Espírito Santo e nós decidimos” (At 15,28), no XXIV Capítulo Geral (dez 2018), que faremos uma grande transformação: da estruturação em seis províncias, passaremos a uma organização única, a partir da missão. Isso requer ressignificar a consagração no seguimento de Jesus, desde a irmã de idade mais avançada até a mais jovem formanda, vocacionada e simpatizante do carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas.
Isso exige atualização do nosso itinerário formativo, para que tenhamos um suporte e possamos dar as razões da nossa fé e responder às exigências do mundo em movimento; para que saibamos ressignificar nossa pertença a um projeto comum; ressignificar nossa convivência numa irmandade/fraternidade; ressignificar nossa inserção em um determinado espaço geográfico; ressignificar nossa opção por áreas de diaconia que toquem as periferias existenciais nos colocando como “igreja em saída”; ressignificar o uso e a administração dos bens e do dinheiro, que superem a lógica do mercado, apontando para uma economia da partilha e solidariedade, como solicita o Papa Francisco; buscar uma organização que abrace a causa da justiça socioambiental. (Cf. Linhas Inspiradoras da Congregação 2019-2024).
Estamos abertas para acolher, com humildade e ousadia, este “santo modo de operar do Espírito”?
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