“Participar da missão no seguimento de Jesus Cristo que assumiu a
condição de servo,viveu pobre no meio de seu povo e anunciou com palavras e sinais o amor libertador de Deus” (CCGG 26).
Entender minha experiência missionária na “Casa Paz e Bem” no momento atual é, sobretudo refletir e viver o sentido de: “Participar da missão no seguimento de Jesus Cristo que assumiu a condição de servo, viveu pobre no meio de seu povo e anunciou com palavras e sinais o amor libertador de Deus”(CCGG 26). Neste espírito, ao iniciar minha missão nesta casa, foi e é preciso, a cada dia reassumir e viver este compromisso, sentindo-me “serva” e cultivar a capacidade de dizer com alegria interior, “sejam bem-vindas todas as coisas”.
O que é a “Casa Paz e Bem”? Como todas sabemos, é a nossa casa de encontros. Aqui, além das irmãs, acolhemos outras pessoas e grupos, para encontros que podem ocorrer durante a semana, mas especialmente encontros para casais que acontecem nos finais de semana a partir do jantar de sexta-feira à noite até a tarde do domingo. Portanto, a missão da acolhida demanda diversas atividades que ocupam quase todas as horas e minutos do dia e por vezes nos levam noite adentro.
Sentir-se em missão aqui, vive-la e acolhe-la com disposição, alegria, gratuidade..., exige constante atenção sobre si mesma, sobre as próprias motivações e sobre o sentido que se dá à vida, valorizando cada instante, cada detalhe, cada situação. Faz-se importante sobretudo, acolher cada pessoa em sua realidade, olhá-la com carinho, escutá-la com atenção e acompanha-la no que for necessário.
É preciso também purificar o conceito de “missão”, para podermos na gratuidade assumir cada momento como “dom e envio” de Deus. Sim! Era bem mais fácil e gratificante entender-me “em missão” quando estava no meio do povo, atuando na formação de catequistas, animadoras e animadores, participando de equipes, de grupos, movimentos, na certeza de estar vivendo a missão através da evangelização e da luta pela justiça...Muito fácil foi também entender-me como missionária no tempo vivido em Timor Leste que aliás, foi muito especial e do qual guardo muitas saudades.
Hoje me entendo em missão ao iniciar o dia aos pés do Mestre, na disposição de acolher Sua Presença nas diferentes situações, seja na preparação do ambiente, no cultivo da terra, no cuidado dos espaços, na cozinha, ou conversando com as pessoas.
Permitam-me partilhar, que apesar da dor por toda a injustiça cometida contra Lula, especialmente agora quando a verdade está vindo às claras através do The intercept, tenho a felicidade de viver momentos especiais aos domingos. No meio da tarde, dirijo-me ao espaço da Vigília Lula, e junto com um grupo preparamos a celebração inter-religiosa que acontece sempre das 18h às 19hs, quando solenemente damos o boa noite Lula. Esta celebração é momento de fortalecimento de fé e esperança para todas as pessoas presentes, especialmente para aqueles/as que desde o dia 07 de março de 2018, marcam presença naquele espaço em frente ao prédio da justiça Federal.
Do alto do prédio, em sua sala, Lula nos acompanha em oração. Em seus depoimentos e cartas à Vigília, ele agradece emocionado, pois diz que a reflexão da Palavra de Deus e a oração com o grupo o fortalecem e encorajam a permanecer firme na luta silenciosa e na disposição de dar a vida por um Brasil melhor, onde todo o povo, desde os mais pobres e humildes, tenham seus direitos respeitados, vida digna e felicidade. As pessoas que permanecem dioturnamente na vigília, esperam ansiosamente pelo momento de oração e reflexão da Palavra de Deus, pois necessitam muito da força de Deus para manter-se firmes em vigília.
Sou muito grata a Deus por todos os momentos que ele me concede viver e pela graça de experimentá-lo em todas as situações. Por isso a cada dia posso repetir: “Sê firme e corajosa. Não temas e não te apavores, porque Yahweh Teu Deus está contigo por onde quer que andes.”(Jos1,9).
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Gessy