“Vida em abundância”... (cf Jo 10,10)

Há alguns meses, o Senhor me conduziu a esta pastoral e por meio dela até a comunidade Nossa Senhora Estrela, para que, pelos conhecimentos e ações básicas de saúde, higiene, nutrição, educação e cidadania mais crianças tenham vida (cf Jo 10,10), assim como prescreve a missão da Pastoral da Criança.

Quem conheceu a pastoral nas décadas de 80 e 90 sabe o quanto esta fez em favor da vida de milhões de crianças, resgatando-as da desnutrição e, que, por mais contraditório que pareça, atualmente é desafiada pela obesidade infantil.

Porém, isto não significa que a desnutrição tenha sido erradicada e as ações voltam-se agora apenas ao combate deste desequilíbrio. A desnutrição ainda é alta entre nossas crianças. E acentua-se nessa região, marcada pela violência estrutural, desemprego, epidemias, descaso das autoridades para com as políticas públicas, como é prática em quase todo o Rio de Janeiro.

Os moradores das periferias são privados ou muito mal assistidos nos seus direitos básicos de segurança, saúde e educação, sem falar da aflição pela falta de água e meios de transporte péssimos e caros. Nesse contexto, nossa pastoral assume a missão de acompanhar, fazendo o que é possível, pois frequentemente nossas atividades são suspensas por falta de segurança. Sendo uma área controlada pelo tráfico, quando menos se espera há confrontos e quem mais sofre as conseqüências desta violência são as mães (gestantes) e crianças.

Esta inserção lenta tem sido, para mim, um caminho de aprendizagem, pois não julgo que faço alguma diferença, onde parece que há tudo para ser feito. Mas, de certa forma, o acompanhamento traz preocupações, que acabamos tendo pela vida e segurança das crianças. E esta empatia nos leva a compartilhar da satisfação e sorriso da adolescente gestante ao receber o folderzinho “Laços de Amor”, da festa e alegria das criancinhas ao verem o suco natural na Celebração da Vida, por exemplo.

Segundo Cleuza Helena Pereira, capacitadora do guia do líder e coordenadora da regional periferia, “atualmente a Pastoral da Criança não atende 5% das crianças pobres no município de Duque de Caxias. Essa falta de atendimento se deve á dificuldade de voluntários que queiram se tornar líderes. Diante disso é uma grande alegria que na Paróquia Santa Clara de Assis estão sendo capacitados seis novos líderes para abraçar este trabalho. Voluntários que irão abrir novas comunidades ou trabalhar nas que já existem. Destaco aqui a coragem e disponibilidade da Irmã Inês Zanin que, apesar de residir no centro do bairro, será líder na comunidade Nossa Senhora da Estrela, uma das mais carentes e de difícil acesso. Obrigada pela sua disponibilidade e dedicação!”.

Minha contribuição também é na assessoria bíblica na paróquia Santa Clara. Estou na equipe, que é composta por três leigas, frei Jorge e eu. Na diocese e região, este grupo é conhecido como CEBI Imbariê. Esta equipe planeja, organiza e assessora a semana bíblica que acontece todos os anos na última semana de agosto, bem como a gincana em anos alternados (um ano sim e outro não), no último domingo de setembro, com o tema do mês da bíblia. Os subsídios que usamos são todos populares, elaborados pelo CEBI e Centro Bíblico Verbo.Nossa equipe começa a se reunir e a estudar o conteúdo já no mês de março, para que possa proporcionar aos participantes, além de mais conhecimentos sobre a Palavra, também uma considerável vivência da Palavra.

Com os jovens é mais uma presença de apoio em suas iniciativas, como ajudar a preparar um lanche, vender rifas,  preparar algum tema para reflexão, quando solicitada; ajudá-los em alguma articulação política, artística, em seus projetos missionários; estimular a corresponsabilidade, o envolvimento. Enfim, estar aí para ouvir seus clamores que são tantos e estender a mão na medida do possível.