O que virá depois
da crise da COVID-19?
O 1º de Maio remete a 1886, quando cerca de 500 mil trabalhadores das fábricas em Chicago-USA, fizeram uma paralização para reivindicar melhores condições de trabalho. Naquele dia a repressão foi grande e, a mando dos poderosos a polícia feriu, prendeu e matou muitos operários. Vale lembrar que esta manifestação de 1886 está intrinsicamente ligada ao evento da Revolução Industrial (a partir de 1820). Era o capitalismo se impondo, fazendo crescer a opressão sobre o proletariado.
De lá até nossos dias, grandes lutas, conquistas e massacres marcam a trajetória dos trabalhadores e trabalhadoras num sistema capitalista sempre mais perverso.
E chegamos em 1º de maio de 2020 com um cenário assustador para nossa civilização: um vírus devastador assombra a humanidade – o COVID-19. Ele nos faz acender algumas luzes de alerta e ao mesmo tempo alimentar algumas utopias.
Aquilo que o sistema neoliberal colocava como realidade, era apenas os limites de uma política econômica imposta pelo sistema, e veio abaixo. A pandemia escancarou as profundas desigualdades entre as classes sociais e revela o racismo estrutural presente na sociedade.
No Brasil, a agenda neoliberal imposta principalmente a partir do Impeachment da presidenta Dilma Rousseff (2016), e levada adiante de forma desastrosa pelo atual presidente, principalmente na sua postura frente às orientações da Organização Mundial da Saúde faz com que a pandemia pode e aprofunde ainda mais a pobreza, e torna-se alimento e combustível para mais desigualdade e violência.
De outro lado, alguns defensores do neoliberalismo, que defende o Estado Mínimo, dobram-se, e admitem que é necessário ter políticas públicas de saúde, de educação, de saneamento básico, de geração de emprego e renda. Ou poderá ser o velho capitalismo, que se aproveita da crise para se recriar?
No Brasil o governo viu-se obrigado a promover políticas sociais, com o auxílio emergencial para pequenos comerciantes, trabalhadores informais, desempregados, trabalhadores que tiveram salários reduzidos, usuários de programas sociais, e os pobres. Mas muitas categorias estão à mercê.
Na pandemia o home Office (trabalho em casa) atingiu o sistema educacional. Estudantes, da creche ao ensino superior “frequentam” aulas online, permanecendo em casa.
Um grande desafio para os trabalhadores na educação, pois necessitam apropriar-se desta tecnologia. E os estudantes que não tem acesso à internet e ou ambiente familiar? E quando os pais retornarem ao trabalho? E aqueles pais que não conseguem acompanhar o nível de escolarização de seus filhos? E onde ficará o contato físico, a empatia, o afeto, a sociabilização? Atenção, esta modalidade veio pra ficar!
A sociedade como um todo, as relações de trabalho, a classe trabalhadora, nós não seremos os mesmos pós pandemia.
Então outra pergunta emerge: Onde está o Movimento Sindical (da cidade e do campo), os Movimentos Sociais, a Igreja, a Esquerda e o povo? Será que conseguiremos nos articular para o enfrentamento e propor alternativas ao modelo neoliberal depredador e excludente?
Nós, as mulheres e os homens de fé, continuaremos cultivando a visão apocalíptica de que um Novo Céu e uma Nova Terra estão por vir (cf. Ap 21, 1) a partir da compaixão, do cuidado com a Mãe Terra, da solidariedade e da articulação na base, para que o povo, em especial a classe trabalhadora seja a protagonista desta nova etapa da humanidade nesta grande Casa Comum.
Comentários
Qué respuestas difíciles! Hay que buscarlas.
Que la cuarentena nos ayude en la urgente revisión!
Casais jovens, preocupados que precisam trabalhar e onde deixar os filhos??
Deus nos ilumine. Que nossa esperança não fracasse.
Beijos.