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11 Setembro 2020
Mutirão Recupera Nascentes no Cerrado

A gente fica com mãos calejadas e dores musculares, mas satisfeitos com o trabalho gratuito, pela preservação da nossa Casa Comum, como nos convoca o Papa Francisco”.

Um grupo de pessoas voluntárias do município de Rondonópolis/MT, sensibilizadas pela preservação do cerrado e da água, há mais de 15 anos vem se preocupando com o cerrado e com o ribeirão Arareau que corta a cidade.

Os antigos moradores e as primeiras Irmãs Catequistas Franciscanas lembram com saudades de suas águas cristalinas, de onde tiravam água limpa para as utilidades domésticas, bem como iam lavar roupa em suas margens, enquanto as crianças tomavam um gostoso banho.

Estima-se que este ribeirão é alimentado por mais de 400 nascentes, maior parte na grande região do Bananal, apesar disso, está perdendo sempre mais o volume de suas águas, além de ficarem mais poluídas.

O Sr. Baltazar Ferreira de Melo, que desde sua infância foi amante da natureza, quando coordenador da CPT, veio conscientizando e motivando o povo para a preservação do meio ambiente.

Na última década a luta teve como foco a preservação do cerrado e suas nascentes. A semente lançada veio se expandindo pela liderança do apaixonado e incansável batalhador. A CPT Nacional estende esta prioridade ainda hoje a toda região Centro Oeste, pela importância do bioma do cerrado para o equilíbrio das chuvas e o abastecimento das águas em todo Brasil.

Hoje a cidade de Rondonópolis possui vários grupos apartidários engajados no cuidado do meio ambiente e que atuam em várias frentes, muitas vezes em parceria, dependendo do projeto que é assumido. Entre outros, podemos mencionar: Grupo Arareau, CPT, Amigos do Carisma Francisclariano, CICAF – PSTMJ, CEBs, Comunidade Rural do Bananal, Movimento dos Trabalhadores Rurais 13 de Outubro, JUVAM (Juizado Volante Ambiental), SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente), SEMMA (Secretaria Municipal de Meio Ambiente), Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio São Lourenço, UFR (Universidade Federal de Rondonópolis).

Ao longo dos anos esse grupo já recuperou mais de 30 nascentes em mutirão, movido pelas energias da gratuidade e do amor à ecologia.

No final da Romaria do Cerrado do ano 2019, o prefeito de Rondonópolis marcou presença e ouviu a reivindicação das lideranças quanto às questões ambientais. Ao final ofereceu-se para acolher as lideranças para uma reunião na prefeitura, onde foi apresentado um projeto concreto, para a preservação das nascentes. Nesta ocasião foi aprovado um Termo de Fomento para um projeto piloto para recuperar 100 nascentes. A verba seria empregada para a compra de alimentação para os participantes do mutirão, madeira, arame, manilhas, mudas de árvores. Alguns palanques e lascas de aroeiras foram doados pela SEMMA, fruto de uma apreensão de desmatamento ilegal, revertido para este projeto de grande alcance ambiental.

Objetivos:

- Avaliar, recuperar, cercar e preservar as nascentes do ribeirão Arareau, para voltar a ter água de qualidade e quantidade para manter a vida das pessoas, animais e plantas da região.

- Educar para o cuidado e preservação do meio ambiente: preservar a mata nativa, evitar queimadas, agrotóxicos, utilizar adubo orgânico, plantar sementes crioulas, preservar as nascentes, reflorestar com árvores frutíferas, etc.

- Firmar os pequenos agricultores familiares na terra.

Como se faz – Uma equipe técnica faz o levantamento, análise, catalogação e mapeamento para determinar a exata posição geográfica do imóvel rural, sua área e a localização das nascentes que posteriormente serão encaminhadas para cadastro na ANA (Agência Nacional das Águas).

Em reunião anterior da equipe de coordenação são definidos o dia e os locais para o mutirão; a negociação com o pequeno agricultor e distribuídas as responsabilidades para a obtenção dos objetivos do mutirão.

O último mutirão foi realizado no dia 29 de agosto de 2020, na comunidade do Bananal. Estando com as pessoas reunidas, iniciou-se o mutirão com uma mística sobre a ecologia, seguida de uma fala conscientizadora. A seguir, ofereceu-se um café reforçado e após, devido número de participantes, foi possível dividir as pessoas em três grupos para a recuperação de 06 nascentes em três propriedades. A comunidade faz parte do mutirão: as mulheres cozinham e os homens ajudam no trabalho braçal.

O trabalho foi realizado com muita animação e entreajuda, tanto na cozinha, quanto na recuperação das nascentes, incluindo limpeza da área, colocação dos palanques, lascas, esticamento da cerca, plantação de mudas de árvores, etc. O sol escaldante não arrefeceu o ânimo das pessoas.

Ao final, dois participantes disseram: “A gente fica com mãos calejadas e dores musculares, mas satisfeitos com o trabalho gratuito, pela preservação da nossa Casa Comum, como nos convoca o Papa Francisco”.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Almir Simão Araújo e Rinaldo Cardoso Meira

Comentários  

#2 Maria Fachini 13-09-2020 14:13
Só gente alimentada por uma espiritualidade profunda consegue fazer isso. Não importa o credo que se professa. Aqui o "credo" são as mãos calejadas, a pele talvez tostada, os músculos doloridos em ação pela vida! Parabéns, a vocês que têm ouvidos para escutar o grito da terra, e mãos para socorrê-la.
#1 Ana Lúcia Corbani 12-09-2020 12:17
Deus abençoe estes guardiães da natureza! De forma articulada conjugam espiritualidade , técnica e ação transformadora!

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