“Era tempo que eu estava aguardando essa reviravolta”

No dia 18 de setembro, fazemos memória da páscoa de Irmã Cléglia Ânesi, que aconteceu no ano de 1966, aos 38 anos de idade. Ao fazer memória de sua páscoa, recordamos e celebramos a intensidade com a qual viveu esses anos!

Cléglia, mulher de grande entusiasmo, dinâmica, comunicativa, enamorada pela causa do Reino, com um espírito de busca constante, esteve sempre a caminho! Mulher terna, convicta, decidida, fervorosa na oração. Sua vida foi marcada por uma entrega diária, vivida na inteireza de coração, na simplicidade e na alegria. Como discípula, ela via, ouvia e se aproximava da realidade do chão em que pisava. Sensível ao movimento do Espírito, esteve aberta às suas novidades.

Celebrar a memória de Cléglia, nesse ano em que vivemos um tempo ímpar na história da humanidade, em que somos convocadas a, mais do que nunca, escutar os clamores da terra e dos pobres, em que somos convidadas a reinventar caminhos no processo de reorganização da congregação, acende  luzes e nos traz provocações.

Diante do florescer vocacional na região Amazônica e na África, contemplamos Cléglia em sua dedicação amorosa, acolhedora, compreensiva, firme e terna na formação das juvenistas por longos anos. Foi uma autêntica mulher consagrada, fraterna, que cativava com seu jeito de ser e conviver. Assim irmã Clementina Fusinato recorda como compartilharam essa missão: “Amiga, companheira de caminhada na mesma casa, mesmo jardim, mesma tarefa: a formação de aspirantes, postulantes e noviças. Isso aconteceu em Rodeio, onde convivemos, sempre à procura de novas maneiras de educar nossas jovens”.

Diante dos apelos missionários vindos de Angola e da República Democrática do Congo, onde a força e a luz do nosso Carisma chegaram antes de nossos pés, contemplamos Cléglia que deixa tudo e lança-se ao encontro de uma cultura diferente e de uma nova missão. Ela escreveu sua reação ao ser consultada sobre essa nova missão: “Outra realidade que me alegra e me amedronta ao mesmo tempo é que, talvez, seja transferida para Maranhão, na cidade de Bacabal. Fui interrogada a respeito e eu respondi que, uma vez que prometi obediência não me negaria, apesar dos receios que me abatem”.

Nesse tempo de escuta do Espírito em nosso coração, na irmandade e na realidade atual, contemplamos Cléglia com sua grande abertura de coração, mente e vontade, o que a torna forte, mesmo diante de suas fragilidades. Algumas expressões suas que explicitam essa realidade: Vou para Bacabal para atender aos pedidos de auxílio que de lá vieram [...]. Despedi-me do Sul não às gargalhadas, mas feliz por me sentir capaz de fazer um pequeno ato de generosidade...”. Deus conhece minha pobreza mais do que eu mesma. Se me chamar... ajudar-me-á!... (...) ‘O espírito está pronto, mas a carne é fraca’ e teme”.

Embora tivesse sido surpreendida pelo convite que chegou por uma necessidade urgente, ela escreveu que “era tempo que eu estava aguardando essa reviravolta”. E se pôs a caminho, abraçando com todo seu ser o compromisso na nova realidade, viveu com paixão e alegria o seguimento de Jesus, fez-se aprendiz. Aprendeu sobretudo a amar o povo do Maranhão com sua história e realidade. Foi por esse povo, que deu sua vida!

Elevamos nosso louvor ao Deus da vida e da história pela vida-missão de Irmã Cléglia e pela vida-missão da Província que a tem como madroeira, na celebração dos 20 anos de caminhada!

Que o chamado que se fez caminho na vida de Cléglia continue a se fazer caminho na vida de cada irmã catequista franciscana, de cada simpatizante e de cada jovem que sonha em assumir esse projeto de vida! Que a Divina Ruah nos conduza e nos encha de coragem para superar as fronteiras e acolher com leveza suas novidades! Juntas/os, aguardemos as “reviravoltas” do Espírito!

PARABÉNS às irmãs da Província Cléglia Ânesi! Com nossas preces, as abraçamos e pedimos a intercessão de Irmã Cléglia sobre sua vida-missão!