O Espírito do Senhor age no silêncio.
Liduína foi pessoa simples e humilde, mas atenta, ligada a Deus, capaz de captar tudo o que vinha para o bem comum. A simplicidade encontrou nesta criatura terreno favorável, preenchendo a vida na entrega à vontade do Pai. É no silêncio da vida no dia a dia, envolvidas pela presença de Deus, através da criação, que os sentidos despertam. Por isso, Liduína, a mulher silenciosa! Acreditamos que assim tenha sido a vida da Irmã Liduína, pautada com as bênçãos de Deus para uma caminhada totalmente entregue a serviço do Reino.
A vida de Liduína, na sua infância e adolescência foi muito simples, sem muitas preocupações. Aprendeu a fazer longas caminhadas, respirando o ar puro das montanhas e da roça. Aprendeu as orações, as normas de conduta junto à família, que era muito religiosa. Foi uma Jovem ardorosa e exemplar. Era bonita, de olhos vivos e penetrantes, muito bem-humorada. Participava da Pia União das Filhas de Maria.
Entendia bastante de roça, capinas e roçagens, o que aumentava sua capacidade de compreender a alma do povo, e a levava a dar aulas, a presidir o culto, usando figuras que o povo compreendia.
Uma das realidades, gestos que a acompanhava era não ter medo das dificuldades. Julgamos não ter sido poucas! Viveu no dia a dia a pobreza no seu sentido profundo. Por isso mesmo, os pobres eram seus prediletos.
Liduína começou seu apostolado em São Virgílio, com Maria Avosani. Apresentadas ao povo, num domingo de janeiro, Frei policarpo, querendo garantir o trabalho por um ano na escola, lhes perguntou se elas estariam dispostas a ficar um ano. Maria, em nome das três, pois Amábile estava com elas, respondeu: “Um ano, não, padre. Nós queremos ficar para sempre.”
Aquele sim de Maria teria um sentido muito mais amplo do que o imaginado por elas. Diz a história que a “epístola” daquele domingo era de Rm 12,6-16; um programa de vida que Liduína viveu à risca.
Era mulher de coração sensível, aberto, extremamente prudente, dotada de grande simplicidade e profundo espírito de oração. Sabia dar sábios conselhos a quem a procurava. E eram muitos os que a buscavam nas horas de dificuldades e doenças.
Por seu jeito de tratar com o povo, por seu espírito jovem, por seu permanente sorriso nos lábios, era muito querida por todos. Sem ter lido muitos livros de pedagogia, fazia uma extraordinária ponte entre família e escola, entre família e religião.
Dava a vida pela catequese e educação, que era o grande apelo do momento histórico em que ela viveu e que soube encarnar de forma invejável.
Passou seus últimos anos em Rodeio. Foi lá que a conhecemos e admirávamos muito seu silêncio, sua vida de oração e sua resignação à vontade de Deus. Dedicava tempo à oração, à contemplação, à reza do terço, ao ofício divino e à convivência fraterna com as demais irmãs que compunham a fraternidade. Tinha uma oração especial em tempo de seca para pedir chuva. Quando fazia muito calor e faltava chuva era pedir que rezasse e imediatamente a chuva descia do céu. Era um verdadeiro anjo pacificador entre as famílias.
No final de sua vida, proporcionava horas alegres e ao mesmo tempo emocionantes, relatando fatos, acontecimentos do início da Congregação. Isto servia de estímulo às irmãs mais jovens. Das três primeiras, Liduína foi a que mais tempo viveu, chegando a participar do Jubileu de ouro da Congregação a nove de janeiro de 1966.
Quando Liduína deu o seu “Sim”, marcou a meta: Servir o Senhor como professora e catequista todos os dias de sua vida. Foi fazendo o caminho, passo a passo, pouco a pouco... O fazer estrada era uma das características de irmã Liduína. Podemos cantar, louvar e bendizer a Deus pela inestimável e valiosa contribuição de Liduína na caminhada da Congregação: “Eu bendirei ao Senhor, agora e sempre”!
Ao contemplar a vida de Liduína, a inspiração que nos vem, em primeiro lugar, é estarmos ligadas e atentas ao que o Senhor quer de nós: escutar, silenciar, discernir e avançar no caminho, hoje, atentas aos clamores de nosso tempo.
Que irmã Liduína interceda pela Congregação. Que nos inspire a prosseguirmos com simplicidade e disponibilidade e a avançar com confiança e alegria sendo resposta à Igreja e ao mundo, como testemunhas da misericórdia, da esperança e da vida.
Fontes:
Livro: Cinquentenário da Congregação
Livro: Liduína Venturi- Mulher do sorriso evangelizador de Irmã Augusta Neotti.