“Sobre a fidelidade, entendo que a família é um espaço de confiança, de proteção...”
“A fidelidade não é apenas não trair. Fidelidade é estar junto, comprometido com o outro em todos os momentos e situações”.
No segundo domingo do mês vocacional, somos convidados/as a refletir e rezar a vocação à vida familiar. Formar uma família é uma missão, é resposta a um chamado de Deus, que em Jesus nos salva e nos envia. Para nos ajudar nessa reflexão trazemos o testemunho de Maria da Conceição Gonçalves de Almeida e Valmir Faria de Almeida, casados há 28 anos. Pais de Maria Dandara de 27 anos, Maria Clara de 24 anos e Valmir Filho de 22 anos. No momento em que respondiam essas questões, aguardavam a chegada do caminhão com cestas básicas a serem distribuídas às famílias mais carentes. É então, o testemunho de um casal, que tem um olhar de cuidado para além de sua família de sangue. Acompanhemos:
Cicaf: Vocês sentem a vida familiar como uma vocação, ou seja, um chamado de Deus? Foi assim desde o início ou foi um processo?
Conceição: Penso que sim. Quando jovem, ao pensar em formar uma família, me preocupava em encontrar alguém que tivesse os mesmos valores e com a mesma fé. Conheci o Valmir na Igreja e isso contou na decisão. O que hoje me parece mais claro é que, sobretudo em relação aos filhos, faz-se necessário algumas renúncias. Não me arrependo de nada mas hoje tenho maior clareza das renúncias.
Valmir: Certamente tínhamos consciência de que formar uma família é uma missão. Mas o tempo fez crescer essa consciência.
Cicaf: Quais os maiores desafios e as maiores alegrias que vocês experimentam na vida em família?
Conceição: O grande desafio é se dá conta da responsabilidade de educar pessoas para o bem, para a solidariedade, a generosidade, nesse mundo de tantos contra valores. A grande alegria é a família reunida. Gostar de estarmos juntos.
Valmir: É desafio e alegria ao mesmo tempo acompanhar o crescimento dos filhos, como indivíduos, como cidadãos. Ver a família crescer com a chegada dos filhos foi uma grande alegria.
Cicaf: Neste ano de 2021, o mês vocacional nos convida a aprofundar o tema: Cristo nos salva e nos envia e o lema Quem escuta a minha palavra possui a vida eterna (cf.Jo 5,24).
Como esse tema pode ser vivido através da vocação à vida familiar?
Conceição: Me chamou mais atenção o lema. Relacionei com a obediência de Cristo ao Pai e a obediência que os filhos devem aos pais. Uma palavra com autoridade, que deve ser ouvida porque se conhece quem está falando. Os pais precisam ter essa autoridade diante dos filhos para assim cumprirem sua missão.
Valmir: Aprendi que a salvação é um dom de Deus. Independentemente do que uma pessoa faça, Deus pode salvá-la. Assim na família. Os pais vão orientar, mostrar caminhos e dar a liberdade. Os filhos fazem suas escolhas. Sempre digo aos meus filhos que os primeiros a sofrer com os erros deles, são eles mesmos. Vou estar junto, vou sofrer junto mas as consequências virão primeiro sobre eles.
Cicaf: Na Exortação Apostólica Pós Sinodal Christus Vivit, o papa Francisco destaca três palavras chaves vocacionais: Sonho, Serviço e Fidelidade.
Como vocês percebem essas palavras na vocação familiar?
Conceição: Na família o sonho de um, é o sonho do outro. Os sonhos relacionados à profissão, à vida afetiva... Que alegria quando alguém conclui o curso que escolheu fazer, quando alguém encontra o amor. Quanto ao serviço, as vezes é meio desafiante que os filhos se comprometam com as tarefas do cotidiano. É preciso sensibilizá-los. Sobre a fidelidade, entendo que a família é um espaço de confiança, de proteção, onde cada um pode contar com o outro, onde pode encontrar apoio.
Valmir: O sonho é um ideal a ser alimentado. O prazer de fazer parte daquele grupo, de ver os filhos crescidos e que aprenderam os valores que se procurou transmitir. Na família e em todo lugar é preciso sentir a responsabilidade de contribuir para o melhor. A fidelidade não é apenas não trair. Fidelidade é estar junto, comprometido com o outro em todos os momentos e situações.
Cicaf: Que mensagem vocês deixam para os jovens que pensam em constituir uma família?
Valmir: Deixo uma pergunta: O que você entende por família? Família não é só o que eu penso. A pessoa com quem quero constituir uma família, pensa o quê sobre família? É preciso alguma comunhão de ideias. Cada jovem deve se perguntar também sobre as estratégias para uma boa convivência. É preciso estar preparado para fazer concessões; respeitar a outra pessoa em qualquer circunstância. No conflito, perseverar no relacionamento.
Conceição: Algo que hoje em dia me escandaliza é jeito como alguns casais se tratam, como tratam os filhos, como são tratados por eles. Xingamentos, discussões em público... Falta o respeito ao outro. Podemos fazer diferente. O respeito é fundamental.
Com esse testemunho, rezamos por todas as famílias para que encontrem a alegria de amar, de dar e receber. Na próxima semana, refletiremos sobre a Vida Religiosa Consagrada. Aguardamos você.
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