“São Clara negras, são Clara brancas, são Claras índias.
São Clara hoje, com rosto de mulher latino-americana”.
Com imensa alegria, celebramos a festa de Clara de Assis, uma mulher cheia de vitalidade e esperança, que conseguiu espalhar seu ideal de vida, a muitas pessoas e lugares. Clara de Assis, ultrapassou fronteiras e se entregou a um projeto de vida pautado na pobreza, na sororidade e na autenticidade do evangelho. Clara, ao entrar em São Damião, sabia que tinha com ela somente a esperança e a promessa evangélica: “buscai em primeiro lugar o Reino e todas as coisas vos serão dadas de acréscimo” (Lc 12,31).
Na celebração do dia dedicado a Clara de Assis, não podemos deixar de lembrar os vários rostos, que ecoam a voz de Clara, “são Clara negras, são Clara brancas, são Claras índias. São Clara hoje, com rosto de mulher latino-americana”. Todas estas mulheres evocam a força, a resistência e a ternura de que é possível construir novas propostas de vida, pautada na liberdade, na fraternidade, na solidariedade e na igualdade. Toda a vida de Clara, na realidade, se apoia na esperança. Em São Damião havia muito pouco ou quase nada, confiava na providência de Deus e Nele confiava.
Vivemos um tempo ‘movediço’, sem muitas certezas e marcado profundamente por uma crise socioambiental, de valores éticos, onde a vida é pautada pela economia. Clara de Assis, foi uma mulher a frente de seu tempo, rompeu com o paradigma de uma sociedade que se pautava nas aparências e propõem um novo projeto de vida, de seguir o Cristo pobre e crucificado. Assume uma vida cheia de austeridade, despojamento e a partir daí, vive com a liberdade de uma vida entregue a Deus e a serviço da humanidade, através da continua doação e oração.
Clara, mulher terna, corajosa e transparente. Clara de ontem, Claras de hoje, que seguem o caminho do Cristo pobre, na defesa da vida, aonde todas as pessoas sejam incluídas e respeitadas. No projeto de vida que traçou, todas tinham voz e vez, nas decisões da sororidade. Dela aprendemos, para que a irmandade aconteça, é necessário que todos e todas possam viver na liberdade e na interpendência que acolhe o diferente, que cada ser carrega, com seus saberes e sabores.
Como Clara, hoje somos interpeladas a fazer o movimento de ‘saída’, deixar as seguranças que temos, enfrentar o desconhecido, viver encontros inesperados, sempre na confiança, na fé de que Deus nos mostrará o caminho. No processo de reorganização que vivemos, somos convidadas a dá um salto no vazio, acreditando que o Senhor, é o ‘principio’ e ‘fim’. Somos provocadas a não nos deixarmos ser embalados apenas pela rotina, pelo já conhecido de uma vida muito certinha. Precisamos retomar o nosso ponto de partida, como pessoa e como congregação. Precisamos ter a coragem de deixar que o Senhor nos mostre os seus caminhos e nos faça mulheres corajosas e decididas, que “em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da perseverança” (2CtIn).
Felicitações as irmãs da Província Santa Clara de Assis, que deixemo-nos inspirar pela sua vida missão.
Comentários
Clara como el sol iluminó muchos caminos.