“Aquela que se julgar com capacidade e tiver coragem de fazê-lo
que se sinta convocada por Deus e, em seu nome, se apresente.”
Celebrar Frei Polycarpo com o Pai das LUZES, é refletir seriamente sobre o LEGADO que ele nos deixou. É um ousado, corajoso, criativo e confiante homem em sua Escuta, em seu Olhar contemplativo e em sua Saída para a periferia da Humanidade.
A Primeira Guerra Mundial sacudiu o Mundo e seus reflexos chegaram, também, na cidade de Aquidabã /SC. Cerca de 33 milhões de pessoas perderam a Vida. Outras tantas migraram em busca de melhores condições de Vida....E o cenário de Aquidabã é a mistura de famílias vindas da Itália, Ilhas dos Açores, Alemanha, entre outros
Os problemas na Escola Paroquial de Aquidabã apresentaram-se: “como Graça e como nova oportunidade, de pessoas colocarem-se como Dom, a serviço do Reino de Deus”. “E o broto surgiu onde ninguém esperava, dando frutos abundantes ”.
Para Frei Polycarpo ajudado por Frei Modestino, brilharam NOVAS E ESTRANHAS LUZES = Mulheres lecionar fora da cidade; moças saírem da casa paterna e morarem em outras famílias, sem ser no casamento. E lança o convite ousado, inovador, diferente, mas, urgente e necessário.
E o grito foi dirigido ao grupo da Terceira Ordem de São Francisco e da Pia União das Filhas de Maria: “Aquela que se julgasse com capacidade de ser mestra e tivesse coragem de fazê-lo, levando em conta todas as circunstâncias que o fato comportava, que se sentisse por isto mesmo convocada por Deus e, em seu nome, se apresentasse”. Amábile Avosani, sentindo em si o chamado de Deus, foi a primeira a se apresentar ao pároco; Depois Maria, sua irmã caçula e Liduína Venturi.....
Dia 14 de janeiro de 1915, Frei Polycarpo colheu um grande fruto da sua ousada proposta. Ao chegar em São Vergílio, antes da missa, lhe veio a dúvida se as moças continuariam dando aulas e perguntou se elas prometiam ficar ao menos mais um ano. Foi então, que recebeu a resposta das três: Amábile, Maria e Liduína: “UM ANO, NÃO, PADRE, NÓS QUEREMOS FICAR SEMPRE!”. Aliviado, o padre exclamou: “Que bom, minhas filhas! Vocês me tiraram um grande peso do coração!”
Em seu discernimento, Frei Polycarpo também buscava ajuda em frei Modestino e na fraternidade, como também nas Irmãs Clemência e Ambrosina, da Divina Providência.
Imaginemos a alegria de frei Polycarpo, ao comunicar a Dom Joaquim Domingues de Oliveira, Bispo diocesano, em sua visita pastoral, a “Boa Nova” que acontecia em sua paróquia. Como resposta, temos o olhar carinhoso e repleto de atenção e sabedoria do bispo, que se autoriza a dar nome ao grupo: “As Professoras Terceiras, vivendo em certa comunidade, chamem-se Catequistas e, todas unidas, formem a Companhia das Catequistas”
Enfrentou tempos difíceis, em que via o grupo passando por grandes dificuldades, como a epidemia de febre tifoide, sendo o pequeno grupo fortemente atingido, além da grande dificuldade financeira, onde o grupo passava mesmo necessidades básicas. Apesar das “muitas dificuldades, venceram”, ajudadas por Frei Polycarpo e pela presença ativa da irmã Clemência.
Em 1916 completou-se o “tempo” de Frei Polycarpo como guardião do convento franciscano de Rodeio, e partiu para Santo Amaro da Imperatriz, perto de Florianópolis, de onde seria fácil acompanhar o grupo que deixara.
Frei Polycarpo amava a Catequese. Dedicava-se pessoalmente a este ministério, na sede da paróquia e nas comunidades, por ocasião da visita. Sua morte deu-se poucos meses antes que a Companhia por ele fundada completasse 25 anos, ocasião em que deveria estar entre as Catequistas e com elas celebrar o acontecimento.
Estamos em tempo de Pandemia. Trilhamos o caminho da escuta e do discernimento, envolvidas no processo de reorganização da Congregação. Continuamos com as reflexões, partilhas e vivências sobre a dimensão da Interculturalidade, terreno NOVO para nós, mas muito fofo e produtivo.
Ouvindo a proposta e conhecendo o legado que Frei Polycarpo nos deixou, este homem confiante na graça divina, corajoso, sábio, criativo, doado, repleto do espírito de Deus, incansável no trabalho pelo Reino, qual a nossa resposta, a nossa reação? Que Luzes ele nos traz neste tempo de travessia? Onde estão as Amábiles, as Marias e Liduínas, que se deixam interpelar pelos clamores de hoje ?
Frei Polycarpo nos colocou nas mãos e no coração o Carisma da Congregação, este Grande Dom de Deus. Peçamos a ele que nos ensine a partilhá-lo e nos ajude a bem completar a obra por ele iniciada.
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