“Vem, Espírito de novos começos, abençoa-nos! Ouvimos teu chamado. Permanece conosco na fronteira do conhecido e do desconhecido"! (Irmã Márian Ambrósio)

 Ao chegar o tempo da reorganização, estavam todas interligadas numa só busca. De repente, veio um barulho como um vento muito forte que encheu o ambiente missionário da congregação. E sentiram o que parecia línguas de fogo a queimar na mente e no coração de cada uma delas.

Todas ficaram cheias da Divina Ruah e começaram a falar noutra organização, cada uma conforme o Espírito as inspirava. Havia na congregação pessoas discípulas de Jesus do jeito de Clara e Francisco; vindas de várias culturas, idades, condições, profissões, línguas e opções de vida, mas todas/os apaixonadas/os pelo mesmo carisma.

Vendo como o carisma se espalhara e cada contexto estava ali representado, estavam atônitas e maravilhadas e se perguntavam:

- Acaso não somos poucas, muitas com idade avançada e que falávamos uma “língua” só?? Então, como agora estamos a ouvir congolesas, paraguaias, guatemaltecas, dominicanas, angolanas, peruanas, bolivianas, argentinas, chilenas; indígenas de várias etnias; vocacionadas e formandas; jovens e mais velhas; simpatizantes e candidatos a Irmãos Catequistas Franciscanos; habitantes das grandes cidades e aldeias distantes; gente que vai  a Roma, Assis, senta com o Papa num serviço às demais e gente que cuida, ampara anima, organiza, administra... em serviços internos e externos? Estamos a ver tanto quem trabalha na educação, paróquias, dioceses como quem está nas políticas públicas, CIMI, projetos sociais, saúde e outros. Gente que se encontra em lives, reuniões oline e gente que se encontra presencialmente; quem habitava no Sul foi para o Norte e quem habitava no Norte, Nordeste, veio para o Sul.  Nós as/os vimos, sentimos e ouvimos a manifestar as maravilhas de Deus na linguagem de nosso próprio carisma, sem diferenças de províncias!

Confusas, mas esperançosas, perguntavam: -"Que significa isto?

Alguns outros, todavia, zombavam e diziam: "Elas beberam interculturalidade e novas teologias demais e estão embriagadas".

Então, Liduína, discreta, mas decidida, levantou-se com Maria, Amábile e todas as que já estão com elas, e exclamou em alta voz:

- Mulheres e homens que falam a língua do Carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas, deixem-me explicar isto! Ouçam com atenção: Estas pessoas não estão embriagadas ou inventando moda, como alguns podem estar a pensar.

Ao contrário, isto é o que foi profetizado pela irmã Clemência: “Se não for de Deus acabará por si, mas, se for do Espírito, vai continuar!” Vai crescer, vai ter altos e baixos, mas vai prosseguir o seu caminho impregnado do Espírito das águas, das florestas, da irmandade universal em nossa Casa Comum. Irá se abrir aos novos tempos e aos novos movimentos da Divina Ruah. Virão novos costumes, novas maneiras de se organizar, novas compreensões e novas opções dentro do mesmo carisma. Deus continuará derramando seu Espírito com seus infinitos dons, infinitos tons!  Com este Amor contagiante, todas e todos, unidos/as na diversidade, continuarão ouvindo frei Policarpo a dizer “Sejam irmãs, irmãos, formandas, simpatizantes do povo” e continuarão se organizando de tal forma que, desde os mais diferentes contextos, ouvirão o profeta como nas nossas origens: “Os pequeninos pedem pão e não há quem o distribui” (Lm 4,4).

Ainda são nove horas da manhã! O que por ora parece embriaguez, até o próximo amanhecer será nada mais que nossa vida-missão. Tudo estará pacificado e iluminado pelo Espírito recriador que destrona o certo de tempos em tempos e da ventania ousada faz surgir línguas de fogo, que tudo purifica e renova! Por isso, o meu coração está alegre como está o coração de todas que comigo estão. Repousaremos em esperança, porque o carisma da Irmã Catequista não foi aprisionado, mas se move e se recria num movimento criativo, num constante Pentecostes!

(Parafraseando At 2, 1-13)