“Agora, eu me alegro de sofrer por vocês, e completo em minha carne o que falta nas tribulações de Cristo em favor do seu Corpo.” Cl 1,24
A Irmandade São Paulo Apóstolo de Dourados-MS, Missão Guarani-Kaiowa, acolheu com alegria a jovem postulante Jordania de Oliveira Azevedo, que durante o período de março a agosto de 2022 fez sua experiência missionária, sendo acompanhada pela Irmandade e Equipes do CIMI Regional /Dourados.
Para nós foi um momento privilegiado contar com a presença discreta, silenciosa e missionária da Postulante Jordania, juntas vivenciamos momentos celebrativos, orantes, formativos e provocativos permeados por uma profunda mística-missionária.
Acreditamos que foi uma aprendizagem mútua, construída pela acolhida da diversidade cultural, pelos saberes dos povos originários e pelo jeito de ser irmãs do povo, “vivendo como peregrinas, em simplicidade, alegria e coragem” (CCGG 29).
Dessa forma podemos afirmar que vivenciamos aqui a corresponsabilidade na formação da jovem postulante e com as palavras de Francisco concluímos: “depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou o que deveria fazer, mas o altíssimo mesmo me revelou que eu deveria viver segundo a forma do santo Evangelho”.
Para dar alma às nossas palavras e torná-las carne e corpo, segue o testemunho da nossa querida postulante Jordânia.
“Durante o caminho e diante da correria da vida, entramos no mundo da confusão dos sentimentos e no deserto espiritual que nos faz sentir exausta, sem sentido e perdida. E a experiência missionária em Dourados com o povo Guarani e Kaiowá, juntamente com as irmãs, foi para mim a chegada em um oásis. E foi nesse oásis que me reencontrei comigo, que reconquistei a calma, a serenidade e a confiança.
Aqui encontrei também com o Cristo através do povo Guarani e Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Esse Cristo que está sendo novamente perseguido desde o nascimento e sendo expulso de suas terras, sendo rejeitado, massacrado e morto. Mortos “Pela falta de humanismo da falta de piedade do coração de uma sociedade, do vibrar egoísta e personalista, desumana no exemplo do seu agir.” (Livro A falta de humanismo de uma sociedade).
Esses povos originários em sua simplicidade, espiritualidade, bondade, resistência, luta e pureza me ensinaram a ser mais humana e a me apegar ao essencial. Povos esses que acalmaram meus questionamentos, meus medos e minhas inseguranças.
Posso afirmar que no decorrer desses seis meses, perante tantos ataques e tentativa de extermínio dos guaranis e kaiowás tive o sentimento de impotência, tristeza, raiva, indignação, repulsa e compaixão.
Questionei-me sobre as trevas que existem dentro do ser humano e transparecem através de ações e posicionamentos bem como a capacidade de aflorar o lado mais perverso, frio e monstruoso.
Mas diante disso, trago no peito uma imensa gratidão ao Povo Guarani e Kaiowá que me acolheu, me encantou e me cativou com suas danças, seus cantos aos sons de seus maracás, suas taquaras, seus risos, suas rezas e principalmente sua resistência. Pude entrar em suas realidades, lutas, lágrimas e suas vidas. Eles me inspiram a ser resistente, ousada, corajosa, forte, humilde, sensível e ao mesmo tempo alegre. E juntamente ao povo Guarani Kaiowa firmo meus passos e compromisso de continuar a caminhada guiada e iluminada pelo Nhanderu (Deus: na língua Guarani-Kaiowa)
Também trago comigo o acolhimento, o cuidado e o carinho das irmãs Nilza Laurentino, Zélia Batista e Andréa Moratelli, que me acompanharam durante essa experiência missionária. Com elas me senti amada e abraçada, pois tive a oportunidade de experimentar e presenciar, seus sentimentos, suas dores e suas alegrias. Imensa gratidão!
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