Vida em primeiro lugar...!
Brasil:200 Anos de (in)dependência.
Para quem?
A história do Brasil é permeada de diversos fatores que impulsionaram o desejo de independência. A separação do Brasil de seu colonizador Portugal, representa um processo de revolução, onde o povo, em busca de sua liberdade, lutou por seus direitos de serem independentes. (FANNI, 2015). Dessa forma, o dia 7 de setembro é considerado um marco para a nação, visto a sua importância histórica e a ruptura que ele representa de um sistema antigo, de um povo sem voz nem vez. Desde então, muitas mudanças foram ocorrendo no campo cultural, econômico e político do país.
Sabe-se que tem muito a melhorar! Cabe ressaltar que os grandes centros urbanos estão permeados de pobreza, onde os indivíduos de menor poder aquisitivo ficam alocados à margem da sociedade. Esse processo é resultado da falta de oportunidades, que com o passar do tempo, provoca a marginalização desses indivíduos. Atualmente vive-se uma crise econômica, política e social, onde sofremos a ausência de valores éticos e morais. A histórica desigualdade social não foi superada, e ainda corremos o risco de vê-la ainda mais agravada pela desconstrução de políticas públicas, que resultam em perdas de direitos.
Percebe-se, que os dois anos de pandemia vividos pelo mundo, foram sentidos fortemente no setor econômico, de modo que, muitas famílias perderam entes queridos que faziam o provimento familiar. Estima-se que 33,1 milhões de pessoas foram vítimas dessa doença e 674 mil morreram em decorrência da COVID-19 no Brasil. Além disso, é notória a insatisfação geral com a situação atual, onde poucas são as oportunidades e os direitos, e muitos são os deveres.
A verdadeira reflexão que fica é: estamos lutando diariamente pela paz e fazendo nossa parte na construção da justiça em nosso país? Como abordar o tema da Independência no Brasil diante de tantos problemas enfrentados diariamente por muitos brasileiros e brasileiras, como desemprego, fome, pobreza, entre outras realidades? De que (In) dependência, estamos falando?
Com isso, vale lembrar que chegamos ao 28º Grito dos Excluídos e Excluídas. O Grito é um processo de construção coletiva que acontece durante todo o ano e culmina no dia 7 de setembro, para lutar por direitos. Nesse ano de 2022 o tema é: Vida em primeiro lugar e o lema: Brasil: 200 Anos de (in) dependência. Para quem? O mesmo, nos convoca para ações efetivas em defesa de todas as formas de vida que se encontra ameaçada. Aposta, com coragem e profetismo na organização popular que está dinamizada através de muitas lutas por dignidade e justiça, que se fazem a duras penas, em todo canto do Brasil.
Similarmente aos fatos que antecederam a Independência do Brasil, o povo mostra-se insatisfeito com a situação atual, indo às ruas para reivindicar seus direitos. Com isso, nota-se que o processo de independência do Brasil ainda está em curso em muitos aspectos. Somos um país jovem, com muitos pontos a serem avaliados e reestruturados, partindo do cuidado e responsabilidade de cada um e cada uma.
Desse modo, o processo eleitoral de 2022, contará com a participação da população, escolhendo a democracia, tendo a vida em primeiro lugar. Estamos na busca de um novo fôlego para continuar a labuta diária, projetando a cultura do Bem Viver para todos os povos!
Como diz Roberto Liebgott, (2022):
“Fome, de repente ouvimos de novo falar dela, está logo ali, do outro lado, entre irmãs e irmãos. Está logo ali consumindo vidas, tirando sonhos, liberdades, sufocando alegrias. Está logo ali, do outro lado dos muros, entre mulheres, homens, jovens e idosos, legiões de desesperados. Fome, justo agora quando tem o agro, que é pop, que é tudo, que é tão estimulado pela lucratividade. Fome agora, quando se discute urnas eletrônicas, democracia, eleições e golpes pelo poder. Fome que dói, faz delirar, sufoca, agride a dignidade humana, dilacera o futuro e mata. Fome, ei-la bem diante dos olhos dos abastados, das mesas fartas, das prateleiras e geladeiras abarrotadas. Fome onde a partilha foi desfeita por aqueles que acumulam gananciosamente. Fome onde as cercas paralisam os direitos, concentram os bens, e excluem a existência do outro. Fome porque a desumanidade prevalece, o egoísmo dá a direção e os poderosos fartam-se em seus tronos. Fome que deveria envergonhar, revoltar, indignar, mobilizar e mover os bem nutridos a combater os privilegiados. Fome, até quando? ”.
Que eu e você, que todos, todas nós, aproveitemos esse 7 de setembro para refletir sobre a importância da organização, ainda mais indispensável neste ano, em que o cenário político exige capacidade de diálogo e construção de saberes para compreender a realidade e assim transformá-la.
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