A missão define a igreja e nos define. É a razão de ser da igreja. É nossa razão de ser. Para isso fomos chamadas, conforme nos atesta Mc 3,14: “Chamou os que Ele quis, para que estivessem com Ele e para enviá-los a pregar”. O papa Francisco insiste numa igreja em saída, em movimento, como Jesus que veio “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Para realizar sua missão, segundo o testemunho da comunidade de Mateus, Ele “percorria todas as cidades e povoados; ensinava em suas sinagogas, proclamava a Boa Nova do Reino, e curava todas a doenças e enfermidades” (Mt 9,35). E ainda, chamou discípulos e discípulas y os enviou pelo mundo com a mesma missão: "Por onde andardes, anunciai que o Reino dos Céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios...!" (Mt 10,7-8a). Também nós, pela opção de vida que expressamos nas Constituições gerais, “somos enviadas, como mulheres, a colocar-nos a serviço da vida, para que as pessoas possam reconquistar a própria dignidade” (CCGG 37a).
Para Clara, a missão significa a identificação com o Senhor pelo martírio. No Processo de Canonização, duas testemunhas atestam seu desejo de partir em missão: “... e foi tão inflamada no amor de Deus que de bom grado teria suportado o martírio, em defesa da fé ou da santa Ordem. Tanto era assim que, antes de cair doente, desejou partir para Marrocos quando constou que alguns irmãos ali tinham sofrido o martírio...” (PC VII,2). Mas sabemos que sua missão foi dentro dos muros de São Damião: a missão do cuidado de suas irmãs, da oração e contemplação para identificar-se com Cristo pobre e crucificado, do zelo pela santidade da Igreja, do cuidado da vida ameaçada em tantas pessoas doentes que ela curou pela força da Santa Cruz.
Desde que o tocou a misericórdia do Senhor que o conduziu para o meio dos leprosos, Francisco sentiu em si a mesma inquietude expressa por São Paulo: “Ai de mim, se não pregar o evangelho” (1Cor 9,16). “... o bem-aventurado Francisco, percorrendo cidades e aldeias, começou a pregar por toda parte com mais amplitude a perfeição, não com palavras persuasivas de sabedoria humana, mas na doutrina e poder do Espírito Santo, anunciando com confiança o reino de Deus. Pois era pregador autêntico, confirmado pela autoridade apostólica, sem usar nenhuma adulação, rejeitando as palavras lisonjeiras, porque o que ensinava aos outros em palavras já tinha primeiro ensinado a si mesmo por obra, para poder falar a verdade com toda confiança. (LTC 54, 1-2).
Sua vida transcorria entre prolongados tempos de imersão na oração/contemplação e outros fecundos espaços de ardente pregação. “Durante dezoito anos completos, seu corpo não tivera quase nenhum descanso, pois tinha andado por várias e extensas regiões, lançando por toda parte as sementes da palavra de Deus com aquele espírito decidido, devoto e fervente que nele residia. Tinha enchido a terra inteira com o Evangelho de Cristo: num só dia chegava a passar por quatro ou cinco povoados, ou mesmo cidades, anunciando a todos o Reino de Deus, e edificando os ouvintes tanto pela palavra como pelo exemplo, pois toda a sua pessoa era uma língua que pregava. (1Cel 97,3-4).
Conforme o testemunha seu primeiro biógrafo, Francisco tem profunda convicção de que é Deus que o envia em missão: “Pois algum tempo depois empreendeu uma viagem a Marrocos, para pregar o Evangelho de Cristo ao Miramolim e a seus sequazes (1Cel 56, 1.4). Quando o príncipe perguntou por quem tinham sido mandados, para quê, e como tinham chegado, Francisco, o servo de Cristo respondeu de coração intrépido que não tinha sido enviado por um homem mas pelo Deus Altíssimo para mostrar a ele e a seu povo o caminho da salvação e para anunciar o Evangelho da verdade. (LM IX,8,5).
Que o testemunho de Francisco, de Clara, de tantos missionários e missionárias que se partiram como pão pela vida do povo, sigam nos inspirando e iluminando em nossa missão, onde estamos, onde nos colocou Deus para evangelizar com nossa vida e de quantas formas Ele nos permitir.
Comentários