Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar conformes a tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal!
(São Francisco de Assis)
Francisco nos ensinou a acolher a morte como irmã, pois é inevitável o seu abraço. Ora ela chega a nós, ora a quem amamos.
Neste dia em que celebramos o Dia de Finados, dia em que também reavivamos nossa esperança e fé na vida plena, rezamos pelas vidas daqueles que aqui encerraram sua caminhada e seguem seu caminho na luz de Deus.
Este dia nos convida a fazer memória, a percorrer o itinerário da saudade com o coração agradecido por termos um jardim florido e perfumado.
Que a dor do luto nos mova em direção a vida plena, que ela nos mostre o quão rápido e sagaz é o tempo, e que mais ainda ela nos inquiete a lutarmos por justiça, pois a muitos, a irmã morte chega de forma prematura, abrupta, causando em nós a indignação que acrescenta uma generosa medida a negação, fase latente do processo de luto.
Que essa dor seja combustível para gritarmos contra as inúmeras mortes que o nosso sistema gera: nas filas de hospitais e unidades de saúde, na ausência de políticas públicas para a nossa juventude, na educação que é desrespeitada a cada corte orçamentário, no meio ambiente que é descaracterizado como criação e cada vez mais explorado como moeda.
Ao morrer, Jesus deu um forte grito. Nesse grito, está o grito de protesto e indignação de todos os torturados e massacrados pelo sistema que oprime e mata.
Que esse grito encontre eco em nós para lutarmos contra todo tipo de abuso e desrespeito a vida. Que como seguidoras de Jesus, nos atrevamos a encontrar resposta onde Ele encontrou, para além da morte: na Ressureição. “Deus mesmo enxugará nossos olhos. Já não haverá morte, nem haverá aflição, nem pranto, nem dor” (PAGOLA, 2012).
O lema escolhido para o Processo de Reorganização que estamos vivenciando na congregação nos convoca a sermos “anunciadoras e semeadoras da esperança”. Que assumamos o esperançar como estilo de vida, e que esse caminho de doação, solidariedade e profecia nos inspire a acolhermos com serenidade a morte como nossa irmã, na certeza de termos nos doado sem medidas a serviço da vida, sobretudo a mais ameaçada.
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